O meta da selva em League of Legends é provavelmente o que mais muda ao longo dos anos, afinal, a cada nova temporada a Riot Games aplica mudanças significativas nas mecânicas que envolvem os monstros neutros, às vezes até no meio das seasons tudo vira de cabeça para baixo e o caçador deve basicamente aprender a jogar tudo de novo. Uma das adições da jungle que mais impactaram o LoL é, sem dúvidas, o Aronguejo - mas você sabe realmente a importância dele para os junglers e por que, como jogador de rota, você deve jogar em torno desse objetivo?
Antes de entrarmos em detalhes que fazem do Aronguejo um objetivo tão importante no LoL de hoje, precisamos entender como ele chegou até aqui. O Aronguejo foi introduzido no game em novembro de 2014, no infame patch 4.20, que contou com o lançamento de Kalista e gerou a famosa build Weedwick, que era Warwick pré-rework com o item Labareda Selvagem, que quebrou o meta. Sim, o Aronga é bem antigo.
Naquela época o Aronguejo era um objetivo quase insignificante em comparação ao que é hoje. Ele tinha menos vida, concedia quase nada de experiência... era somente um monstro neutro extra para abater e se você o deixasse de lado não estaria perdendo muita coisa. Para ter uma ideia de quão alheio o Aronga estava, saiba que desde sua implementação na temporada quatro a primeira mudança de balanceamento que ele sofreu só aconteceu três anos depois, na temporada sete, com o patch 7.22, no qual o tempo de surgimento inicial diminuiu de 2:25 para 2:15. Neste meio do caminho ele só recebeu correções de bugs ínfimos.
A Riot percebeu - depois desse tempo todo - que o Aronga não estava sendo um fator na tomada de decisão dos caçadores... na verdade de qualquer jogador, então aplicou uma grande leva de mudanças no patch 8.10, quando finalmente o Aronguejo como objetivo passou a ser relevante - até demais, na opinião de uma parcela da comunidade de jogadores.
Naquela atualização a vida do Aronguejo foi aumentada, bem como a quantidade de experiência e ouro concedidos, enquanto a experiência de outros campos da selva foi diminuída nos níveis iniciais. Antes do patch o Aronga concedia apenas 10 pontos de XP e passou a conceder de 115 a 230, com base no nível. Olhe bem para esses valores.
Dois Aronguejos surgiam aos 2:00 e depois que ambos eram abatidos, apenas um nasceria em um dos dois rios (de maneira aleatória), de modo que apenas um Aronga poderia existir na partida em determinado ponto. Foi nesse momento que o Aronga alugou um triplex na cabeça dos caçadores.
De repente, as rotas da selva passaram a girar em torno de pegar nível 2 o mais rápido possível, garantindo um dos Arongas, gankar o mid e pegar o outro com a vantagem de ter diminuído ou eliminado o adversário. Foi a ascensão de junglers que tinham uma boa velocidade de limpeza da selva e capacidades de gank cedo, como Camille, Nidalee, Taliyah e Xin Zhao.
Com o tempo os caçadores foram adaptando suas rotas e criando estratégias variadas, como fazer caminhos opostos para evitar confrontos em match-ups desfavoráveis ou no caso de rotas sem prioridade que não poderiam ajudar em uma possível luta no rio. Isso também acabou gerando o fenômeno da selva vertical, na qual os caçadores focam em apenas um dos lados do mapa, sem precisar contar com a ajuda de seus laners.
No patch 9.9 o tempo de surgimento dos primeiros Arongas foi aumentado de 2:00 para 3:15, uma mudança que a Riot justificou para diminuir os confrontos de nível 1 e 2 e dar mais tempo para os times planejarem essas lutas pelo Aronguejo. Esse tempo de surgimento permanece até hoje e basicamente faz com que o meta gire bastante em torno de quantos campos os campeões conseguem limpar até o surgimento do Aronga.
O campo sofreu algumas mudanças desde então, como o escudo e o fato de que não recupera mais Vida e Mana a quem o abate, mas manteve, essencialmente, sua importância.
Quando um caçador perde um dos Arongas, nem tudo está acabado, afinal, há a chance de pegar o outro, mas dependendo de como a luta pelo primeiro aconteceu, ou o contexto do jogo no geral, nem mesmo o segundo é uma possibilidade. Veja como exemplo a partida abaixo do Desafio Combate do último episódio do ULT, o reality show de League of Legends:
Nessa partida o time vermelho tem o caçador Miehe como Jarvan IV, enquanto o time azul tem Lukz como Lee Sin. Miehe opta por começar pelo Vermelho, enquanto Lukz pega ajuda da rota inferior para fazer seu próprio Vermelho - isso já indica que o primeiro quer fazer uma rota rápida para fazer o Aronga do lado inferior do mapa, passar pelo meio e pegar o do lado de cima, aliado ao fato de que seu companheiro do meio, Sleepy como LeBlanc, tinha pressão sobre Angel, que estava como Irelia.
Aos 3:20 já é possível ver a movimentação de Sleepy para o Aronga da parte superior do mapa, enquanto Miehe segue logo atrás, passando pelo meio. No topo, Zecas como Sett também tinha prioridade sobre Nin, como Akali. Tudo se encaminhava para que Miehe conseguisse os dois Arongas, que é o que acontece.
A partir desse ponto Miehe mantém a vantagem de experiência e ouro até aproximadamente 25 minutos de partida. Outros fatores do jogo obviamente influenciam, como participação em abates e o estado dos laners, de maneira que Lukz não chegou a ficar tão atrás por ter acumulado assistências, mas ficou atrás em farm. No fim das contas, quem ganhou foi o time azul, com Lukz, mas este foi apenas um exemplo da movimentação que todo um time pode fazer para garantir objetivos logo de início.
É evidente que as próprias escolhas de campeão também pesam bastante para quais rotas vão ter prioridade e quais não vão ter, além da própria execução dos picks. Nem sempre a teoria prevalece sobre a prática - quantas vezes não vemos jogadores em match-ups favoráveis perdendo trocas ou levando pressão que, em teoria, não deveriam?
Mais exemplos podem ser observados nos Desafios Precisão abaixo, também do ULT, nos quais ganhava a equipe que garantia quatro Arongas:
Com tanta importância ao longo de muitas temporadas, a Riot resolveu aplicar uma mudança para o Aronga na pré-temporada 2022, diminuindo a quantidade de experiência que os primeiros Aronguejos da partida concedem. A ideia é que o objetivo se torne menos obrigatório nos primeiros minutos, o que pode levar a uma maior diversidade de escolhas de campeões e diminuir toda a pressão que se sente de precisar deste simpático monstro para não ficar atrás em níveis. Ainda assim, resta saber como essa alteração, aplicada com o patch 11.23, vai realmente impactar o meta, já que há muitas outras novidades em teste durante a pré-temporada.
O Aronguejo é um objetivo de equipe tanto quanto Dragões e o Barão. O campo concede experiência, ouro e vantagens consideráveis para o caçador, então coordenar com seu companheiro de equipe e entender as match-ups das rotas, algo que o jungler também deve ter noção, é uma das chaves para o sucesso.
Reconhecer quando uma luta por Aronga não vale a pena também é crucial, afinal, de nada vale garantir o objetivo se o time inimigo consegue o mesmo valor de ouro em abates e assistências. Não é incomum ver jogadores, até mesmo profissionais, se colocando em situações extremamente desfavoráveis apenas para garantir o golpe final no Aronga, sendo eliminados na sequência distribuindo buffs e ouro para laners adversários.
Como muitas estratégias do LoL, é necessário um bom julgamento para a tomada de decisão e essa característica difere os jogadores mais aplicados e com visão de jogo. Certamente esses elementos foram observados por Gabriel “Kami” Santos, Murilo “Takeshi” Alves e Thiago “Djoko” Maia, jurados do ULT, produto de uma parceria da Webedia Brasil com a Endemol Shine Brasil - empresa responsável por outros sucessos como o MasterChef, com patrocínio de Coca-Cola, Trident e Subway, e apoio de Logitech e Geonav.