Um dos executivos mais controversos da indústria dos games, o CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, deve continuar como chefe da desenvolvedora e publisher caso a venda da empresa para a Microsoft fracasse. Segundo fontes ouvidas pela Fox Business, a tendência é que o executivo seja realmente mantido no cargo caso o estúdio de jogos caso venda para a fabricante dos consoles Xbox não seja aprovada por órgãos reguladores.
Kotick já foi alvo de diversos protestos de funcionários da própria Activision Blizzard e acusado de manter na companhia um ambiente permissivo para abusos e assédios, além de ele próprio ser alvo de algumas das acusações. Ainda assim, o executivo foi, em junho de 2022, reeleito para o cargo de CEO pelo conselho acionistas da Activision Blizzard, com 91% dos votos.
Embora a venda da Activision Blizzard diminua, em tese, as chances de Bobby Kotick ser reconduzido ao cargo de CEO, o executivo é um dos principais entusiastas do negócio, tendo inclusive acusado a Autoridade de Competição e Mercado do Reino, a CMA, de não ter visão de mercado.
Embora a Microsoft ainda não tenha se pronunciado oficialmente sobre o que fará com Bobby Kotick caso a compra da Activision Blizzard seja concluída, o executivo é um dos principais acionistas da publisher, o que significa que ele próprio receberia uma grande quantia caso a venda da empresa por US$ 68,7 bilhões seja aprovada, provavelmente na casa das centenas de milhões de dólares, o que explicaria o interesse de Kotick na venda da companhia. Além disso, a Fox Business cita que Kotick receberia uma quantia de mais US$ 15 milhões para deixar o cargo de CEO caso a Microsoft compre mesmo o estúdio
Denúncias múltiplas de assédio e abuso na Activision Blizzard
No comando da Activision desde 1991, Kotick é considerado um dos grandes responsáveis pelo sucesso comercial e crescimento da empresa nas últimas décadas, ao mesmo tempo que é um dos executivos com pior imagem da indústria, justamente pela explosão de casos de abuso e assédio na Activision Blizzard, com ele próprio enfrentando acusações.
Entre os casos mais graves, Kotick teria feito vista grossa para um caso de estupro ocorrido no estúdio Sledgehammer, não levando as denúncias da funcionária ao conselho da empresa. Alguns meses após a denúncia, a Activision Blizzard teria firmado um acordo extrajudicial com a ex-funcionária.
Em 2019, após uma investigação interna, o RH da Activsion Blizzard recomendou à empresa a demissão de Dan Bunting, co-líder da Treyarch, um dos estúdios responsáveis pela franquia Call of Duty. Bunting teria assediado sexualmente uma funcionária em 2017 durante uma festa, mas Kotick interferiu diretamente no caso e Bunting foi mantido no cargo após receber "aconselhamento" a respeito do episódio.
Em 2020, 30 mulheres da divisão de esports da Activision Blizzard, responsável por competições como a Overwatch League e a Call of Duty League, enviaram um e-mail conjunto para chefes do departamento informando que haviam sido “submetidas a toques indesejados, comentários humilhantes, exclusão de reuniões importantes e de comentários não solicitados sobre a aparência delas”. De acordo com o Wall Street Journal, Kotick teve acesso ao conteúdo do e-mail, mas não tomou nenhuma atitude para apurar as denúncias e punir os responsáveis pelos casos de abuso sexual e assédio moral que teriam ocorrido.
Kotick já teria ameaçado assistente
Ainda de acordo com reportagem do Wall Street Journal publicada em novembro de 2021, destaca que o próprio Kotick tem um histórico de escândalos. Em 2006, o executivo teria ameaçado de morte uma assistente por meio de um correio de voz. Procurada pelo WSJ, a Activition Blizzard não negou a veracidade do episódio, mas disse que Bobby procurou esclarecer o ocorrido, dizendo que ele “rapidamente se desculpou pelo obviamente hiperbólico e impróprio correio de voz há 16 anos, e lamenta profundamente o exagero e o tom usado no áudio até hoje".
Em 2007, o executivo foi processado por uma comissária de bordo do jato particular utilizado por Kotick. A comissária disse ter sido demitida por Kotick após denunciar que havia sido assediada pelo piloto do jatinho. A assessoria de imprensa do executivo negou a informação, dizendo que a comissária nunca relatou o caso diretamente a Kotick e que, por isso, o executivo poderia ter sido demitida em decorrência da denúncia.