Quando teve seu retorno ao cenário de esports anunciado, em 23 de junho de 2018, a tag da MIBR instantaneamente se tornou uma das mais badaladas do cenário de CS:GO. Adquirida pela Immortals em dezembro do ano anterior, a marca carregava ao mesmo tempo uma enorme expectativa e uma responsabilidade ainda maior.
Campeã mundial em 2006, ainda nos tempos de CS 1.6, a MIBR retornava cercada de hype, afinal de contas tinha já em seu segundo campeonato oficial, a ELEAGUE Premier 2018, um elenco inteiramente formado por campeões de Major: os brasileiros Fallen, Coldzera e Fer - que dominaram o cenário em 2016 e 2017 por Luminosity e SK Gaming, com os trrês sendo os principais destaques individuais dessass equipes e Coldzera duas vezes eleito melhor jogador do mundo -, e os americanos Stewie2K e Tarik, que meses antes haviam conquistado a ELEAGUE Major Boston pela Cloud9, inclusive com Tarik sendo eleito MVP do mundial. No papel, um time que tinha tudo para dar certo, mas que acabou durando menos de 6 meses.
Após uma primeira temporada sem títulos do tier 1 mundial, mas com várias campanhas de destaque em grandes eventos, Tarik e Stewie2K acabaram dispensados e deram lugar aos brasileiros TACO, bicampeão de Major ao lado Fallen, Fer e Coldzera, e Felps, que em 2017 havia conquistado cinco títulos ao lado do quarteto jogando pela SK Gaming. Após uma semifinal de Major na IEM Katowice 2019, a equipe acumulou maus resultados e iniciou entrou numa espiral decadente que se arrasta até hoje.
O episódio mais recente é certamente o maior deles. Fora da elite do CS:GO mundial e agora mirando objetivos bem mais modestos, como uma classificação para Major disputando os eventos RMR da América do Sul, a organização defendida por Boltz, Chelo, Yel, Shz e Exit acabou ficando atrás da Sharks no ranking regional, inclusive com duas derrotas para os Tubarões na IEM Fall South America, e chegou ao ponto mais baixo desde a entrada no cenário de CS:GO.
Neste artigo, o MGG Brasil contará um pouco da história da MIBR nesses mais de 3 anos após o retorno da tag ao FPS da Valve, os diversos problemas dentro e fora do servidor que têm marcado a equipe e a incerteza sobre o futuro de uma tag que foi de uma potencial campeã de Major a um time que, hoje, briga para se estabelecer num cenário sul-americano esvaziado, uma vez que as principais equipes brasileiras da atualidade se estão na América do Norte e brigam para representar o país no Major de Estocolmo e outros grandes eventos internacionais.
MIBR = Brasil + EUA + Sérvia
No anúncio oficial do retorno da MIBR, a lineup era formada por Fallen, Fer, Coldzera, Stewie2K e Boltz, mas a única competição desta equipe foi a ESL One Cologne 2018, já que menos de uma semana após o término da competição, Boltz seria dispensado do time titular para dar lugar a Tarik. Na catedral alemã do CS:GO, a MIBR terminou no top 8, com vitórias sobre Renegades e North e derrotas para Faze Clan e BIG. Mesmo sem brigar pelo título, a equipe deu sinais de que poderia alçar voos altos.
Após a chegada de Tarik, a MIBR teve compromisso seguinte a disputa da ELEAGUE Premier 2018, e acabou caindo na fase de grupos, com uma vitória sobre a Cloud9, ex-time de Stewie2K e Tarik, e duas derrotas para a Team Liquid, que tinha em sua lineup o brasileiro TACO, ex-companheiro de Fer, Fallen e Cold na Luminosity e SK.
Pouco depois da eliminação na ELEAGUE, a MIBR adicionou mais um estrangeiro ao staff. Analista de várias grandes competições internacionais, o sérvio Janko "YNK" Paunovic foi anunciado como novo técnico da equipe, substituindo, Ricardo "dead" Sinigaglia, que assumiu o cargo de manager. Agora com três estrangeiros renomados na equipe, a MIBR parecia ter um planejamento claro mirando o sucesso internacional no curto prazo, e mesmo sem grandes títulos, aquela temporada de 2018 foi a de melhores resultados para a organização no CS:GO.
A primeira competição após a chegada de YNK foi a ZOTAC Cup Masters, campeonato que mesmo não reunindo os melhores times do mundo na ocasião, ainda reunia algumas orgs tradicionais do CS:GO, como Optic Gaming, Virtus Pro, Team Kinguin e Tyloo, melhor time asiático naquela época. Com vitórias sem perder mapas sobre Flash Gaming, MVP PK e Team Kinguin, a MIBR conquistou seu primeiro título logo no terceiro campeonato disputado aumentou as expectativas em torno do time em eventos maiores.
Na DreamHack Masters Stockholm, a MIBR passou em primeiro lugar no grupo A, com vitórias sobre HellRaisers e Mousesports, mas caiu nas quartas de final do torneio, após perder para a Astralis, melhor time do mundo naquele momento, e terminou sua participação com mais um top 8 na temporada.
Com o término dos eventos preparatórios para o grande momento da temporada, a MIBR foi para a disputa do FACEIT Major de Londres sem o status de principal favorita, mas com chances de uma boa campanha, e foi justamente isso que ocorreu. Como Fallen, Fer e Coldzera haviam garantido o status de Legends pelo desempenho na ELEAGUE Major de Boston, ainda pela SK Gaming, a MIBR estreou já no New Legends e Stage, e avançou aos playoffs com três vitórias, sobre Mousesports, G2 e Ninjas in Pyjamas, e duas derrotas, para Tyloo e Astralis.
Nas quartas de final, a MIBR não tomou conhecimento da Complexity Gaming, que vinha invicta na competição, e aplicou 2 a 0 sobre a equipe da América do Norte, com parciais de 16x4 no mapa Train e 16x12 em Inferno. A Made in Brazil cairia somente na semifinal do torneio, após derrota por 2 a 0 para a NaVi de S1mple e Electronic, uma das favoritas ao título, em parciais de 16x10 em Overpass e 16x5 em Dust 2. Mesmo com a eliminação, a equipe deixou boa impressão em seu primeiro Major, especialmente pelo pouco tempo com os cinco jogadores atuando juntos.
A primeira competição da MIBR após o Major foi a BLAST Pro Series Istanbul, e mais uma vez a equipe deixou boa impressão mesmo sem sair com o título. Na primeira fase da competição, a equipe brasileira perdeu para a Astralis, empatou com a NInjas in Pyjamas e venceu Cloud9, Space Soldiers e Virtus Pro. Classificada para a final com a segunda melhor campanha, a MIBR mais uma vez precisaria encarar a Astralis, campeã do Major de Londres e consolidada como melhor time do mundo. Apesar do favoritismo, os dinamarqueses tiveram enorme trabalho contra a Made in Brasil e venceu num 2 a 1 apertado: 16x3 na Train, 14x16 em Overpass e 16x14 em Inferno.
Após campanhas ruins na BLAST Pro Series Copenhagen e na IEM Chicago, a MIBR garantiu vaga na Esports Championship Series Season 6 e na ESL Pro League Season 8, com direito a melhor na campanha no qualificatório da América do Norte.
Na ECS Season 6, a MIBR avançou aos playoffs na liderança do grupo A, com uma vitória surpreendente por 16 a 7 sobre a Astralis no mapa Mirage e um 2 a 0 sobre a Cloud9. Na semifinais, a Made in Brazil aplicou 2 a 1 sobre a North, mas acabou com o vice-campeonato do evento. Na grande final, a equipe Fallen, Cold e companhia fez um jogo duríssimo contra a Astralis, mas acabou derrotada por 2 a 0: 16x14 em Inferno e 22x20 em Overpass.
Na ESL Pro League Season 8, penúltima competição da MIBR na temporada, a equipe fez mais uma boa campanha. Após vencer Sharks, NRG e Mousesports, a Made in Brazil avançou de forma direta às semifinais por terminar na liderança do grupo B. Nas semifinais, o time de Fallen, Fer e Cold acabou dominado pela Team Liquid, mas fez mais uma boa campanha em um grande evento internacional.
A última competição do ano foi a BLAST Pro Series Lisboa, na qual a MIBR acabou na quarta posição, com vitórias sobre NaVi (16x2) e Ninjas in Pyjamas (16x6), empate com a Cloud9 (15x15) e derrotas para Cloud9 (16x14) e Astralis (16x7). Apesar de um único título na temporada, as boas campanhas da MIBR em 2018 pareciam ser o terreno para um 2019 promissor, mas a organização e o trio brasileiro de jogadores desejaram mudanças que, mais tarde, se provariam equivocadas.
MIBR 100% BR e declínio após começo promissor
Apesar do título na ZOTAC Cup Masters e das boas campanhas no FACEIT Major de Londres, BLAST Pro Series Istanbul, ECS Season 6 e ESL Pro League Season 8, a lineup da MIBR com Tarik e Stewi2K ao lado do trio brasileiro e com YNK no comando técnico não sobreviveu à falta de títulos importantes, críticas à lineup mista por grande parte da comunidade e desejo dos jogadores brasileiros de voltarem a se comunicar em português. Para a disputa da temporada de 2019, a MIBR trouxe TACO e Felps para os lugares dos americanos e o técnico Wilton "Zews" Prado para o lugar de YNK.
Além do maior apelo junto à torcida brasileira e vantagens de se comunicar no idioma nativo, a nova formação da MIBR parecia também um apelo aos tempos de glória de Luminosity e SK Gaming. Afinal de contas, TACO e Zews esteviram na conquista dos dois Majors de 2016 - MLG Columbus e ESL One Cologne -, enquanto Felps esteve em cinco dos oito títulos conquistados pela SK Gaming em 2017, incluindo a IEM Sydney, Esports Championship Series Season 3 e ESL One Cologne 2017, ao lado de TACO, Fallen, Fer e Cold.
No papel, o time tinha enorme potencial para dar certo, pois reunia jogadores com currículos vencedores e vários dos nomes mais talentosos do Brasil, mas alguns fatores foram ignorados na montagem da equipe, como o mau momento que TACO vivia quando deixou a SK Gaming, em março de 2018, e o fato de Felps ter saído da equipe em outubro de 2017 por não se sentir à vontade na função que desempenhava no time. Ainda assim, a aposta se mostrou promissora no começo.
O primeiro compromisso da nova MIBR foi justamente o Major inaugural da temporada de 2019: a IEM Katowice. Com uma lineup recém-formada, as chances de títulos eram pequenas, mas mesmo assim a equipe fez boa campanha no torneio e deixou uma impressão positiva.
No New Legends Stage, a Made In Brazil estreou com derrota para a Cloud9, mas avançou aos playoffs após três vitórias consecutivas sobre Complexity Gaming, G2 e Ninjas in Pyjamas. Nas quartas de final, a MIBR aplicou um 2 a 0 sobre a Renegades, mas acabou eliminada nas semis pela Astralis, com parciais de 16x14 em Overpass e 16x7 no mapa Inferno.
O que parecia um começo promissor, no entanto, acabou sendo um dos poucos bons resultados daquela lineup na temporada. O top 4 da MIBR no Major foi seguido de uma má campanha na WESG, com derrota nos playoffs para a pouco conhecida Windigo, da Bulgária, e cinco derrotas em cinco jogos da BLAST Pro Series São Paulo, competição na qual a equipe brasileira terminou na última posição.
Na BLAST Pro Series Miami, a MIBR fez uma campanha melhor e terminou na terceira posição, com direito a um surpreendente 16x2 na Astralis no mapa Overpass, vitória sobre a Cloud9, empate com a Faze Clan e derrotas para Team Liquid e NaVi.
O torneio seguinte foi a IEM Sydney, naquela que foi a última grande campanha da MIBR num evento do tier 1 internacional com participação 16 equipes. A MIBR estreou com vitória sobre a australiana Grayhound, e na sequência aplicou um 2 a 0 sobre a Fnatic, com contundentes 16x4 no mapa Nuke e 16x9 em Overpass. Classificada aos playoffs, a Made in Brazil perdeu a chance de avançar de forma direta às semifinais ao perder para a NRG por 2 a 0 na disputa de 1º lugar.
Nos playoffs, a MIBR venceu Mousesports por 2 a 0 nas quartas de final, em parciais de 22x19 em Mirage e 16x10 em Overpass, mas caiu nas semifinais para a Team Liquid, também por 2 a 0 (16x10 em Mirage e 19x15 em Nuke).
O último torneio antes de Felps ser dispensado pela MIBR foi a ESL Pro League Season 9, torneio no qual a equipe terminou no top 8, com vitórias sobre Luminosity e North e derrotas para North e Team Liquid, que naquele momento da temporada vinha dominando o cenário de CS:GO.
Com Lucas "LUCAS1" Teles contratado para a vaga de Felps, a MIBR foi para a disputa da ESL One Cologne, mas a equipe foi eliminada com duas derrotas em dois jogos para Fnatic e BIG. Pouco após a eliminação do torneio, Coldzera anunciou sua saída da equipe.
Com a saída de dois dos cinco jogadores que compunham a lineup planejada para a temporada de 2019, a MIBR precisou improvisar o técnico Zews como jogador para a disputa da IEM Chicago e do Major de Berlin, já que o prazo para a janela de transferências já havia se encerrado. Mesmo improvisada, a Made in Brazil conseguiu boas vitórias sobr Envy e G2 na fase de grupos da IEM Chicago e caiu nas semifinais diante da ENCE, após derrota por 2 a 1. No Major, porém, a equipe venceu apenas 1 de 4 jogos disputados e, pela primeira vez desde 2015, o Brasil não tinha mais uma equipe no top 8 de um Major de CS:GO.
Em setembro daquele ano, a MIBR anuncia o experiente kNg, vice-campeão de Major ao lado LUCAS1 pela Immortals em 2017, para fechar a lineup, mas a equipe brasileira não conseguiu mais campanhas de grande destaque em eventos internacionais de grande porte e termina temporada claramente enfraquecida. A temporada de 2020 seria marcada por maus resultados dentro do servidor e polêmicas fora dele.
2020: Dança das cadeiras e fim do "núcleo" campeão de Major
Para o começo da temporada de 2020, que posteriormente seria enormemente prejudicada no mundo inteiro em função da pandemia de Covid-19, a MIBR anunciou mais uma mudança na lineup: a contratação do jovem argentino Ignacio "meyern" Meyer para o lugar de LUCAS1. A temporada começou com um vice-campeonato no qualificatório da América do Norte para a IEM Katowice 2020, após derrota pra a Cloud9 na grande final.
Convidada para a disputa da BLAST Premier Spring 2020, a MIBR dá adeus ao torneio com duas derrotas em dois jogos contra Team Liquid e Ninjas in Pyjamas, e na sequência cai ainda na fase de grupos da DreamHack Open Anaheim, com uma vitória diante da ENCE e duas derrotas par a Complexity. Na ESL Pro League: North America, a Made in Brazil termina na 4ª posição entre 6 participantes, com derrotas para Team Liquid, Evil Geniuses e dois revezes para a FURIA, incluindo a eliminação na primeira rodada dos playoffs.
A primeira esperança de título para a MIBR na temporada veio na Flashpoint Season 1, disputada entre de 13 de março e 19 de abril. Mesmo sem a presença dos melhores times de CS:GO do mundo naquele momento, a competição reunia várias orgs tradicionais dos esports, como Cloud9, Team Envy, MAD Lions, Gen G e FunPlus Phoenix. Após uma longa competição, a Made in Brazil faz uma excelente campanha e chega às finais com uma campanha invicta nos playoffs. Na grande final contra a Mad Lions, porém, a equipe perde de virada por 2 a 1, inclusive desperdiçando uma vantagem 12 a 3 no mapa Train, e fica com um vice-campeonato amargo.
Após ficar apenas na 7ª/8ª posição da ESL One: Road to Rio - North America, primeiro evento RMR daquela temporada, a MIBR decide fazer uma nova mudança em prol de uma lineup 100% brasileira e da busca por melhores resultados. Meyern é dispensado da organização e dá lugar a Alencar "Trk" Rossato, ex-Team One.
Com a nova contratação, a Made in Brazil tem como primeiro compromisso a DreamHack Masters Spring: North America, torneio no qual é eliminada ainda na fase de grupos, com uma vitória sobre a Chaos e derrotas para FURIA, que mais tarde se sagraria campeã invicta do torneio, e Team Liquid, vice-campeã do evento.
O campeonato seguinte foi aquele que trouxe de volta à MIBR a esperança de recuperação na temporada, a BLAST Premier 2020: Spring American Finals. Naquele que foi o último grande resultado da organização em um torneio fora do cenário sul-americano, a Made in Brazil venceu FURIA e Evil Geniuses em sequência para chegar à grande final, mas acabou derrotada por 2 a 0 pela própria EG, que se recuperou após a derrota na final da upper bracket para os brasileiros e acabou com o título.
Nos meses seguintes, a MIBR acumulou maus resultados em diferentes competições, e o comando da organização decidiu promover uma grande reformulação no elenco em setembro. A organização, que em março já havia perdido o técnico Zews, decide dispensar TACO, Fer e o manager Dead. Insatisfeito com a decisão da org, Fallen pede para ser movido para o banco de reservas e não jogar mais pela organização até o término de seu contrato.
Posterioemente, Fer, TACO e Dead se pronunciaram em diferentes momentos sobre a organização, fazendo críticas à administração e dizendo que se sentiram desrespeitados enquanto profissionais pela forma como a dispensa foi feita. Sem nenhuma das principais estrelas do time, a MIBR foi buscar alternativas no mercado.
Precisando fechar uma lineup às pressas para dar conta dos últimos compromissos da temporada, a MIBR mantém somente kNg e Trk no time e faz quatro contratações: os jogadores Vinícius "vSm" Moreira, Leonardo "Leo_drk" Oliveira e Lucas "LUCAS1" Teles, que fechariam o quinteto com os atletas remanescentes da Made in Brazil, e o técnico Raphael "Cogu" Camargo, campeão mundial pela organização em 2006, ainda nos tempos de CS 1.6.
O primeiro compromisso do novo time foi a BLAST Premier: Fall 2020. Embora tenha sido eliminada com uma vitória e duas derrotas, a nova equipe deixou boa impressão pelo triunfo sobre a FURIA, melhor time da América do Norte em 2020, e pelas boas atuações mesmo em derrotas contra equipes da elite europeia, como Astralis e G2, tirando inclusive um mapa de ambos os times.
O torneio seguinte foi a BLAST Premier: Fall Showdown, no qual a MIBR estreou com vitória sobre a Faze Clan e foi eliminada após derrota para Team Liquid. No encerramento da temporada, a equipe disputou a Flashpoint Season 2, evento no qual a Made in Brazil venceu equipes como Envy, Forze, OG e Mad Lions e terminou na quarta posição, após derrota para a própria OG na semifinal da chave dos perdedores. Na campanha, a MIBR também fez um bom jogo diante da BIG na fase de grupos, sendo derrotada por 16 a 14 no mapa de desempate.
A boa impressão deixada pela lineup montada às pressas parecia indicar que a MIBR investiria na equipe para a temporada seguinte. Em 6 de janeiro de 2021, porém, a organização anunciou as saídas de leo_drk, vSm, LUCAS1 e Cogu.
Uma reportagem do GE indicou que um impasse nos valores salariais e o não pagamento de ajuda de custo para os jogadores se manterem fora do país foram dois dos principais fatores para a dispensa do quarteto. Contrariados com a decisão da org, kNg e trk pediram para serem movidos para o banco de reservas da organização até o término de seus contratos. Cogu, por sua vez, disse ter sido chamado de criança e se sentiu um lixo durante a negociação com a MIBR.
Sem jogadores e técnico para iniciar 2021, a MIBR precisou se reformular novamente para a temporada que estava por vir
Com aposta na "ex-Boom", MIBR fica fora do Major de Estocolmo
Na temporada de 2020, a Boom dominou completamente o cenário brasileiro e sul-americano de CS:GO, com 9 títulos conquistados em 9 campeonatos disputados. A lineup formada por Felps, Boltz, Chelo, Yel e Shz, sob o comando do técnico Apoka, foi imbatível e apresentou um nível de CS:GO que chegou a gerar expectativa de como o quinteto se sairia se tivesse a chance de disputar campeonatos internacionais. Quando se viu sem uma lineup para a temporada de 2021, a MIBR fez a escolha que parecia mais óbvia: apostou na base daquele time, que já estava em fim de contrato com a organização da Indonésia e optou pela não renovação.
Em 15 de janeiro, a Made in Brazil anunciou oficialmente o time, que tinha uma diferença importante em relação à Boom de 2020. Felps, principal destaque do time na temporada anterior e que havia optado por deixar a organização ainda no fim de 2020 para mais tarde assinar com a GODSENT, foi substituído por Danoco, jogador com passagens por INTZ, Bravos e Sharks.
Com a nova lineup, a MIBR viajou à Europa mirando disputar várias competições importantes no Velho Continente entre janeiro e abril. Ao todo, foram seis eventos: cs_summit 7, BLAST Premier: Spring Groups IEM XV - World Championship, Snow Sweet Snow 2, ESL Pro League Season 13 e BLAST Premier: Spring Showdown 2021.
A experiência internacional, porém, se mostrou frustrante. Apesar de algumas boas atuações diante de equipes do tier 1 mundial, como Heroic, Gambit e NaVi, a MIBR acumulou eliminações em fases iniciais desses torneios e não integrou o top 8 de nenhum deles, algo inédito desde o retorno da tag ao competitivo do FPS da Valve numa sequência de seis torneios internacionais
Entre a eliminação da ESL Pro League e começo da BLAST Premier: Spring Showdown, a MIBR já promoveu a primeira mudança no elenco. No dia 30 de março, a organização anunciou a contratação de Raphael "Exit" Lacerda, ex-Sharks, e colocou o jogador no time titular no lugar de Danoco.
Diferentemente das outras equipes brasileiras que almejam destaque internacional, como FURIA, GODSENT, Pain, Team One e O Plano (atual 00Nation), que ficaram na América do Norte para a disputa dos RMRs, a MIBR optou por permanecer disputando os RMRs sul-americanos na briga por uma vaga no Major. Parecia a decisão lógica, uma vez que mesmo não se apresentando bem em solo internacional, a lineup vinda da Boom dominou a América do Sul em 2020.
O primeiro RMR da região na temporada foi a CBCS Elite League: Season 1, e mesmo com algumas dificuldades a mais do que o esperado, a MIBR conquistou o título do torneio, tendo confrontos duros com Havan Liberty, nas quartas de final da competição, e Sharks, na grande final.
Com a missão cumprida em solo brasileiro, a Made in Brazil partiu para uma segunda temporada de mais quatro torneios na Europa: Spring Sweet Spring 3, Gamers Without Borders 2021, IEM Cologne 2021, um dos campeonatos mais importantes da temporada de CS:GO e primeiro grande evento em LAN desde o começo da pandemia, e Pinnacle Cup 2. Mais uma vez, porém, a MIBR teve uma passagem sem brilho no Velho Continente.
Foram 10 jogos disputados e 8 derrotas neste período. Os únicos triunfos vieram diante de HAVU Gaming Lyngby Vikings na Pinnacle Cup 2, mas mesmo nesta competição a equipe não avançou aos playoffs, pois foi derrotada por Endpoint, Young Ninjas (equipe Academy da Ninjas in Pyjamas) e Team Fiend no Main Swiss Stage.
De volta ao Brasil a MIBR disputou mais dois eventos RMR da América do Sul. Desta vez, porém, a equipe não apenas teve enormes dificuldades contra equipes brasileiras, como também saiu sem os títulos desses eventos e, pior, sem a vaga para o PGL Major Stockholm, principal objetivo da organização e jogadores na temporada.
Na CBCS Elite League: Season 2, a MIBR avançou de forma invicta aos playoffs, com vitórias sobre Vivo Keyd, Detona Gaming e Havan Liberty. Nas quartas de final, passou sem dificuldades pela KG Network, mas nas semifinais acabou derrotada por 2 a 1 pela Sharks. Na disputa de terceiro lugar, a Made in Brazil venceu a Paquetá Gaming por 2 a 0, mas acabou somando apenas 1750 pontos de 2000 possíveis, pontos estes que fariam muita falta no final do RMR sul-americano.
O terceiro e último RMR da temporada foi a IEM Fall 2021: South America, que reuniu somente quatro equipes: MIBR, Sharks, Bravos e Imperial. A disputa pela vaga no Major, porém, estava restrita a MIBR e Sharks, e a equipe que terminasse com a melhor campanha se classificaria para o Mundial.
Mais uma vez, a Made in Brasil levou a pior nos confrontos diretos com Sharks: na estreia da competição e na final da chave inferior, perdendo os 4 mapas disputados nos 2 confrontos. Fora do Major de Estocolmo, a MIBR vive oficialmente o seu pior momento desde a entrada no cenário competitivo de CS:GO, e até mesmo o destino da atual lineup parece incerto, uma vez que o grande objetivo da temporada foi perdido.
O que o futuro reserva?
No mesmo dia que a IEM Fall começou, a MIBR anunciou em todos os seus canais oficiais uma reformulação administrativa na organização. Roberta Coelho, uma das criadoras da Game XP e profissional que por quase 10 anos trabalhou no Rock in Rio, foi anunciada como CEO da organização, tornando-se a primeira pessoa na história a assumir este cargo desde a refundação da MIBR.
Ao mesmo tempo, a organização de esports anunciou a criação de um conselho consultivo, formado por Paulo Velloso, fundador do MIBR, Ivan Martinho, World Surf League na América Latina, e Yuri "Fly" Uchiyama, CEO da Gamers Club e que vinha exercendo o cargo de diretor da organização.
"É muito importante uma organização brasileira ter uma equipe de gestão brasileira dedicada. O MIBR terá pessoas focadas em seu crescimento e ajudando a trazer mais títulos para seus fãs. Roberta, além de fã do MIBR, tem vasta experiência no mercado de entretenimento e criou um dos principais eventos de games do país", disse Fly sobre o anúncio de Roberta Coelho como CEO da MIBR.
Embora não esteja claro quais serão os impactos da reformulação administrativa da MIBR sobre a gestão da equipe de CS:GO, a organização ressalta que deseja estreitar laços com a comunidade e estar mais aberta às opiniões de torcedores. Independentemente das decisões que sejam tomadas, a organização vive hoje o maior momento de crise de sua história, e a não classificação para o Major deverá ter, sim, causar mudanças no time, ainda que seja difícil prever se haverá reformulação total ou se as mudanças serão parciais.
Se o desejo da MIBR hoje é voltar a ser uma equipe respeitada e temida internacionalmente, o crescimento em performance competitiva será parte fundamental de uma equação complexa e que depende de um fator imprevisível: o componente humano. A história dos esports mostra que mesmo times que já chegaram ao topo do mundo tiveram dificuldade de permanecer na elite por temporadas consecutivas. Para a MIBR, que deseja atingir um patamar no qual nunca esteve no CS:GO especificamente, a missão será ainda mais árdua, especialmente considerando que mesmo os melhores times do Brasil hoje ainda estão longe do topo, embora indiscutivelmente muitos degraus acima da atual Made in Brazil.