A indústria dos games de tempos e tempos contempla o público com jogos que são enormemente aguardados pelo público, mas que acabam decepcionando. Seja pela péssima qualidade do produto final, decisões controversas do modelo de negócios adotados pelas empresas ou simplesmente pelo fracasso em vendas, esses jogos ficaram marcados na indústria como fiascos ou, no mínimo, grandes decepções.
O MGG Brasil preparou uma lista com os melhores (ou piores) exemplos de games que se tornaram uma decepção assim que foram lançados.
Cyberpunk 2077 (problemas de performance em consoles, crashes e excesso de bugs)
De todos os games da lista, Cyberpunk 2077 é certamente o que melhor se encaixa na categoria decepção. Embora tenha alcançado ótimos números de venda e tenha recebido boas notas análises da versão de PC, o ambicioso RPG de mundo aberto da CD Projekt Red ficou marcado pelos gravíssimos problema de desempenho e excesso de bugs, principalmente nas versões de PlayStation 4 e Xbox One, além de áreas inteiras com um baixíssimo número de NPCs, diferentemente do prometido pelo estúdio de The Witcher.
Devido ao enorme número de problemas do jogo, inclusive com constantes crashes que faziam o game fechar sozinho e bugs que impediam a conclusão de missões, a Microsoft chegou a oferecer reembolso completo para os jogadores, enquanto a Sony retirou o game da PS Store por seis meses. Para piorar, funcionários e ex-funcionários da CD Projekt Red revelaram à Bloomberg que a demo do jogo mostrada na E3 2018 era "quase inteiramente falsa". Além disso, funcionários do estúdio passaram por crunch, com jornadas extenuantes de trabalho para que o jogo pudesse ser lançado em dezembro de 2020.
Hoje, a CD Projekt perdeu a maior parte da credibilidade conquistada após o enorme sucesso de The Witcher 3: Wild Hunt e continua trabalhando na correção de problemas de Cyberpunk 2077, que frustrou expectativas e sequer foi indicado so prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards 2021.
Cyberpunk não é, no estado atual, um dos piores jogos de todos os tempos, longe disso. Mas é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores decepções da indústria em décadas, especialmente para quem comprou o game para PlayStation 4 ou Xbox One no lançamento.
Mass Effect Andromeda (bugs, expressões faciais bizarras e história ruim)
Mass Effect foi uma das franquias de maior sucesso da indústria de games na geração do Xbox 360 e PlayStation 3, com um trilogia aclamada por crítica e público, ainda que o terceiro episódio não tenha conseguido repetir o sucesso de seu antecessor. Justamente por isso, Mass Effect Andromeda, lançado em 2017 era aguardado com enorme expectativa, mas não chegou sequer perto de atingi-las.
Com excesso de bugs, qualidade gráfica abaixo do esperado, expressões faciais absolutamente bizarras e uma história muito inferior à da trilogia clássica, Andromeda se transformou numa dor de cabeça para a BioWare, que pediu desculpas públicas aos fãs, e para a EA, que decidiu colocar a franquia na geladeira, de onde ela só saiu para o lançamento de uma coletânea remasterizada da trilogia original, lançada em maio de 2021.
Os problemas em torno fiasco do jogo, no entanto, têm explicação. Uma reportagem do Kotaku assinada pelo jornalista Jason Schreier mostrou que a BioWare era um estúdio com um ambiente de trabalho extremamente tóxico, com relatos de funcionários e ex-funcionários de abuso e assédio moral, jornadas extenuantes de teabalho e afastamento de funcionários por stress. Havia, além disso, grandes limitações técnicas por causa do fraco motor gráfico do jogo, a Frostbite 3.
Megaman X7
Megaman X é uma das séries de jogos de ação e plataforma mais importantes e icônicas da história dos games, com temática mais séria e distópica dos Megaman clássicos. Após os cinco primeiros jogos serem adorados pelos fãs e o sexto episódio ser, no mínimo, controverso, Megaman X7 foi o verdadeiro ponto baixo da série.
Com o Maverick Hunter Axl se juntando a X e Zero para formar um novo trio de heróis e a promessa de iniciar um novo arco de histórias, Megaman X7 aproveitou o potencial gráfico do PlayStation 2 para investir na jogabilidade 100% tridimensional em várias fases. O resultado do projeto foi tão desastroso e odiado pelo público que a Capcom decidiu retornar à gameplay 2D em Megaman X8, mesmo mantendo os gráficos 3D de X7. Este é, sem dúvidas, o ponto baixo da série X e, muito provavelmente, de toda a franquia.
Fallout 76
Desde os primeiros jogo da série, desenvolvidos pela Interplay Productions e pela Black Isle Studios, Fallout foi sucesso de crítica e público. Após a Bethesta Softworks adquirir os direitos da franquia e transformar Fallout num RPG de ação com perspectiva em primeira pessoa, o sucesso da série atingiu patamares ainda mais elevados, com Fallout 3 sendo aclamado mundialmente e Fallout 4 sendo, apesar de algumas críticas pelo número excessivo de bugs, recordista de vendas da franquia. Além disso, o spin-off Fallout New Vegas, desenvolvido também se tornou um clássico e o favorito de uma parcela significativa de fãs.
Essa trajetória contínua de sucessos foi interrompida por Fallout 76, que abandonou o caráter single player para apostar num RPG multiplayer online. O problema não foi a proposta do jogo, mas sim a péssima execução, com um jogo considerado vazio em conteúdo, com uma história desinteressante e distante e uma quantidade de bugs ainda maior do que em Fallout 4.
O resultado foi o jogo com pior avaliação de crítica e público da estreia da franquia, queda vertiginosa de número de jogadores online poucas semanas após o lançamento e um jogo mesmo após melhorias ao longo dos últimos anos, certamente é muito menor em popularidade do que a Bethesda planejou.
Marvel vs Capcom: Infinite
De todos os grandes lançamentos de jogos de luta da geração do PlayStation 4 e Xbox One, Marvel vs Capcom: Infinite foi, com sobra, o maior fracasso. Com um histórico de sucessos desde X-Men vs Street Fighter (1996) e Marvel Super Heroes vs Street (1997), passando também por Marvel vs Capcom 1, 2 e 3, a série Versus é uma das mais longevas e bem-sucedidas dos fighting games, mas Infinite interrompeu uma longa história de êxitos da Capcom com a franquia.
Lançado em 2017, quando o Universo Cinematográfico Marvel já era extremamente popular, Marvel vs Capcom: Infinite é um jogo claramente alinhado com a proposta da Casa das Ideias em apostar somente nos personagens podia explorar no MCU, o que fez os X-Men, cujos direitos no cinema pertenciam na época à Fox, ficarem completamente de fora do jogo. Este, no entanto, foi o menor dos problemas de Infinite.
Com um orçamento muito menor do que o de Street Fighter V e um padrão gráfico já muito abaixo dos principais jogos de luta lançados na época, como o próprio SFV, Mortal Kombat X, Tekken 7 e Injustice 2, Marvel vs Capcom Infinte trouxe visuais que desagradaram os fãs e ainda apresentou uma gameplay baseada nas 6 Joias do Infinito que, apesar de promissora no papel, agradou bem menos os fãs de longa data da franquia do que o sistema de Marvel vs Capcom 3, por exemplo.
Com um elenco desfalcado, visuais datados já no lançamento e jogabilidade bem menos acelerado do que a tradição da série, Marvel vs. Capcom Infinite fracassou comercialmente, foi rapidamente abandonado pela Capcom e não conseguiu brilhar nem mesmo no competitivo. Hoje, é mais fácil ver grandes eventos de jogos de luta, como o Combo Breaker e o CEO, terem campeonatos de Marvel vs Capcom 3 do que de MvC Infinite.
Shenmue 1 e 2 (aclamados por crítica e fãs, mas fracassos comerciais)
De todos os jogos que aparecem nesta lista, Shuenmue 1 e 2 são os únicos que foram aclamados por crítica e público quando foram lançados. Os títulos de ação e aventura dirigidos e produzidos por Yu Suzuki, um das mentes criativas mais reconhecidas da indústria, seguem a história do jovem artista marcial Ryo Hazuki, que busca vingança pela morte do pai.
Com uma história grandiosa e um projeto extremamente ambicioso e imersivo, Shenmue 1 e 2 estão também entre os jogos mais caros produzidos de todos os tempos, impressionavam pela enorme qualidade gráfica e foco na história e série de atividades secundárias. O único problema dos jogos foram as vendas muito abaixo do projetado pela SEGA para pagar os enormes custos de produção do primeiro, estimados na casa dos US$ 70 milhões no fim dos anos 1990, o que fazia do título o jogo mais caro da história até então.
O mau desempenho comercial dos dois primeiros jogos prejudicou inclusive a continuidade da franquia, que só teve o terceiro dos lançado em 2019, 18 anos depois de Shenmue II e após um longo processo de financiamento coletivo, além de posteriores aportes financeiros da Sony e da publisher Deep Silver.
Há rumores de que a 110 Industries estaria trabalhando na produção do quarto jogo da série, mas o fato é que Shenmue 1 e 2 foram jogos que causaram enorme prejuízo financeiro à SEGA e por, isso, foram fiascos comerciais.
Star Wars: Battlefront II (2017)
Star tem uma história irregular nos games, com títulos excelentes e esquecíveis sendo lançados quase que na mesma proporção. Mas nenhum game foi tão decepcionante e gerou tanta revolta do público quanto a edição de 2017 de Star Wars: Battlefront II, que não chega sequer perto de honrar o nome do game original, lançado em 2005 para Xbox, PC e PlayStation 2
Apesar dos gráficos dignos de um triple A da geração do PlayStation 4 e Xbox One e ser um shooter competente, o jogo foi extremamente criticado pelo excesoo de microtransações e loot boxes, mesmo sendo um jogo pago e com padrão de preço de todos os games de alto orçamento do mercado.
Jogadores que não estivessem dispostos a gastar uma boa quantia em microtransações levavam enorme desvantagem no multiplayer online, o que fez Battlefront II receber uma enxurrada de notas baixíssimas de usuários no Metacritic. Para piorar, o jogo é considerado um dos grandes responsáveis por 15 países da Europa assinarem um abaixo-assinado contra as loot boxes, que chegaram a ser comparadas a jogos de azar.
E.T. the Extra-Terrestrial, do Atari 2600
Embora apareça em algumas listas como o "pior jogo de todos os tempos", ET the Extra-Terrestrial, jogo baseado no filme E.T.: O Extraterrestre e lançado para o Atari 2600 em dezembro de 1982, é também um dos exemplos mais emblemáticos de como não dar tempo para desenvolvedores fazerem seu trabalho de forma adequada é, além de exploração trabalhista, uma péssima estratégia de negócios.
Apesar da enorme expectativa em torno do projeto, nem mesmo a presença do game designer Howard Scott Warshaw, responsável de grandes sucessos da época como Yars Revenge e Raiders of the Lost Ark (jogo baseado no filme Indiana Jones: Os Caçadores da Arca Perdida), salvou o game do desastre completo.
Basicamente, o game recebeu críticas extremamente negativas em três dos principais pilares de um bom game: história, qualidade visual e gameplay. Contudo, o fiasco do projeto é culpa muito mais da Atari do que de Howard e do time de desenvolvedores, que tiveram apenas cinco semanas para fazer um jogo que deveria vender no mínimo 4 milhões de unidade apenas para cobrir os custos de produção do projeto. Somente em direitos de licenciamento do filme, a Atari desembolsou na época cerca de US$ 21 milhões.
Durante a onda de filmes adaptados para jogos, a Atari queria surfar a onda do enorme sucesso de E.T. nos cinemas para fazer um jogo que fosse lançado ainda em 1982, mesmo ano de lançamento do filme. A meta foi alcançada, uma vez que o título foi lançado em dezembro daquele ano. O game até começou com boas vendas, com 2,6 milhões de cópias comercializadas ainda em 1982, mas a péssima recepção do público fez quase 700 mil cópias serem desenvolvidas em 1983 e estima-se que algo entre 2,5 milhões e 3,5 milhões de cópias ficaram encalhadas nas lojas. Para dar ares ainda mais dramáticos à história, milhares de cartuchos de Atari foram enterrados num deserto dos Estados Unidos.
Anthem
Em janeiro de 2019, a BioWare emplacou um novo fiasco, mas desta vez com uma propriedade intelectual nova: Anthem. Apesar dos excelentes gráficos e a expectativa em torno de um jogo que fosse uma espécie de "Homem de Ferro da EA", o RPG online de ação entregou uma experiência essencialmente vazia.
Tirando a parte visual, na qual realmente houve muito capricho, Anthem era um jogo extremamente repetitivo, com uma trama desinteressante e fator de replay baixíssimo. Se a BioWare era até então um estúdio conhecido por apresentar tramas grandiosas e jogos que prendiam a atenção do jogador, Anthem ia na direção contrária e se mostrava apenas mais um multiplayer genérico com bons visuais. A EA chegou a tentar reviver o game com conteúdos após o lançamento, mas abandonou completamente o projeto Anthem Next, que prometia revitalizar o game.
Duke Nukem Forever (fracasso comercial e de crítica)
Franquia que fez sucesso especialmente nos PCs na década de 1990 e com alguns títulos que tiveram êxito no PlayStation 1, Nitendo 64 e GameBoy, Duke Nukem tem uma estética que bebe muito da fonte dos filmes de ação dos anos 1980, inclusive nas pontos mais extravagantes e absurdos. A franquia criou uma base de fãs fiel e que por muito tempo aguardou por um novo grande projeto, e Duke Nukem Forever, que levou 14 anos até finalmente sair do papel e ser lançado, parecia ser título. Apenas parecia.
Desenvolvido pela 3D Realms e publicado pela 2K games, o jogo decepcionou crítica e público, recebendo várias avaliações negativas por seu level design pobre, pouco criativo e uma mecânica de tiros com quase nenhum impacto. Enquanto o gênero shooteer evoluiu enormemente ao longo dos anos 2000, com jogos como Halo 3, Call of Duty: Modern Warfare 2 e Gears of War 2 sendo enormes sucessos graças a boas histórias e grande refinamento técnico, Duke Nukem Forever parecia parado no tempo nesses dois aspectos, parecendo evoluir pouquíssimo em relação a títulos antigos da série, como Duke Nukem 3D e Duke Nukem: Time to Kill e até mesmo Duke Nukem Advance. Doom, por exemplo, é uma franquia clássica dos um FPSs que sobreviveu ao teste do tempo e conseguiu se modernizar sem perder a essência dos jogos originais.
A Take Two Interactive, dona da 2K, esperava vender pelo menos 3 milhões de cópias com Duke Nukem Forever, mas o jogo vendeu aproximadamente 2,5 milhões de unidades 11 anos e incontáveis promoções depois.
Superman 64
De todos os jogos desta lista, nenhum é tão mal avaliado pela crítica em agregadores de nota (Metacritic e GameRankings) quanto Superman 64, e não faltam motivos para ele ser tão mal avaliado. "Inspirado" na série animada dos anos 1990, o jogo de ação e aventura é praticamente uma unanimidade negativa, com decisões tenebrosas desde a história ruim até um gameplay ainda pior.
Na trama, Superman precisa resgatar seus amigos que foram parar numa espécie de realidade virtual graças a Lex Luthor. A partir daí, cabe ao herói da DC voar por Metropolis resgatando argolas espalhadas pela cidade, que é inacreditavelmente vazia para uma cidade inspirada em Nova York. É, sem dúvidas, uma das campanhas mais entediantes da história dos games.
Nas 14 missões do jogo, Superman acumula momentos vergonhosos graças aos péssimos controles de movimento. Ele voa e golpeia de maneira atrapalhada, é lento não protag4 oniza uma luta memorável sequer. Superman 64 é pior jogo já feito do Superman, o pior game de super-herói de todos os tempos e certamente figura na maioria das listas piores games da história.