Em League of Legends há sempre um meta definido, isto é, um consenso de campeões e estratégias considerados ideais e/ou mais fortes que os demais. No cenário competitivo profissional o meta é ainda mais relevante e costuma ter particularidades específicas que só funcionam entre a elite. As equipes têm analistas para ajudá-los a entender esse meta, encontrar as melhores práticas e desenvolver táticas específicas para maximizar chances de vitória. Dentre os diversos fatores que compõem toda esse planejamento, a escolha dos campeões é fundamental.
No início desta Temporada 13 do LoL, em especial com o pontapé das ligas competitivas, estamos testemunhando algumas escolhas de campeões consideradas no mínimo inusitadas por alguns pro players. Na LCK, liga da Coreia do Sul, o jogador Keria jogou com Caitlyn na posição de suporte - a personagem é uma atiradora tradicional sempre vista, até então, como carry. É a primeira vez na história do competitivo de elite do MOBA que a Xerife de Piltover é usada dessa maneira - Gastruks, da LLA, liga da América Latina, fez o mesmo em 2021.
Mas esta escolha está longe de ser a única entre as inusitadas até agora no competitivo. O ano acabou de começar e já fomos agraciados com muitos picks fora da caixinha que em um primeiro momento nos fazem questionar a sanidade dos jogadores profissionais, mas ao analisarmos com calma, entendemos o motivo por trás da escolha. Confira abaixo outros campeões diferenciados que vêm aparecendo - e que talvez você encontre na sua soloQ.
Rumble mid, em homenagem ao Super Carry Doinb
Rumble Mid historicamente não é uma escolha que surge do nada... Na história do competitivo de LoL há nada menos que 328 ocorrências do faz-tudo Yordle na rota do meio. O mais chinês dos coreanos, Doinb jogou 23 vezes com o campeão nesta lane durante sua carreira… Lembramos em particular de tê-lo visto durante o Worlds 2019, torneio o qual ele foi campeão.
Mas a escolha já não é tão popular desde então e em 2023 apenas um jogador se atreveu a experimentar no stage: o australiano DONGGY na liga da Oceania (LCO). Sua audácia foi recompensada com uma vitória e um KDA perfeito (5/0/5).
Karthus na selva, um pick específico
Karthus era, em sua essência, um mago da rota do meio, mas ao longo das temporadas ele foi assumindo outras formas, seja na rota inferior ou na selva. Sempre achamos o pick meio estranho, até porque o campeão é muito frágil... sem falar nas fraquezas dele no início do jogo e no 1v1. Além disso, jogar com ele exige adotar um estilo de jogo bem particular: praticamente ficar AFK farmando para reunir recursos suficientes e causar impacto no jogo. Mas se hoje a selva de Karthus não está mais no meta, alguns junglers ainda gostam de tirá-lo da manga. Geralmente é uma escolha particular: surpresa ou último recurso, quando você precisa fazer 1v9.
Este ano, apenas um jogador tentou a façanha até agora: Jaunutis1 na Ultraliga (Polônia). Seu jogo foi bastante convincente com uma vitória e um KDA de 6/5/11. Ele terminou com o maior dano do jogo com mais de 38 mil.
Nidalee top, tempo que não volta
Se você é um jogador relativamente recente de LoL, provavelmente não esteve presente para os tempos áureos de Nidalee na rota do topo. Essa escolha era tremendamente popular - e forte - nas primeiras temporadas, com a particularidade de trazer uma build de dano físico, voltada para dominar seu oponente na rota e aplicar tanta pressão para a parte superior que seu time poderia fazer o que quisesse no restante do mapa. Mas depois de incontáveis nerfs e mudanças, esse pick desapareceu, afinal, a campeã se tornou uma exímia caçadora na selva. A última vez que houve uma Nidalee top no competitivo foi em 2015, com Ssumday a usando contra Shy - não confundir com TheShy.
Como uma ironia do destino, foi TheShy que trouxe Nidalee AD top de volta em um jogo da LPL. Infelizmente a estratégia não foi tão eficaz, terminando em derrota para a Top Esports com um placar tímido de 1/4/1. Vale notar que a build agora usa o Ruptor Divino, a coisa mais próxima que traria um efeito similar ao auge da campeã na rota do topo.
Azir suporte na LCS
Azir definitivamente é um campeão que é difícil de imaginar em qualquer posição que não seja a rota do meio. Mas a 100Thieves pensou diferente e trouxe o Imperador de Shurima como um suporte na rota inferior durante a primeira semana da LCS, a liga norte-americana de LoL. A escolha tem seu fundamento - e na verdade partilha bastante do conceito por trás de Caitlyn e até mesmo Jhin como suporte. A ideia é ter pressão de rota contra Heimerdinger suporte, um pick cada vez mais presente no competitivo.
É fato que a 100Thieves acabou perdendo a partida contra a Cloud9 e o pick de Azir pareceu não ter surtido muito efeito, mas não deixa de ser interessante e merecer a citação. A escolha do campeão até fez com que o adversário escolhesse campeões counter... para a rota do meio, o que possibilitou uma jogada de draft que teria sido genial se tivesse dado certo. Vale a tentativa futura com uma melhor execução do plano, com certeza.
Menções honrosas
Várias outras escolhas diferentes foram jogadas no competitivo até agora, mas foram mais originais do que francamente bizarras.
- Zyra suporte por Twiizt em LFL (derrota). A campeã foi jogada apenas três vezes ao longo de 2022 e quatro vezes em 2021, apesar de ser relativamente comum nas filas solo.
- Zac Mid por Caps na LEC (vitória). O campeão foi jogado nessa posição duas vezes em 2022, ambas as vezes pelo vietnamita Froggy, incluindo uma vez no Mundial.
- Ornn Mid por Matislaw na Prime League (vitória). A escolha não é natural, mas ainda ocorreu 25 vezes no ano passado! Com um bônus de taxa de vitória positivo.