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Tia Ma e Tia Mari: conheça as gêmeas torcedoras da Pain

Tia Ma e Tia Mari: conheça as gêmeas torcedoras da Pain
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"Nosso papel é ser o porta-voz tanto da organização para a torcida quanto da torcida para a organização"

Tia Ma e Tia Mari: conheça as gêmeas torcedoras da Pain

Geralmente damos início a matéria que dá continuidade à série de conteúdos especiais contando histórias sobre personalidades do cenário de esports com uma citação da pessoa. Contudo, desta vez o MGG Brasil trouxe a história de duas mulheres incríveis de uma vez só: Mariana Rodrigues e Marina Rodrigues. Você pode identifica-las pela internet - respectivamente - por Tia Mari e Tia Ma, as gêmeas torcedoras da paiN Gaming.

Ambas são formadas em Hotelaria e nasceram em Taubaté, interior de São Paulo. Torcem para a paiN desde 2015 e atualmente moram na capital do estado, o que as possibilitava, antes da pandemia da Covid-19, ir assistir aos jogos presenciais do time de esports.

Tia Mari, a Mariana, se descreve como alguém que gosta muito de lidar com outras pessoas: "Eu gosto de tratar as pessoas muito bem, fazer com que elas se sintam bem acolhidas. Acho que é o motivo de termos ficado muito próximas da torcida da paiN em si, porque principalmente nos jogos presenciais buscamos fazer com que todo mundo se sinta bem, se sinta parte da família no geral".

Tia Ma, a Marina, similarmente é alguém que gosta de agradar todo mundo: "Eu não sei lidar com as pessoas não gostando de mim. Por isso que decidimos tornar a torcida da paiN um espaço acolhedor, ficávamos com medo quando íamos para os eventos presenciais e tinha rixas de torcida, víamos torcedores da paiN sendo agressivos também e não gostávamos disso".

Mariana e Marina Rodrigues na final do 1º Split no Circuito Desafiante em 2019 — Foto: Leonardo Sang/BBL - League of Legends
Mariana e Marina Rodrigues na final do 1º Split no Circuito Desafiante em 2019 — Foto: Leonardo Sang/BBL

Gestão de hospitalidade e esports

Ao se apresentarem as gêmeas descreveram uma parte importante delas: a vontade de querer que todos ao seu redor se sintam bem. Isso se dá pela formação de ambas e por toda a vivência na torcida. Destrincharam suas experiências durante a Superliga ABCDE de 2019, que a paiN Gaming levou o título, e como implementaram toda sua hospitalidade.

"Na Superliga levamos lanchinho para todo mundo, combinamos com o pessoal, teve gente que levou chocolate e teve gente que levou refrigerante. Achamos que comer junto sempre faz todo mundo ficar muito mais próximo. Sou uma pessoa que gosta de fazer com que as pessoas se sintam próximas a mim, mesmo não conseguindo atender todo mundo meu objetivo é esse: ser próxima do pessoal e ser realmente todo mundo uma família", contou Tia Mari.

Tia Mari em cima e Tia Ma embaixo — Foto: Tia Mari e Tia Ma/Reprodução - League of Legends
Tia Mari em cima e Tia Ma embaixo — Foto: Tia Mari e Tia Ma/Reprodução

No início da entrevista, tentamos manter um acordo que cada uma responderia uma pergunta, mas elas compartilham uma cumplicidade e uma visão unificada impossível de ser separada, e assim, Tia Mari engatou dizendo: "Começamos a reformular a torcida por nossa própria conta, começamos a conversar com todo mundo e queríamos levar esse sentimento de que éramos uma família. No presencial todo mundo já se conhecia, com o tempo você vai reconhecendo todo mundo que está ali, já vai sabendo por nome, e isso é muito bonito porque todos têm um amor em comum, e isso uniu a todos e fez com que o amor pela paiN crescesse demais".

Conversamos um pouco sobre a graduação e a profissão delas - que como já dito, é a mesma - e se tinham vontade de atuar no cenário de esports, e, com uma completando as ideias da outra, se deu o seguinte diálogo:

Tia Mari

Somos formadas em Hotelaria, e como eu disse, nós gostamos de lidar com pessoas. Assim, descobrimos que tinha um curso que fazia com que transformássemos a experiência das pessoas em diversas áreas. É fazer com que o público se sinta bem recebido e volte.

Tia Ma

Fizemos um circuito turístico - uma rota - por São Paulo, que passava por centro de treinamento dos esports, por game houses e etc.

Tia Mari

Literalmente tudo metíamos esports e paiN Gaming no meio, tínhamos que criar um hotel e criamos um hotel gamer. Ficamos conhecidas no curso - pelos professores - como as loucas dos esports. Nós fizemos nosso TCC baseado nisso, conseguimos provar para nossa orientadora que esports e torcida tem tudo a ver com bem receber e bem acolher, com hospitalidade. Porque um torcedor, um torcedor fidelizado, é alguém que se identifica com uma marca, com uma organização, fidelizando ele através do acolhimento. É o que a paiN sempre fez com muita excelência, principalmente nas redes sociais.

Tia Ma

Sempre usamos muitos conceitos que aprendemos durante a faculdade em nossa vida, tem uma tríade que nós estudamos, que é a tríade da hospitalidade: dar, receber e retribuir.

Adaptamos isso para esports. Por exemplo, sempre que ganhávamos mais ingressos, chamávamos as pessoas do Twitter que mais interagiam conosco e com a paiN.

Eu acho que o nome hotelaria é um nome muito quadrado. Você faz a pessoa pensar diretamente em hotel, eu gosto de pensar que o nome do curso é “Gestão de Hospitalidade”. É nosso maior sonho trabalhar com os esports, só que é muito difícil fazer essa ponte. Nós só seremos contratadas por algum time se formos recepcionistas deles. Acho que precisa de um cargo novo que lida diretamente com a experiência da pessoa.

Quando você fala de hospitalidade você fala de acolher, de recepcionar, de facilitar, de tornar a experiência da pessoa melhor. Conseguimos fazer muito essa ponte porque pensamos muito na experiência dos torcedores, dos jogadores, da organização. É uma coisa que tivemos desde a faculdade: quando participávamos de eventos da Atlética, e eles não tinham o que comer, a Mari resolvia. Ninguém pensava na experiência que os jogadores teriam, e é uma coisa que agente da hospitalidade enxerga muito. A hospitalidade precisa ter em todo lugar. Mas nos esports ainda não olharam para isso.

Tia Mari

Gestão de pessoas é fazer com que as pessoas tenham a melhor experiência possível e voltem. E isso pode se aplicar em todos os setores, inclusive nos esports. Mas ainda é complicado.

Origem do nick que usam nas redes sociais

Mariana revelou que o "Tia" que precede Mari e Ma vem do hábito que ela e sua irmã tinham de jogar em família desde crianças, juntamente com o irmão e o primo. "Queriamos mostrar que todo mundo estava jogando junto e não sabíamos como" e assim, por conta do humor de "tiozão" que elas possuem e por constantemente serem as mais velhas no meio de jogos, decidiram se chamar de "Tias".

"Quando entramos no Lobby nós já perguntamos 'E as namoradinhas? É pavê ou pra comer?' É horrível", completou Marina, brincando.

Então, é engraçado, antes as duas eram “Ma”. Na nossa infância todo mundo respondia por “Ma”, aqui em casa inclusive ainda sou “Ma”. Mas teve uma época que acompanhávamos o cenário de Minecraft, nós sempre fomos fã do jogo, e no perguntas e respostas de um YouTuber nós estávamos mandando as perguntas com um tracinho para identificar, mas estava conflitando porque as duas eram “Ma”, assim ele não saberia quem era quem. Eu não queria abrir mão do "Ma", a Ma também não, mas faria mais sentido Mariana ser "Mari", então eu tive que mudar para "Mari" e ela ficou "Ma".
Tia Mari

Marina e Mariana

Durante toda a entrevista foi possível enxergar que ambas são extremamente parecidas em personalidade, não apenas em aparência, mas cada uma carrega suas singularidades.

Tia Mari começou descrevendo a Tia Ma: "A Ma é mais responsável. A Marina é a pessoa que quando estamos com problemas sério ela toma a responsabilidade e cuida de tudo. Quando há problemas, às vezes eu nem fico sabendo, mas ela tá lá resolvendo tudo".

Tia Ma, ou Marina Rodrigues — Foto: Tia Ma/Instagram - League of Legends
Tia Ma, ou Marina Rodrigues — Foto: Tia Ma/Instagram

Enquanto Tia Ma descreveu Tia Mari como uma sangue frio: "Nada abala ela. Se há alguma coisa pessoal como nossa mãe passando mal, eu choro, mas a Mariana fica lá e cuida dela sem se afetar".

Tia Mari, ou Mariana Rodrigues — Foto: Tia Mari/Instagram - League of Legends
Tia Mari, ou Mariana Rodrigues — Foto: Tia Mari/Instagram

Perguntamos se elas moram juntas, e sim, moram. Marina passa bastante tempo na casa do namorado, mas Tia Mari quis salientar - com muito humor - que está sozinha, solteira e desempregada (e deixando currículo para os dois casos).

Sério, ela ressaltou algumas vezes que está solteira e desempregada. Inclusive, aos interessados, segue currículo:

As gêmeas e a paiN Gaming

Quem já as conhece provavelmente é pelo grande envolvimento e amor pela paiN Gaming, seja como fixas na roda de conversa transmitida ao vivo Papo Painzete, por seus TikToks ou pela atuação das duas nas redes sociais em dia de jogo (e fora deles também). E claro, há aqueles que tiveram a sorte de esbarrar com as gêmeas nos jogos presenciais que o time disputou. As meninas realmente se esforçam muito para comparecer aos jogos, fazendo até algumas coisas loucas para ir em alguns (mas esta parte é segredo).

Ao falar sobre a organização de esports era bem visível o brilho nos olhos das irmãs e o entusiasmos ao falar, e assim, não pouparam histórias sobre vivências envolvendo a tradicional equipe.

O primeiro contato com o time foi pelo irmão mais velho delas, Victor, que já jogava League of Legends e torcia pela paiN. Tia Mari contou que elas zoavam bastante LoL até terem que substituir o irmão em uma partida: "Ele colocou a gente para jogar porque tinha um compromisso e estava no meio da partida, nós acabamos gostando e baixamos o LoL quando chegamos em casa. Começou a falar sobre o CBLOL, apresentando a paiN, mas não queríamos ir neste lado, não queríamos torcer para um time só porque nosso irmão mandou. Tanto que quando abrimos a tabela e vimos que a INTZ era rival, falamos que torcíamos só para contrariar.

Claro que não torcíamos de verdade, esperamos o CBLOL e aí vimos a paiN de 2015 e nos apaixonamos. Nos apaixonamos pelos jogadores, pelo modo de jogo deles, foi o que fez passarmos a torcer pela paiN".

Tia Ma contou um pouco sobre o primeiro evento presencial que tiveram a oportunidade de participar, e sobre o medo de se sentirem deslocadas e a emoção de ver um jogo presencial, algo que transformou toda a experiência das duas e a fizeram descobrir que esports era o que elas amavam:

Participamos de um sorteio em grupo no Facebook - e a Mariana sempre foi muito sortuda. Para participar tivemos que escrever uma comp para participar da Superliga, eu não ganhei, mas a Mariana ganhou. Eram ingressos para a pessoa e um acompanhante. No dia estávamos muito nervosas porque não conhecíamos ninguém, achávamos que seria muito estranho, que a torcida da paiN seria uma grandíssima panelinha. Mas chegamos lá e o pessoal era tão tranquilo. Temos uma gratidão tão grande pela paiN, porque permitiu que conhecêssemos pessoas que hoje em dia consideramos nossas melhores amigas. Eu fico muito feliz.
Tia Ma

Apesar de estarem frequentemente entrelaçadas com o nome paiN Gaming elas demonstraram um grande amor pelos esports em si e querem trabalhar nessa área. Perguntamos se já pensaram em trabalhar como streamers ou influenciadoras, mas relataram a dificuldade de ter uma infraestrutura para isso.

Considerando que tudo para elas deve ser em dobro e não possuem uma condição financeira que permita tão facilmente isso, as streams são inviáveis, cada uma possui um notebook que ganharam há seis anos e fazem streams para o Papo Painzete pelo celular.

Já sobre influenciadoras e produtoras de conteúdo, elas começaram a gravar vídeos para o Tik Tok mas não conseguem focar na produção de conteúdo como carreira no momento. Tia Mari também comentou sobre o fato de ser difícil por estarem em uma posição muito específica: "Nós já começamos atreladas a uma marca (a paiN), se fôssemos as “Gêmeas dos Esports” seria mais fácil".

Tia Ma deu a certeza que não desistiram: "Nós queremos trabalhar com esports e chegaremos lá um dia".

TikTok que viralizou no Twitter de Tia Mari

Superliga ABCDE e a paiN de 2019

É inegável o fato de que a paiN é um dos times mais tradicionais na cena de LoL, e que possui uma torcida fiel e gigante. Mas o time já passou por alguns momentos difíceis em sua trajetória, ou momentos que somente não estavam nos costumeiros holofotes.

League of Legends

Tia Mari destrinchou sobre como foi vivenciar a Superliga ABCDE e o Circuito Desafiante em 2019 como fã e torcedora: "Foi uma época muito difícil para nós, mas que precisávamos. Como torcida, nós tínhamos o ego muito lá em cima e foi uma experiência muito de proximidade com os jogadores. Nos aproximamos demais. A torcida passou a apoiar de verdade, parar um pouco com o hate desnecessário porque éramos bem tóxicos, né? A Superliga nos fez começar a respirar um pouquinho, pensar um pouquinho no próximo. Hoje em dia nós já estamos bem melhor do que éramos, não estamos perfeitos, mas é uma caminhada que o Circuito Desafiante fez com que fosse mais tranquila".

Quando questionadas sobre qual foi a melhor época para elas, disseram que foi justamente nesse período:

Tia Mari

Infelizmente eu preciso falar aqui que foi no Circuitão. Nós sabemos que foi uma época que não estava boa, porque caímos, mas fez com que nós nos aproximássemos mais deles. Fez a torcida ver os jogadores como pessoas e não máquinas que precisam ganhar. Foi um momento de conexão, nos conectamos com os jogadores e com os torcedores também; foi uma época que estavam todos na merda e quanto tá todo mundo na merda junto, todo mundo se abraça.

Tia Ma

É muito engraçado porque para o time estava ruim mas para nós estava ótimo, porque conseguíamos ir lá assistir eles, porque estava no Circuitão sabe?

Tia Mari

Por exemplo, a final do Circuito Desafiante não era paga, então mesmo quem não tinha condições financeiras conseguia ir. CBLOL não é assim, CBLOL não eram os jogos presenciais assim. Foi uma época que conhecemos até a Staff, e infelizmente nesta época de pandemia não vivemos essas coisas. Naquele tempo era bem mais real, sentíamos as coisas porque estávamos ali e não só vivendo por uma tela.

Papo Painzete e diálogo com a paiN

As gêmeas, como elas mesmas disseram durante a entrevista, são meninas que começaram torcendo do nada e hoje ocupam uma posição com bastante diálogo com o time. Por vezes a paiN disponibiliza determinada quantidade de uniformes para que Tia Ma e Tia Mari sorteiem para o público. Não apenas, fazem parte do Papo Painzete e já tiveram a chance de conversarem com figuras centrais da paiN, como o ex-jogador profissional Kami e o coach Dionrray.

Contaram um pouco para nós como foi o início do Papo Painzete:

Tia Ma

Eu e a Mariana, durante toda essa realidade da pandemia, estávamos pensando que queríamos um espaço para falarmos com a torcida. A nossa ideia era realmente uma mesa redonda, inicialmente pensamos em trazer torcedores de todas as organizações para conversar. Passamos a desenvolver o projeto e comentamos com o Painzete, ele disse que estava com a mesma ideia e decidimos unir. No primeiro Papo Painzete convidamos a Gio, que é a quarta integrante.

Tia Mari

Nos demos tão bem que não conseguíamos mais fazer o Papo Painzete sem a Gio. No início ela era só uma convidada, mas simplesmente bateu.

Tia Ma

E achamos maravilhoso que o projeto é majoritariamente feminino, com três mulheres e um homem.

No início pensamos em trazer todas as torcidas, mas achamos que seria um pouco inviável com medo do chat ser tóxico. Então voltamos o assunto para a paiN, conversando com as pessoas que nós já conhecíamos, e deu muito certo. As primeiras lives foram feitas após os jogos, comentando as partidas no CBLOL. Depois que conseguimos convidados, entrevistamos o Kami, o Dion, e achamos maravilhoso. O pessoal foi tão acolhedor conosco que não conseguimos pensar em parar, mas estamos passando por uma pausa.

O primeiro contato direto com a paiN veio após o Papo Painzete, foram chamadas para uma reunião com o foco em projetos que estavam por vir voltados para a torcida. E foi quando tiveram um maior contato com a assessoria da organização, porque estava difícil entrar em contato com os jogadores da paiN, mesmo do Academy.

Elas contaram algumas dificuldades que passaram com o Papo Painzete e com a influência que ambas possuem nas redes. "Se abríssemos uma transmissão ao vivo sem convidados acabamos sofrendo determinados ataques no Twitter, como alegações que estávamos tentando nos colocar em um pedestal", disse Tia Mari.

Tia Ma completou falando sobre determinados boatos que surgiam envolvendo as duas: "Falavam que a paiN nos pagava, ou que nós éramos compradas. Foram coisas que nos desestabilizaram, e eu sou muito sensível. Eu lia as coisas e chorava, a internet me afeta muito, tanto que hoje em dia eu tô um pouco mais afastada porque tudo isso ainda está em mim: pensar que as pessoas estão nos julgando. Sendo que nós sempre tentamos tratar todo mundo bem, por isso que fazemos o que fazemos. Mas tem gente que simplesmente não gosta de ver isso".

Revelaram que pensaram em terminar o projeto, mas que não teria como. Desta forma, estão passando por uma pequena pausa para pensar o futuro do Papo Painzete, conseguir reestruturar após todas as turbulências que passaram.

Tia Mari na esquerda e Tia Ma na direita — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal - League of Legends
Tia Mari na esquerda e Tia Ma na direita — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal

Apesar dos pesares, Tia Ma e Tia Mari possuem sentimentos extremamente fortes com a torcida e a organização. Veem a torcida como uma verdadeira família, que só aumenta. "Temos projetos lindos dentro da torcida, temos pessoas maravilhosas dentro da torcida. É uma experiência incrível que não vemos em outras torcidas, a torcida da paiN Gaming é uma torcida engajada, uma torcida apaixonada, uma torcida que ajuda todo mundo" comentou Mariana emocionada.

Eles me ajudaram demais quando eu tive um término há uns anos atrás, se não fosse por eles eu estaria no fundo do poço. É o que o brTT falou né: se seu irmão está caído você vai deixar ele lá morrendo? Não vai. É o que a torcida faz, é um apoio geral para todo mundo.
Tia Mari

Tia Ma vê a torcida como uma rede de apoio. Colocou a pauta da importância de um lugar saudável, seja para os jogadores ou para os fãs que os acompanham: "Eu acho que o nosso papel na torcida é isso, fazer com que a gente deixasse um pouco o lado tóxico. Porque sim: o torcedor pode cobrar, mas desde que seja com respeito. Nosso principal papel foi mostrar isso para a torcida. Uma coisa que nós nos orgulhamos muito é que começou a dar certo, as pessoas começaram a escutar o que estávamos falando, principalmente depois que começamos a fazer live no Papo Painzete. Era um papo mesmo, uma conversa de igual para igual com a torcida. Nós expomos nosso lado e a torcida expõe o lado dela. Conseguimos explicar que não é fácil você ser um jogador profissional que acabou de perder e ver um bando de gente te xingando".

Nosso papel é ser o porta-voz tanto da organização para a torcida quanto da torcida para a organização. A paiN fez esse caminho, eles nos chamaram e deixaram essa ponte aberta - disseram que se precisássemos falar algo da torcida eles estão abertos. Eles nos procuram para sorteio e coisas do tipo, inclusive.
Tia Ma

Inclusive, a fim de evitar qualquer tipo de confusão na torcida, as gêmeas contaram que lidam com muito cuidado o contato com qualquer jogador profissional:

Tia Ma

Temos muito medo das pessoas confundirem o que quermos. Nós ficamos com medo de nos aproximar porque temos pavor de ego de pro-player, de acharem que queremos dar em cima deles ou algo do tipo. A última coisa que queremos é que pensem isso, então mantemos um certo distanciamento. Logo, amizade assim não temos.

Tia Mari

Respeitamos muito eles e gostamos de os ver como profissionais. Gostaria muito de ter eles como meus amigos, mas não gostaria de correr o risco de me aproximar e as pessoas acabarem confundindo as coisas. Digamos que aconteça algo que mude minha percepção e então eu pare de admirar eles. Eu não gosto disso, não quero passar por isso. Gostaria muito de ter uma amizade com eles, mas é muito complicado. Podem achar que estamos querendo fama então preferimos ficar na nossa. As vezes conversamos na DM, mas é só isso.

Tia Ma

O Dion é a pessoa mais próxima que temos porque quando respondo stories dele ele me responde de volta, mas pra mim é uma relação profissional. Fora isso não rola.

Tia Mari

A relação profissional é a que mais dá certo e a mais segura.

Melhores experiências no mundo dos esports

No mundo dos esports desde 2015, as gêmeas já foram a aproximadamente seis jogos presenciais e diversos outros eventos. Assim, queríamos saber um pouco mais sobre quais foram as melhores experiências delas no mundo dos esports.

Tia Ma iniciou, contando sobre um evento vivenciado pelas duas antes da pandemia:

"Nós fomos chamadas para um evento da Piticas, a inauguração da parceria da Piticas com a paiN. Eles nos convidaram no Twitter e ficamos tão nervosas que nem sabíamos como nos vestir. Eu ia com um vestido comprido, como se fosse o próprio Prêmio eSports Brasil, e ainda bem que não fui. Pagamos até uma maquiadora, fomos super arrumadas. Chegamos lá e tinha um monte de gente, outros torcedores e outras organizações também. Foi muito mágico porque a Thaiga estava lá, tinha evento no palco, foi uma coisa super exclusiva."

Tia Mari e Tia Ma com Thaiga durante final do Circuito Desafiante — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal - League of Legends
Tia Mari e Tia Ma com Thaiga durante final do Circuito Desafiante — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal

"Usamos uma pulseira de convidado, porque éramos convidadas da paiN e eu me senti super VIP. A agenda dos jogadores era super apertada, e não estávamos conseguindo conversar com eles. Estávamos tristes e quase chorando por isso, e fomos pegar o elevador. Quem que estava no elevador? Simplesmente todo o time da paiN. Foi tão legal, uma experiência única pra mim. Tiramos fotos, conversamos. Penso que se não tivéssemos essa proximidade, que nós mesmo fizemos, isso não teria acontecido. Eu sou muito grata pela paiN porque foram coisas que salvaram meu ano, tem momentos que estamos muito fundo do poço e eles viam com uma simples DM e tiravam-nos do fundo do poço" continuou.

O time da paiN no elevador com as gêmeas da paiN — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal - League of Legends
O time da paiN no elevador com as gêmeas da paiN — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal

Já a experiência predileta de Tia Ma é algo que permanece acontecendo: "Sobre a minha experiência, foi depois que conseguimos passar a frequentar esses eventos. Uma coisa que ficou muito marcada em mim foram as pessoas vindo pedir ajuda, nos tornar referência para os torcedores. Muitas pessoas chegavam perguntando como conseguir ir e participar à esses eventos também, e muitas vezes conseguíamos fazer a pessoa ir porque a paiN deu convite a mais. A minha parte favorita foi ter me tornado um ponto de referência para outros torcedores e conseguir de alguma forma fazer com que eles realizassem os sonhos dele".

Tia Mari na esquerda e Tia Ma na direita — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal - League of Legends
Tia Mari na esquerda e Tia Ma na direita — Foto: Tia Ma/Acervo Pessoal

A irmã de Mariana ainda a dedurou: "A Tia Mari fica muito emocionada porque a paiN sempre que tem jogos grandes, dá uma certa quantidade de uniformes para sortearmos. E a Mari é a pessoa que mais fica tocada porque conseguimos dar uniforme para uma pessoa que não consegue comprar, eu acho muito bonitinho".

A visão de fã sobre a paiN 2021

Claro que não poderíamos entrevistar fãs tão árduas assim e não perguntar sobre a atuação da paiN Gaming durante o CBLOL de 2021. Tia Ma começou destrinchando sobre a execução do time de esports no primeiro split.

"Eu gosto quando começamos apanhando porque aí ganhamos. Isso é comprovado por mim. Eu lembro que quando estávamos jogando uma MD5 contra a LOUD, a paiN começou perdendo e passou a ganhar no momento que eu e a Mari entramos na piscina. Nós não saímos da piscina até terminar o quinto jogo - e já estava de noite - porque somos muito supersticiosas.

Eu achei a paiN muito bem estruturada, acho que os jogadores têm uma sintonia muito boa. Senti uma diferença enorme depois que a Luciana, a psicóloga, entrou no time. Era uma coisa que a torcida cobrava porque sabemos que a saúde emocional é muito importante e que afeta muito no jogo. E víamos os jogadores muito mais tranquilos, muito mais confiantes, e eu acho que isso ajudou muito a chegarmos onde chegamos. Não acho que tivemos uma atuação ruim, muito pelo contrário. Como torcedora eu estou muito satisfeita como foi, claro que eu queria que ganhássemos, mas estou satisfeita."

Tia Ma na piscina até a paiN ganhar de virada

Tia Mari falou um pouco sobre a semifinal do segundo split do CBLOL, onde a paiN perdeu para a Rensga em um placar de 3-2: "Acho que temos que ser sinceros e perceber que neste split sim, a Rensga jogou melhor e não merecíamos ganhar pela nossa atuação no jogo. Eu acredito que jogamos muito bem, tiveram alguns erros que não foram corrigidos, o que fez com que não fôssemos o melhor time para jogar a final. Não sei o que aconteceu, estamos achando que é uma época que o time atual da paiN não vai continuar, porém eu fico muito feliz porque percebemos que os jogadores desta line foram amigos, algo que impacta demais dentro do jogo. Foi um time de verdade, uma equipe, todo mundo junto e uma família. Mas houveram erros de execução que infelizmente não tínhamos como reverter, a Rensga soube aproveitar e deu no que deu. Claro que fico triste e queria ganhar. Mas a Rensga veio com uma narrativa incrível e fico feliz de perder para eles."

O que esperam para o próximo ano

Com a janela de transições abertas, há rumores de que da line-up atual apenas CarioK permaneça, desta forma, quisemos saber o que as meninas esperam com todas as mudanças que estão por vir. Tia Mari foi quem respondeu:

"Eu não queria que essa line se desfizesse. Eu acho que tá muito bom do jeito que tá, que era necessário só corrigir alguns erros. Mas entendo que são jogadores que estão visando a carreira deles, tem boatos do Robô e do Tinowns irem pra fora e eu torço muito por eles. Eu não acompanho o cenário internacional mas passaria a acompanhar por eles. Existem jogadores que já passaram pela paiN que não foram paiN, mas essa line foi do começo até o fim, paiN Gaming. Eu me emociono ao falar disso, mas eles jogaram pelo time, vestiram a camisa de verdade, vemos que eles gostam da torcida, da organização, que existe um grande respeito. Independente do que aconteça, se o Luci sair, se o brTT se aposentar, eles não vão sair mal vistos; amamos eles e sabemos que eles fizeram o melhor pela gente. Acompanharemos eles para onde eles forem, se vestirem a camisa de um rival nós torceremos pelo jogador (mas não pelo time). Nós todos estamos bem tristes com o fim desta line porque nós nos sentimos muito bem representados e fazia muito tempo que não nos sentíamos assim."

São cinco jogadores muito bons, com uma staff muito boa, então dói o coração a possibilidade de não termos mais eles aqui. Eu acredito que para onde eles forem, serão muito bem sucedidos, porque eles são atletas incríveis, profissionais incríveis, que merecem tudo de melhor. Seria injusto prendermos eles aqui sendo que eles podem voar.
Tia Mari
As gêmeas torcedoras da paiN — Foto: Tia Mari/Acervo pessoal - League of Legends
As gêmeas torcedoras da paiN — Foto: Tia Mari/Acervo pessoal

Para acompanhar Tia Mari e Tia Ma:

  • Twitter: @tiamarilol e @marinokalol
  • Instagram: @tiamarilol e @marinokalol
  • Papo Painzete: @papopainzete
  • Tik Tok: @gemeasdapain

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Lorena de Araújo  - Redatora

Você pode me encontrar por aí escrevendo sobre LoL e tentando arrumar um jeito de incluir cultura pop. Tenho imensuráveis horas em Stardew Valley e vontade de ser uma protagonista do Studio Ghibli.

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