Na última terça-feira (24), a League of Legends Championship Series (LCS), liga norte-americana de LoL, anunciou o programa Game Changers, que selecionará jogadoras de alto elo dos Estados Unidos e Canadá para passar por um treinamento com foco na inserção delas no cenário competitivo profissional.
"LCS Game Changers é um programa para apoiar mulheres que possuem um elo alto em League of Legends e trabalhar para que ela transicionem do cenário amador para as ligas profissionais. Entendemos que esse processo pode ser assustador quando feito de forma independente, e estamos animados em criar este evento que será um treinamento e também uma aferição para fornecer às mulheres mais caminhos para o cenário dos esportes eletrônicos", disse a Riot em um comunicado oficial.
Dez mulheres serão selecionadas para participar da primeira edição do programa. Ao longo de duas semanas, as jogadoras escolhidas serão treinadas por técnicos de times da LCS e auxiliadas por analistas, disputarão partidas contra outros times do cenário e receberão mentorias sobre a profissão pro player e saúde mental.
As dez jogadoras serão divididas em dois grupos e disputarão uma série melhor de cinco jogos (md5) ao final das duas semanas de treinamento, em 8 de outubro. Este período será importante para que as habilidades das jogadoras sejam vistas pelos profissionais da LCS e para que elas construam possíveis pontes profissionais para o futuro.
O cenário competitivo profissional de League of Legends organizado pela Riot Games existe desde, pelo menos, 2011, quando aconteceu o primeiro mundial do MOBA. Poucas vezes a comunidade viu mulheres disputado torneios diretamente organizados pela desenvolvedora, como as ligas regionais, o Mid-Season Invitational e o próprio Worlds.
Maria "Remilia" Creveling disputou a LCS em 2016 e a equipe Vaevicts, composta somente por mulheres, participou da League of Legends Continental League, liga regional da Rússia, em 2019 - embora a passagem do time pelo torneio tenha sido marcada por casos de toxicidade, machismo e sexismo.
Durante o MSI 2021, Diana "DSN" Nguyen, suporte substituta da Pentanet.GG, foi a primeira jogadora inscrita na história do campeonato.
Estas poucas aparições nos grandes torneios passam a impressão de que simplesmente não existem mulheres capazes de chegar longe no cenário profissional, o que não é verdade. O que poucos questionam é: elas recebem as mesmas oportunidades que os homens? Dentro e fora dos esports, a resposta é: não.
Especialmente em 2021, o cenário brasileiro de LoL viu o surgimento de jogadoras profissionais que receberam oportunidades sérias no competitivo - ainda que este seja um movimento lento.
Ao longo do ano, seis mulheres foram inscritas no Campeonato Brasileiro de League of Legends Academy (CBLOL Academy): Larissa "Lawi" Santos (Cruzeiro/Netshoes Miners), Tainá "Yatsu" dos Santos (INTZ), Elizabeth "Liz" Sousa (LOUD), Letícia "Miss" Porto (LOUD), Ariel "Ari" Lino (Netshoes Miners) e Gabriela "Harumi" Gonçalves - sendo esta última a primeira mulher a disputar um torneio oficial organizado pela Riot, em 202, durante o 2º split do Circuito Desafiante.
Todas elas disputaram ao menos duas partidas desde que foram contratadas por suas respectivas equipes. Lawi, Yatsu, Liz e Harumi, que estavam há mais tempo em seus times, disputaram ao menos 11 jogos.