League of Legends é um jogo em equipe no qual você depende de outros jogadores para que possa vencer uma partida. Entre as dificuldades para alcançar esse objetivo estão os trolls, as pessoas que ficam afk e também os ragers. Além disso, a falta de uma comunicação direta por voz dentro de jogo também é uma limitação muito comentada como um ponto que ajudaria a melhorar o desempenho das filas ranqueadas. Mas já imaginou uma partida sem todos esses problemas e ainda com a possibilidade de se comunicar diretamente com seus companheiros de equipe? Sim, é possível. Os chamados “inhouses” chegaram para solucionar grande parte dessas dificuldades e permitir que os jogadores de LoL se comuniquem via Discord.
O que significa “inhouse”?
Inhouse é um termo que vem do inglês que significa algo organizado internamente. Ou seja, no LoL, é uma prática de matchmaking feita pelos próprios jogadores, sem usar terceiros, como é feito usualmente no client do jogo. O inhouse é uma partida combinada entre dez jogadores em uma partida personalizada dentro do LoL. O objetivo é jogar em um nível superior ao das filas ranqueadas, se comunicando, sem cair no autofill, em um nível equilibrado entre os jogadores e sem toda a toxicidade das filas brasileiras. Falando de forma profissional, acredita-se que essa iniciativa é uma das chaves para que o nível competitivo brasileiro cresça ao longo do tempo. Isso porque todos ali estarão com um mesmo objetivo: aprender e evoluir.
No Brasil, a prática nunca havia sido tão popular como atualmente. Pode-se dizer que tudo começou com tentativas de Victor "Vitin" Ruiz - antigo Steal - hoje atirador da LOUD, de formular partidas personalizadas entre jogadores profissionais para que o nível dos jogos fosse maior que o da soloQ.
Buscando aperfeiçoar a ideia de reunir jogadores bem ranqueados das filas do Lol em partidas de alto nível, Felipe “Pit” Passos e Pedro Fracassi em conjunto de Luan "Jockster" Cardoso, da FURIA, criaram um servidor de Discord para os jogadores do CBLOL - hoje chamado de Inhouse Pro - capaz de automatizar todo o processo. O sistema utilizado no servidor foi descoberto por Pit, que por atuar na região Europeia de LoL viu o bot e decidiu trazê-lo para o cenário brasileiro.
O que é o Inhouse Pro?
“Ele (Pit) sabia que eu mexia com essas coisas de programação e me chamou para que eu pudesse ensiná-lo a colocar o bot no servidor para que ele funcionasse. Dei instruções meio soltas e continuei meu dia. Ele voltou, falou que não estava conseguindo e eu tirei um tempo para ajudá-lo a colocar para jogo”, explica Fracassi sobre o início do projeto.
No início, Pedro conta que o Inhouse abrangia apenas os jogadores do tier 3 de LoL, uma divisão inferior ao CBLOL Academy, que concentra grande parte do cenário amador do país no qual jovens talentos são formados para brilharem nas divisões mais altas. O processo é simples: o jogador entra no servidor, digita um comando no canal com o seu nome e rota e então o bot faz o pareamento dos outros jogadores que estiverem na fila com base em suas posições. Após isso, dez jogadores são selecionados e entram em uma sala de espera, na qual precisam confirmar que estão disponíveis para o início da partida.
O salto de popularidade do servidor aconteceu quando Jockster, hoje suporte da FURIA, se interessou pelo projeto e procurou a dupla de desenvolvedores para entender melhor do que se tratava. “Ele perguntou se conseguíamos fazer algo parecido para a galera do CBLOL e imediatamente dissemos que sim”, revela Fracassi.
A partir daí, foi criado um novo servidor denominado Inhouse CBLOL, e eventualmente, InHouse Pro, para evitar problemas com a Riot Games por conta dos direitos de nome do campeonato. O projeto explodiu de maneira rápida e de repente já era um dos assuntos mais comentados e procurados pelo cenário de LoL, principalmente no Twitter. Com surgimento no final de 2020, o InHouse ficou conhecido como Super Servidor Brasileiro, em alusão ao servidor recheado de jogadores profissionais na China, onde aconteceu o campeonato mundial do mesmo ano.
A parceria com a Riot Games
Nesta semana, Pedro anunciou em suas redes sociais que o InHouse agora é parceiro da Riot Games e que mudanças acontecerão dentro do projeto. Em entrevista ao MGG Brasil, o programador reiterou que o apoio da desenvolvedora é uma “colaboração mútua” e o projeto continua sendo gerido e administrado pela dupla de maneira integral.
“O Pit conhecia o analista da FURIA, Kira, e ele estava interessado em levar isso para a organização. Já tínhamos conversado com alguns times que queriam comprar o InHouse e não rolou porque nossa visão era a mesma”, revela Fracassi, que complementa falando sobre a primeira reunião que tiveram com o CEO da FURIA, Jaime Padua. “Eu saí com um sorriso enorme no rosto porque percebi que a visão deles era a mesma que a nossa. Eles [A FURIA] não queria pegar o InHouse para eles e pronto, eles queriam nos ajudar para que o projeto fosse ainda mais de todo mundo e de todos os times. O Jaime dizia que não queria que a FURIA ganhasse o CBLOL, e sim que o Brasil ganhasse um campeonato mundial e isso foi o que nos conquistou, porque era o que queríamos desde o começo. A evolução do cenário.”
Depois da reunião, o CEO auxiliou a dupla a montar uma apresentação para a Riot Games, a qual ele mesmo defendeu em uma das reuniões que teve com a desenvolvedora. O projeto foi aceito e muito bem visto pela empresa - e aí foi selada a parceria. O aporte inicial no projeto é financeiro, tecnológico e também conta com muito apoio para a criação de novas coisas que evoluam cada vez mais o projeto.
“Por enquanto não temos nada combinado para fazer com a Riot, só estamos com o apoio deles. Agora temos essa porta aberta junto a eles, para conversar, propor coisas e evoluir cada vez mais o cenário”, finaliza Fracassi.