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Herdeiras da Tradição: a torcida organizada feminina da Pain Gaming

Herdeiras da Tradição: a torcida organizada feminina da Pain Gaming
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Pensando em unir o amor pela paiN Gaming, a aproximação entre fãs e a vontade de cobrar a organização por mais representatividade feminina, nasceram as Herdeiras da Tradição

Ao longo dos últimos anos, vem perdendo força a falácia de que videogame não é coisa de menina, o que é ótimo, já que trabalhar com este mercado é o objetivo de várias mulheres. Aqui, no próprio MGG Brasil, já noticiamos dezenas de anúncios sobre times femininos e jogadoras em times mistos, a inclusão de mulheres em castings oficiais como os de League of Legends e projetos e campeonatos exclusivos para jogadoras.

Muitas dessas iniciativas surgiram com mulheres forçando sua participação no cenário de várias formas: desde cobrando repetidamente empresas que tinham poder de contratá-las, até criando projetos próprios - porque caso contrário poucos (ou ninguém) as ajudariam a entrar no meio.

É muito importante que projetos de comunidade e comerciais, verdadeiramente comprometidos com a causa, cresçam cada vez mais, abrindo caminhos novos e mais fáceis para futuras jogadoras, narradoras, comentaristas, técnicas, analistas etc. E vale lembrar que neste assunto devem ser levadas em conta interseccionalidades que envolvem racismo, gordofobia, homofobia, transfobia, entre outras, o que implica que mulheres pretas, amarelas e não brancas de forma geral, gordas, trans, entre outras também devem ser contratadas e respeitadas.

Neste Dia Internacional da Mulher, o MGG Brasil conta a história de mais um projeto feminino que surgiu da comunidade - e de uma que é bastante apaixonada: as Herdeiras da Tradição, torcida organizada feminina da paiN Gaming.

League of Legends

Se separadas já torcem, imagina juntas

Embora a comunidade feminina dos esports esteja cada vez mais unida, por diversos motivos às vezes ainda é difícil encontrar ou interagir com mulheres que gostem dos mesmos jogos, times, torneios etc. Foi pensando nisso que Júlia Lanna teve a ideia de criar uma torcida organizada feminina para seu time do coração: a paiN Gaming, uma das organizações de esports mais populares do Brasil, que foi fundada em 2010.

"Eu tinha essa ideia na cabeça já há um tempinho, mas nunca tive muito ânimo de colocar em prática. Eu torço pela paiN há muito tempo, mas comecei a engajar com o time nas redes sociais há pouco tempo. No últimos tempos comecei a puxar hashtag, interagir com eles, e aí percebi que havia muitas meninas torcendo, mas elas não se falavam. Então quis tentar conhecê-las melhor e veio a ideia de criar um grupo no WhatsApp, só para interagirmos, mas tudo saiu melhor que o esperado", contou Júlia.

De acordo com Thay, que também faz parte da organização do projeto, o grupo pode ser considerado um porto seguro e a uma nova fonte de amizades para outras torcedoras do time. "Quando vi o tweet da Júlia, fiquei com vergonha de entrar, mas tive a iniciativa de querer conhecer mais meninas que acompanham o mesmo que eu. Sabe quando você entrar [em um lugar] e já se sente muito acolhida? Começar a participar foi maravilhoso".

Segundo Júlia, atualmente cerca de 85 meninas fazem parte deste grupo no WhatsApp. Todas elas sugerem e opinam sobre novas ideias de ações e conteúdos, além de se dedicarem a funções como: social media e designer das páginas das Herdeiras da Tradição no Twitter e Instagram - redes nas quais elas já acumulam 1,1 mil e 200 seguidores, respectivamente.

"Estamos crescendo muito. Acho que nem eu esperava tanta gente, teve uma repercussão muito maior que a esperada. O que me surpreendeu também foi a faixa etária do grupo, porque muita gente pensa no público de esports como adolescentes, um público mais jovem, mas temos mulheres formadas, mães, estudantes fazendo TCC e meninas de 15 anos também. É muito variado e incrível trocar ideias e experiências, que são diferentes, mas que se encontram na mesma paixão: o esporte eletrônico e a paiN".

Juntas, as Herdeiras da Tradição torcem pelo time não só nas redes sociais, mas também no Discord, plataforma na qual assistem juntas aos jogos da organização, principalmente os do CBLOL. Para fazer parte da torcida, basta entrar em contato com o perfil oficial delas no Twitter.

Cobrar também faz parte de torcer

Ao longo de seus 12 anos de história, a paiN teve poucas presenças femininas em sua organização, como uma line-up feminina de CS:GO com diferentes jogadoras entre 2019 e 2020, a streamer Mônica "Riyuuka" Arruda, que foi contratada em julho de 2017 e finalizou sua parceria com o time em setembro de 2021, e atualmente o time conta com as influenciadoras Bárbara "babs" Emely e Thallyta "Thally" Rodrigues.

Esse histórico raso é uma realidade de vários outros times brasileiros, mas no que pode ser dito em relação à paiN, essa situação vai mudar se depender das Herdeiras.

"Hoje temos muitas mulheres incríveis e vê-las ocupando esse espaço dá um quentinho no coração. Sempre busco ao máximo acompanhar diversas streamers, casters, jogadoras e a gente espera ver isso em breve na paiN. Uma das metas do nosso projeto é: queremos que a paiN se insira no meio como um time muito forte na questão da representatividade", disse Júlia. "É maravilhoso ver que aos poucos a presença das mulheres cresce, mas estamos aqui para fazer parte de uma cobrança", completou Thay.

Nesta terça-feira (8), o perfil oficial da torcida publicou uma carta aberta para a paiN, pedindo pelo desenvolvimento das atuais influenciadoras da organização, por meio de "streams, conteúdos voltados para o competitivo, lifestyle e presença mais assídua em projetos e quadros formulados pelo time".

As Herdeiras também cobraram por mais representatividade não só feminina, mas também preta e LGBTQIAP+, e pela introdução de line-ups femininas de forma responsável na organização, "com estrutura e apoio total, visando resultado competitivo e desenvolvimento profissional".

A paiN respondeu ao tweet da carta, apoiando as Herdeiras e afirmando que tem "todo o tempo do mundo" para tornar sua organização mais inclusiva - o que não agradou algumas fãs do time, que foi defendido por babs, recebendo então o apoio de mais torcedoras, que afirmaram confiar na palavra da influenciadora.

A herança que as próprias herdeiras estão construindo

Embora elas sejam as Herdeiras, o que esta torcida organizada produz hoje é uma herança para as mulheres do cenário. Não só o projeto em si é incrível e deve servir de inspiração para torcedoras de outros times, mas também o conteúdo que essas fãs estão produzindo, com destaque para a realização de Espaços, recurso do Twitter que permite a criação de salas por chat de voz.

Até o momento, as Herdeiras já entrevistaram três mulheres: as próprias Thally e Babs, além da caster de Wild Rift Ravena. Dois desses Espaços já levaram elas aos Trending Topics, graças ao grande engajamento que o conteúdo teve na rede social.

"Queremos trazer streamers e mulheres de outras áreas também, tanto as reconhecidas quanto as menores", disse Júlia, que garantiu que os Espaços continuarão acontecendo.

Além disso, as Herdeiras também têm vontade de criar um uniforme especial, que possa identificá-las não só em fotos e vídeos nas redes sociais, mas também em torneios presenciais dos quais a paiN fizer parte. Outros projetos envolvem também conteúdos como o do Espaços na Twitch.

League of Legends

Nos textos abaixo, você encontra mais conteúdos sobre mulheres nos esports:

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Beatriz Coutinho
Bia  - Repórter

Garota mágica formada em jornalismo que ama a sensação de assistir campeonatos e escrever sobre as histórias dos fãs de esports.

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