Em entrevista ao UOL nesta terça-feira (10), Ana Moser, Ministra do Esporte do Governo Lula, afirmou que não tem a intenção de realizar investimentos nos esportes eletrônicos por não considerá-los esportes, mas, sim, parte da indústria do entretenimento. Os esports não são regulamentados no Brasil, apesar de existirem projetos de lei sobre o tema. De forma geral, a opinião da comunidade brasileira de esports é bastante dividida entre ser a favor ou não de que o cenário receba regulamentação.
Ministra do Esporte diz que esport não é esporte
"A meu ver o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então você se diverte jogando videogame, você se divertiu. O atleta de esports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, diferente do esporte", disse Ana Moser ao UOL.
A ministra afirmou ainda que não pretende investir em esports durante seu mandato e que já agiu, por meio da ONG Atletas pelo Brasil, para que o projeto da nova Lei Geral do Esporte (PL 1.153/2019) não tenha um conceito amplo de esporte para que os esports não possam se encaixar dentro dela.
"A questão do esporte eletrônico a nível federal ainda não é uma realidade. Não tenho essa intenção [de investir nisso]. No meu entendimento, não é esporte. A gente lutou, no ano passado, eu na minha vida pregressa, a frente da Atletas pelo Brasil, a gente fez uma ação muito forte junto ao Legislativo para o texto da Lei Geral [do esporte] não ser aberto o suficiente para poder ter o encaixe dos esportes eletrônicos. O texto está lá protegendo o esporte raiz. Na definição de esporte, tinha sido dado uma abertura que poderia incluir esporte eletrônico, e a gente fechou essa definição para não correr esse risco. Lógico, risco sempre acontece, e é um trabalho constante", disse Moser.
A fala da ministra Ana Moser dividiu opiniões nas redes sociais. O streamer Alexandre "Gaules" Borda disse: "Nunca precisamos e nem vamos precisar dessa galera para ficar dizendo se é esporte ou não. Nunca precisamos desse pessoal e nunca vamos precisar", enquanto Nicolle "Cherrygumms" Merhy afirmou: "Seria importante não desmerecer algo que não detém conhecimento".
Já o jornalista Chandy Teixeira lamentou não só a fala de Moser, como também as de quem é contra uma ponte entre o governo e os esportes eletrônicos, ressaltando o fato de que a fala da ministra afasta a possibilidade de regulamentação dos esports.
Entre a discussão, há também quem acredite que, independente da questão da regulamentação, os esports poderiam estar mais ligados ao Ministério da Cultura do que ao do Esporte, como já acontece, por exemplo, na Dinamarca. Confira abaixo a thread de Gustavo Pizzo no Twitter, na qual o usuário comenta sobre o tema.
Vale lembrar que existem projetos de lei sobre a regulamentação dos esports no Brasil, sendo o mais popular deles o PL 383/2017, elaborado pelo senador Roberto Rocha (PSDB/Maranhão). No entanto, a iniciativa não é bem recebida por quem é contra a regulamentação do cenário e nem por quem é a favor, por não abranger de forma correta as especificidades dos esportes eletrônicos, tratando-os de forma superficial.