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"O LoL não me deu só visibilidade, ele me mostrou quem realmente sou", diz ex-ULT Jessie

"O LoL não me deu só visibilidade, ele me mostrou quem realmente sou", diz ex-ULT Jessie
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Durante a BGS 2022, o MGG Brasil conversou com Jessie, ex-participante do ULT 2, que viu a própria vida mudar para melhor após o reality show de LoL

Ex-participante da 2ª edição do reality show de League of Legends ULT, realizada em 2021, Jessie, atualmente é streamer da Twitch e representante da Odyssey, marca de produtos para o público gamer da Samsung. Durante a Brasil Game Show 2022, o MGG Brasil teve a oportunidade de conversar com a criadora de conteúdo, que falou sobre as mudanças positivas que o ULT trouxe para sua carreira, as novidades no cenário competitivo feminino do LoL e os dois lados da fama: inspirar a comunidade e estar ao lado de quem a inspira no dia a dia.

A vida pós-ULT 2

"Minha vida mudou da água para o vinho em um ano. Antes do ULT eu estava morando em Aracaju, fazendo minhas lives, mas não era conhecida, e agora estou na BGS, peguei credencial VIP, entrei na MEC Inc., virei influenciadora, faço parte de um squad da Samsung, sou embaixadora da marca, peguei parceria na Twitch e em novembro faz um ano que estou morando em São Paulo. Graças a visibilidade do ULT minha vida mudou bastante", contou Jessie, visivelmente empolgada por todas essas conquistas.

Durante a BGS, a streamer permaneceu principalmente no estande da Twitch, onde tirou fotos com uma série de fãs e outros influenciadores também. Durante a entrevista, ela mencionou a streamer Sher Machado, que torceu por ela durante o reality e a ajudou a conquistar muitas das vitórias citadas acima. Vale lembrar também que em 2022, Jessie também participou de transmissões oficiais da Riot Games Brasil sobre o CBLOL.

Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil - League of Legends
Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil

Quando foi eliminada do ULT, Jessie disse que não fazia ideia do carinho que poderia receber da comunidade e de grandes pessoas que ela admirava.

"Quando eu peguei meu celular, já esperava os haters. Quando eu estava voltando para o nordeste, surtei porque a Samira Close assistiu minha live, ela mostrou meu Instagram, minha Twitch e Facebook na live dela. Tinha muitas notificações de gente dizendo: 'Eu vim pela Samira, a gente estava torcendo por você, amamos você'. Eu fiquei uns três dias absorvendo isso, porque não esperava tanto amor e carinho, tanta gente grande que falou comigo. Eu não esperava as coisas boas da visibilidade, só as ruins".

O ULT mudou a vida de Jessie, mas isso só foi possível graças a decisão dela de perseguir seu sonho dentro do LoL. "Esse jogo me ajudou muito a me assumir como uma pessoa trans, porque eu vivia dois núcleos diferentes. Eu tinha minha vida e tinha a Jessie no LoL e lá eu podia ser quem eu era. O LoL não me deu só visibilidade, ele me mostrou quem realmente sou. Pensar na Jessie que tinha medo de se expor, de viver a vida dela, de ser chamada pelo nome que ela queria, e ver o que estou alcançando hoje, me faz sentir um orgulho muito grande".

Fã e inspiração ao mesmo tempo

Foto: Bruno Alvares/Riot Games Brasil - League of Legends
Foto: Bruno Alvares/Riot Games Brasil

Grande parte das pessoas que trabalha com esports, escolheu estar neste meio pela paixão que sente ao assistir um campeonato ou torcer por pro players. Mesmo pessoas famosas do meio possuem seus próprios ídolos e crescer com o ULT ao mesmo tempo que via suas inspirações se tornarem mais acessíveis, encantou Jessie.

"Quando eu saí do ULT a Samira me falou: 'Vem para o meu aniversário, vamos na Party of Legends e você se maquia aqui em casa, o endereço é esse'. E pensei: 'Meu deus, a Samira Close está me chamando para eu me maquiar na casa dela, do nada!'. Eu penso que tenho que parecer o mais natural possível ao lado dessas pessoas. O Jukes aqui na Twitch, eu estava tremendo vendo ele e ele super simpático. É surreal, eu assistia essas pessoas da minha casa e agora elas me conhecem, sabem meu nome, falam comigo. É surreal você ir de um viewer para as pessoas saberem o seu nome".

Foto: Kelly Fuzaro/ULT - League of Legends
Foto: Kelly Fuzaro/ULT

Por outro lado, Jessie se tornou uma grande inspiração para muitas pessoas após sua participação no ULT, especialmente para aqueles que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+. Ao MGG, ela contou mais sobre como se sente sendo um exemplo para muita gente.

"No meu primeiro dia, duas pessoas vieram falar comigo para pedir foto e eu fiquei olhando ao redor e pensando 'É comigo?' e eles 'É sim, é com você!'. Teve um menino que veio falar comigo em Libras, disse que eu era muito fofa. Eu perdi minha mãe há pouco tempo e só consigo pensar em onde cheguei e no quanto ela estaria orgulhosa desse reconhecimento todinho. [...] É surreal e inexplicável essas coisas".

O cenário competitivo feminino de LoL

League of Legends

Jessie, que já participou de um torneio internacional de League of Legends, o Girl Gamer Festival 2020, participa do cenário feminino há bastante tempo e se mostrou empolgada nas redes sociais com a chegada do tão esperado primeiro torneio feminino oficial organizado pela Riot Games Brasil: Ignis Cup - A Primeira Chama, que terá R$ 110 mil de premiação.

Durante a entrevista, Jessie também falou sobre a possibilidade de participar ou não do campeonato.

"Eu participei de alguns testes, mas o torneio começa já na quinta-feira (13), por conta da BGS eu não pensei muito em participar como jogadora, estou pensando mais em criar conteúdo, de repente se a Riot quiser me chamar como convidada. Neste torneio não fui focada em participar, mas falei para todas as meninas que vieram até mim que mesmo não participando, estou na primeira fileira levantando a bandeira e fazendo o possível para isso acontecer. Três meninas trans estavam com muito medo e receio de participar, eu conversei com elas, ajudei o máximo que podia e elas criaram coragem para dar a cara a tapa. Mesmo não participando como jogadora, estou incentivando pessoas a buscarem seus sonhos, esse já é um grande papel na comunidade".

Por fim, a streamer contou mais sobre como se sente neste papel de incentivadora no cenário.

"Eu gosto, porque antes tínhamos gatos pingados só, era muito limitado, você já sabia quantas meninas participariam. Hoje tem times que eu nem conheço as jogadoras, isso é muito bom. Não sinto essa responsabilidade como um peso grande, estou abrindo essa porta para eu passar e outras passarem junto, porque a caminhada não começa em mim e termina em mim, eu não ficarei aqui para sempre. Então quero deixar o campo o mais limpo possível para as outras passarem também".

Confira abaixo as redes sociais de Jessie:

Twitch
Twitter
Instagram
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Beatriz Coutinho
Bia  - Repórter

Garota mágica formada em jornalismo que ama a sensação de assistir campeonatos e escrever sobre as histórias dos fãs de esports.

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