A Riot Games anunciou na última segunda-feira (27) que concordou em encerrar um processo de ação coletiva por discriminação de gênero ao pagar US$ 100 milhões para mais de 2 mil mulheres funcionárias e ex-funcionárias da desenvolvedora de League of Legends, Valorant e outros jogos.
Conforme reportou o The Washington Post, US$ 80 milhões serão destinados aos membros da ação judicial, enquanto os US$ 20 milhões restantes serão usados para pagar os advogados e despesas legais em decorrência de todo o processo, que corria na justiça desde 2018. Além disso, funcionárias que estão ou estiveram por mais tempo com a Riot Games terão direito a parcelas maiores de ressarcimento em relação a contratadas com menos tempo na empresa.
O caso foi investigado pelas agências estaduais da Califórnia, nos Estados Unidos, e foi movido inicialmente pelas ex-funcionárias Melanie McCracken e Jess Negrón, alegando discriminação de gênero, assédio sexual e má conduta no ambiente de trabalho. Na época, o site Kotaku publicou uma reportagem detalhando como era a cultura de trabalho na Riot Games, destacando especialmente comportamentos nocivos para com mulheres.
Desde o início da ação judicial a Riot Games anunciou publicamente que colocaria em ação planos para rever o ambiente de trabalho e também como resultado deste processo a empresa concordou em implementar reformas internas que incluem maior transparência quanto a diferenças salariais no processo de contratação e a obrigação de incluir uma mulher ou um membro de uma comunidade minoritária no processo de contratação de novos funcionários, sejam eles fixos ou temporários.
Ainda segundo o The Washington Post, todas as atuais e ex-funcionárias da Riot Games que sejam mulheres ou que se identificam como mulheres, no estado da Califórnia, nos EUA, contratadas a partir de novembro de 2014, são elegíveis para receber uma parcela do dinheiro do processo, o que representa pelo menos 2,3 mil funcionárias.
“Este é um excelente dia para as mulheres da Riot Games - e para todas as mulheres que trabalham em empresas de videogame e tecnologia - que merecem um ambiente de trabalho livre de assédio e discriminação”, declarou Genie Harrison, um dos advogados da ação coletiva. “Nós agradecemos a introspecção da Riot e seu esforço desde 2018 para transformar a empresa em um ambiente mais diverso e inclusivo”.
Assédio sexual e cultura sexista nos games
Além deste processo movido contra a Riot desde 2018, um dos CEOs da empresa foi acusado de discriminação de gênero e assédio sexual em 2021, mas a desenvolvedora diz que conduziu uma extensa investigação envolvendo agências externas e concluiu que não houve nada de errado envolvendo Nicolo Laurent.
Ainda no mercado internacional, a Activision Blizzard também está sendo processada pelo estado da Califórnia por assédio sexual e cultura sexista na empresa. O caso vem tendo repercussões desde julho deste ano, com a mudança de nome de um personagem de Overwatch que fazia referência a um desenvolvedor do estúdio acusado na ação judicial e a saída de funcionários de alto escalão em meio aos escândalos.
Outra empresa que está atualmente envolvida em processos é a Ubisoft. Funcionários e ex-funcionários vêm vindo à tona com casos de assédio e má conduta no ambiente de trabalho da empresa desde 2020.
No âmbito do Brasil, em meados de agosto de 2021 a Riot Games afastou o caster de Valorant Nícolas "Nicolino" Emerenciano das transmissões após ele ser acusado de assédio sexual. A empresa chegou a anunciar seu retorno após julgar que "não houve violação das políticas da empresa", mas a represália da comunidade e novos relatos fizeram a desenvolvedora rever a decisão, mesmo supostamente tendo ouvido uma das vítimas de assédio antes do primeiro anúncio.
Além disso, no início de 2021 uma onda de exposeds envolvendo pro players e influenciadores do cenário de esports veio à tona.