Alerta de gatilho: a matéria a seguir possui conteúdo sensível, com relatos de abuso psicológico, agressões e ameaça de morte
Fora do cenário competitivo de Valorant desde que foi acusado de injúria racial por comentários feitos durante uma live, o jogador e streamer argentino Hernan "Hastad" Klingler teve uma medida protetiva emitida contra ele após uma ex-companheira registrar um Boletim de Ocorrência contra o criador de conteúdo, relatando episódios agressões física e verbal e ameaça de morte.
Em função do depoimento da ex-companheira de Hastad, ele foi alvo de medidas restritivas sob a acusação de abuso psicológico com base na Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006). As acusações de agressão física também fazem parte do processo contra Hastad e ainda estão em fase investigação, podendo evoluir para uma ação penal no futuro.
O depoimento da ex-companheira de Hastad foi feito em 22 de março de 2022, em uma delegacia no município de Capim Grosso, na Bahia, onde os dois moram. Ela relatou que teve um relacionamento com Hastad por 2 anos, e os primeiros casos de abuso psicológico aconteceram após seis meses, quando o criador de conteúdo e ex-jogador de Valorant passou a agredi-la "verbalmente e psicologicamente", utilizando ofensas como ""puta, depósito de esperma, preta suja, aidética e cancerosa".
Segundo a ex-companheira de Hastad, os casos de abuso psicológico posteriormente evoluíram para episódios de agressão física, que teriam sido registrados pela vítima em celular e apresentados. Ainda no depoimento, ela relatou que o streamer a privava de liberdade e a impedia de trabalhar e se reunir com amigos. Em um determinado momento, Hastad a teria expulsado da casa adquirida em conjunto pelo casal, e a ameaçado de morte caso ela não deixasse o imóvel.
O irmão e uma amiga da ex-companheira de Hastad acompanharam a jovem no depoimento e confirmaram o depoimento, acrescentando que eles próprios presenciaram episódios de desentendimento do casal nos quais o streamer argentino teria proferido ameaças e demonstrado comportamento agressivo.
No despacho em que aprovou as medidas protetivas, o juiz substituto Francisco Buscacio Maron, da Vara Criminal de Capim Grosso, disse haver provas de que a ex-companheira de Hastad foi submetida a constrangimentos e "violou a integridade psíquica e moral" da jovem.
Entre as medidas que Hastad deverá cumprir, constam:
- a) manutenção de uma distância mínima de 300 (trezentos) metros da ofendida;
- b) proibição de contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação, a exemplo de telefonemas, mensagens eletrônicas de texto ou de voz, e-mail, por meio de redes sociais, notadamente Facebook e Instagram, ou mesmo pelo aplicativo de celular WhatsApp;
- c) proibição de frequentar lugares em que saiba da presença da ofendida, principalmente sua residência e local de trabalho;
- d) afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, sem prejuízo dos direitos relativos aos bens, guarda e alimento dos filhos do casal.
Defesa de Hastad nega acusações
Em nota enviada ao GE, o advogado de Hastad, João de Senzi Moraes Pinto, negou as acusações e disse que Hastad provará inocência no processo.
"O hastad é totalmente e absolutamente inocente de todas essas acusações, que são bem infundadas. A realidade dos fatos é que a ex-namorada dele não aceitou o término do relacionamento e, neste momento, está utilizando de uma medida que é muito importante no Direito brasileiro, que é a Lei Maria da Penha, de proteção às mulheres, para perseguir e atacar o Hastad", disse o advogado, acrescentando que a aprovação de medidas protetivas não indicam culpa de seu cliente.
"O procedimento de medida protetiva no Brasil não demanda muitas provas. Basta uma declaração da suposta vítima de que sofreu uma agressão. A Vanessa se dirigiu a uma delegacia, informou que sofria agressões, mas não apresentou nenhuma prova. Só que basta a declaração dela. Foi o suficiente para que o juiz concedesse uma medida protetiva."