Estão abertas as inscrições para a terceira edição do curso de Gestão em Esports da Escola THE360, cujo foco serão os temas: inclusão e diversidade. O jornalista e consultor Luiz Queiroga é o coordenador do curso, que conta com a parceria de empresas como Intel e TikTok, e a presença de professores como Barbara Gutierrez, Andreza Delgado e Ricardo Chantilly.
As aulas acontecem ao vivo entre 19 e 28 de julho, com interpretação em Libras, mas também podem ser acessadas posteriormente. Além de 16 horas de conteúdo, os alunos ganharão um certificado de conclusão, acesso a um grupo fechado e um workshop oferecido pelo TikTok.
"Orgs, pro players, streamers e empresas têm de entender como o seu posicionamento influencia e impacta seguidores, torcedores, consumidores e até patrocinadores. [...] Por meio de erros e acertos, será mostrado aos alunos cases para a solidificação do mercado de um modo mais profissional, ético e atualizado com o mundo atual", informa a plataforma do curso.
O curso pode ser adquirido por R$ 160, à vista, ou, R$ 200, valor que pode ser parcelado em até cinco vezes. Acesse este link para se inscrever.
De acordo com Queiroga, o curso é uma extensão de quem ele é. "Eu estou em um momento de vida e carreira no qual estou dando passos para ser um agente de transformação. Eu já era enquanto jornalista. Um jornalista preto. Mas, pra quem sempre acompanhou o meu trabalho, sabe que cada vez mais meu lado ativista se fez presente nas pautas que eu trazia dentro da imprensa. Em dado momento do ano passado eu coloquei na cabeça: preciso ir além do jornalismo. O que eu faço hoje aqui já é muito importante, mas quero mais. Não posso ficar só na contação de história… E aí pensei: 2021 vou abraçar projetos e cursos de inclusão e diversidade. O curso surgiu desse processo todo".
Conhecido por sempre se posicionar sobre causas diretamente ligadas à inclusão e diversidade, ele afirma que seu ativismo custa caro para sua imagem no cenário.
"A gente sabe que, infelizmente, tem ainda muito CEO do cenário que vê todo esse movimento como 'lacração'. É uma ideia totalmente batida e burra, afinal, quanto mais diverso, melhor para a sua marca em termos de negócios. E aqui eu precisei buscar o equilíbrio, até mesmo por ser o meu nome na parada. Quem acompanha meu trabalho sabe que sempre fui de me posicionar e cobrar. Isso teve um custo. Isso ainda tem um custo. Então como eu, Luiz Queiroga, consigo atingir até mesmo o mano que tá lá numa posição de poder, mas que já tem opinião torta formada sobre mim? Como eu faço que essas pessoas que estão em cargos diretivos e, portanto, de decisão, não deixem de se interessar pelo curso só porque quem está coordenando é 'aquele ativista lá'?".
Dessa maneira, a escolha dos professores do curso foi feita de forma que outros grandes nomes do cenário fossem mesclados ao de Queiroga e de mais pessoas capacitadas a falar sobre o assunto.
"Eu precisava trazer nomes fortes de pessoas e marcas que consigam me blindar disso. Nomes que condizem com os valores que eu busco. Aí você olha pro curso, tem uma FURIA, tem uma GamersClub, tem uma Intel. Isso já faz com que essa mesma galera fique: 'Olha só…'. E, pelo outro lado, tenho autonomia total de conseguir trazer agentes de transformação incríveis pra dentro porque estamos com um curso equilibrado. Aí é quando uma Andreza vai chegar para esse público e meter a maior bronca no que diz respeito a negócios e periferia, tá ligado? É quando uma Sher vai abrir os olhos da galera sobre: querido, você não pode fazer um torneio para pessoas trans que a operação não contemple essas mesmas pessoas".
Veja abaixo quem são os professores e a programação das aulas:
Programação do curso
- Esports BR: Quem, de fato, é gamer no país?
- O ecossistema dos esports é realmente inclusivo?
- Coletivos: os pilares de inclusão e diversidade nos esports
- O impacto social de uma org: grandes títulos, grandes responsabilidades
- Inclusão é negócio, não é caridade!
- Intel: na diversidade devemos colaborar, não competir
- Construir uma marca é no dia a dia
- Torneios para minorias: do conceito à execução
- Favela nos esports: o Free Fire te conecta a um mercado bilionário
- A psicologia nos esports não deve ser usada só pensando no alto rendimento
- Empreendedorismo genuíno e com impacto social
- Workshop Creators TikTok garantido para todos os alunos
- Atividade prática garantida para todos os alunos
Queiroga afirma ainda que embora o cenário esteja se movimentando para contratar pessoas visando a inclusão e a diversidade, essa ação ainda é superficial, algo que pode ser mudado quando se entra em contato com os conteúdos do curso da Escola THE360.
"De forma efetiva, vejo pouca inclusão e diversidade ainda no cenário. Caso contrário, um curso desse nem seria preciso, né? E é isso que me incomoda. As empresas dos esports não estão impactando como deveriam. Começamos a ver uma onda de contratações nesse recorte em determinadas áreas, como casting e time de influenciadores, mas de que adianta isso se cargos diretivos ainda não contam com pluralidade? É preciso que todo o processo seja genuíno, esse é o ponto. Só contratar um streamer negro, por exemplo, não é solução. É preciso que aquele corpo preto que está ali tenha uma estrutura que saiba lidar com as questões estruturais que atravessam aquele streamer, como o racismo. Então, no geral, a gente vê movimentações bacanas, mas é tudo ainda muito tímido. Em alguns casos, infelizmente, ações de vitrine. Tem quem pague de ser inclusivo, mas que não quer realmente pagar para ser inclusivo".
O que o cenário de esports está acostumado a ver é a criação de coletivos pelos próprios fãs que fazem parte dessa comunidade. Projetos como Sakuras Esports, Wakanda Streamers, Liga dos Surdos, entre outros, mostram que, cansadas, as minorias criam seus próprios meios de acessar esse ecossistema - segundo Queiroga, o contrário precisa acontecer, com as iniciativas partindo das grandes empresas e organizações.
"É um ponto que eu defendo muito. Os movimentos de transformação dentro do cenário se deram sempre de baixo pra cima! E ainda se dão. Partiu de quem sempre esteve marginalizado nesse ecossistema gamer. Aí como a gente não se enxerga ali, a gente começa a se mobilizar. É por isso que um coletivo é criado, por exemplo. É o famoso movimento de abrir as portas na base do chutão porque só assim que vai. Já passou da hora dos grandes times e das empresas se abrirem para isso. O próprio mercado já está mostrando isso, afinal, o mercado é feito pelos consumidores. Até mesmo por conta desse trabalho mais social, que possibilita a entrada das ditas minorias em um meio tão excludente, mais gente dá as caras e, portanto, grita por transformações. Eu não quero torcer pra um time que passe pane pra racismo. Eu não quero que meu time tenha como grande ídolo um assediador.
Isso tudo reflete. Por mais que eu tenha minhas ressalvas com redes sociais, a gente percebe como que fazer barulho tem ao menos chacoalhado um pouco o cenário. E quem faz barulho são essas pessoas que, assim como eu, só querem se sentir pertencidas aqui nos esports. No fim, estamos falando de investimento. E quem tem dinheiro e poder são esses agentes do mercado, as grandes orgs, as empresas, as publishers… É importante que o movimento se dê também de cima pra baixo, afinal, é como as coisas fluem naturalmente dentro de qualquer mercado. A gente que tá aqui embaixo não quer ficar dando chutão em porta só pra participar do rolê. Esse é o papel desses grandes agentes do meio: trazer investimentos que refletirão em uma comunidade mais diversa, mais múltipla, mais tudo. E isso se dá com ações afirmativas, com conscientização. A galera que tá no corre diário já faz isso, por que as empresas não?".