K'Sante é o mais novo campeão de League of Legends e chegará ao MOBA no início de novembro. Nesta terça-feira (18), a Riot Games revelou uma série de informações sobre o processo de criação do personagem, que vai desde suas mecânicas dentro de jogo inspiradas no anime Naruto, até a influência de Gana na origem de K'Sante, e o fato dele ser um campeão que faz parte da comunidade LGBTQIAP+. No texto abaixo, leia mais sobre estes e outros tópicos sobre o 162º personagem do LoL.
K'Sante e o Rock Lee de Naruto
Para o Rioter Buike “AzuBK” Ndefo-Dah, que é o game designer responsável por K'Sante, tanques são personagens muito forte, mas isso sempre vem acompanhado de alguma desvantagem, como enfrentar duelistas que fazem eles sofrerem, especialmente embaixo de torres. No caso de K'Sante, os devs queriam criar um campeão que fosse capaz de, ocasionalmente, evitar essas situações.
O kit de habilidades do campeão faz muitas coisas, oferece escudo, dash para aliados e controle de grupo, além de escalar com estatísticas defensivas. Uma curiosidade legal é que a ultimate do campeão, Forma Irrestrista, foi inspirada no momento do anime Naruto em que Rock Lee tira os pesos de suas pernas para lutar.
"Enquanto desenvolvia a ultimate de K'Sante, eu não parava de pensar naquela cena de Naruto em que o Rock Lee tira os pesos das pernas e todo mundo se pergunta: 'Espera aí, ele consegue fazer isso?'. Quando apresentei o design de K'Sante, foi assim que expliquei a ultimate dele", AzuBK brinca. "A proposta era que ele ficasse na vanguarda de um confronto de equipe, usasse todas as habilidades para proteger os carries, preparasse o terreno para a equipe e, quando tudo estivesse em Tempo de Recarga, dissesse: 'Bom, já gastei tudo. Hora de abater geral!'."
Um caçador de monstros
Para a Riot, também era muito importante explicar por qual motivo K'Sante se tornou um caçador de monstros e criaturas perigosas. Segundo os desenvolvedores, durante o conflito Shuriname entre Darkin e Ascendentes, infelizmente muitas pessoas se tornaram refugiadas. Parte delas fundou a cidade de Nazumah, que fica próxima de um oásis. No entanto, sendo uma das únicas fontes de água em um gigante deserto, eles precisaram aprender cedo a se defender de incursões do Vazio, leviatãs de areia, saqueadores e outras ameaças.
Tudo piorou ainda mais quando Xerath forçou monstros do deserto shuriname a passar pelo ritual de Ascensão, o que os tornou ainda mais perigosos e letais. Desta forma, a cidade passou a ter uma série de caçadores de monstros, todos orgulhosos de proteger a si mesmos e aos seus semelhantes.
"Os caçadores de monstros de Nazumah são considerados verdadeiros ídolos por seu povo e alcançam até mesmo um certo status de celebridade. Gosto de compará-los com atletas olímpicos. K'Sante treinou a vida inteira para chegar ao nível que possui".
Gana: a principal inspiração para a criação de K'Sante
Para AzuBK, muitos dos personagens negros de League of Legends são definidos por uma grande tragédia, algo que a Riot não queria repetir com a história de K'Sante. "Não há nenhum campeão negro como Garen, que enfrenta problemas, mas não é definido por eles".
Após definir o contexto da história do campeão, era hora de pensar em suas origens também. De família nigeriana, AzuBK pensou na África e encontrou em Gana um caminho para a jornada de K'Sante. Encontrando referências em designers, fotógrafos e outros profissionais ganeses, tudo foi definido.
"Queríamos capturar as estampas vibrantes e tecidos do país. O oeste da África é conhecido por seus tecidos. Kente é um dos tecidos mais famosos do mundo e vem de Gana". O resultado é visto nas roupas que K'Sante usa no jogo.
Um amor interrompido pelo orgulho
K'Sante é um homem negro e gay. De acordo com a Riot, sua personalidade é do tipo que se cobra muito. "E essa cobrança é fruto do sonho de ser o maior caçador de monstros de Nazumah e do desejo de provar o próprio valor ao seu povo e... bem, a si mesmo. É um nazumita extremamente altivo: ele luta contra os Ascendentes e se orgulha do quanto se esforçou para se tornar quem é hoje. No entanto, o orgulho cega e, sem dúvidas, fere as pessoas que mais amamos".
Seu ex-namorado, Tope, era calmo e moderado, enquanto K'Sante vive estressado. Juntos, eles se equilibravam e podiam fazer qualquer coisa juntos, até que se apaixonaram, embora o orgulho exagerado tenha prejudicado a relação.
"Uma hora, eles não foram capazes de matar a serpente-leão Baccai que estavam caçando. Foi aí que a desavença começou. K'Sante precisava matar o monstro para corresponder às próprias expectativas de ser um caçador heroico e um ídolo para o povo nazumita. Tope tentou convencê-lo a pôr o pé no freio e fazer uma pausa, mas os dois acabavam voltando a brigar", explica Michael "SkiptoMyLuo" Luo, escritor de narrativa sênior.
"Os relacionamentos românticos costumam revelar várias das nossas piores características. Só que, de modo geral, eu queria que todo mundo se identificasse com a história de K'Sante e Tope", explicou SkiptoMyLuo. "Colaboramos com os Rainbow Rioters para criar uma experiência comum em relacionamentos, aquela em que você e a outra pessoa não conseguem expressar direito seus sentimentos e frustrações um pro outro. E seu par TAMBÉM não é capaz de deixar claro os sentimentos e frustrações pessoais aos quais está dando prioridade. Daí, no fim das contas, vocês têm que seguir caminhos diferentes, seja num romance, numa amizade ou algum outro tipo de relacionamento. No fim, K'Sante e Tope amadurecem com a experiência e reconhecem que cada um carrega uma parcela de culpa pelo término, mas continuam amigos."
Em termos de diversidade e representatividade, estamos diante de uma boa história, mas sempre é possível ir além. Para AzuBK, "a boa representatividade não vem da criação de algo perfeito, e sim da criação contínua". E ele continua: "Passei muito tempo conversando com SkiptoMyLuo sobre a sexualidade de K'Sante, porque, adivinhem só: sou gay. Tenho muitas opiniões sobre a história do Campeão. Ela não é perfeita — não tem como. Então, eu me coloquei no lugar da comunidade jogadora e pensei sobre a questão não como um desenvolvedor do LoL, mas como um homem negro e gay. Me perguntei: 'Como alguém que joga o jogo, isso me parece uma tentativa boa e séria? Será que eu acho digna?'."
Segundo o desenvolvedor, esta não é uma história, e muito menos uma representação, perfeitas. "Um personagem masculino e gay não compensa por todos os personagens LGBTQIA+ que deixamos de fazer. Mas, no fundo, acho que a resposta é 'sim'. Sim, acho que é digna. É um começo. Agora só temos que fazer de novo. E de novo. E de novo."