O jogador de futebol Danilo Avelar se encontra no centro de um caso de racismo ocorrido durante uma partida de Counter-Strike: Global Offensive. O episódio culminou na rescisão de contrato por parte do time em que o sulista atua na defesa: o Corinthians. O caso teve grande repercussão na manhã da última terça-feira (23), após o zagueiro do time paulista se manifestar em seu Twitter admitindo o uso de insultos de cunho racista.
A frase em questão foi: "fih (filho) de uma rapariga preta", sob a alcunha de "D.A35". A ofensa foi proferida em discussão com um jogador argentino, em partida que acontecia na plataforma Coliseum.
Na captura de tela do chat da partida, que rodou a internet, é possível ver que o zagueiro foi de fato identificado pelos outros jogadores como sendo Danilo Avelar, jogador do Corinthians.
Em nota, o zagueiro expressou: "Errei, falhei e me envergonho muito disso", após ter confirmado ser o autor da frase racista. Ele relatou ter perdido a cabeça após ser ofendido por um jogador estrangeiro em sua condição de brasileiro.
Na continuação do pronunciamento em seu perfil, Danilo Avelar se desculpou com a comunidade, com o Corinthians e de acordo com ele, sobretudo com a comunidade afrodescendente. Não somente, também manifestou que suas falas durante a partida não condizem com o que pensa e com o que vai ensinar ao seu filho.
De acordo com o portal Globo Esporte, foram horas de reunião para a tomada de decisão entre a equipe jurídica e a diretoria de futebol do Sport Club Corinthians Paulista sobre o futuro do jogador na defesa da equipe. As circunstancias para o término do contrato ainda estão sendo discutidas pelo time, juntamente com a agência representante de Danilo, Elenko Sport.
O comunicado da rescisão foi transmitido por nota oficial no perfil do clube de futebol nas redes sociais, na tarde do mesmo dia após o pronunciamento do zagueiro:
Banimento de Danilo Avelar
Danilo não apenas deixará de jogar pelo time, como também foi banido da plataforma Coliseum, que faz o gerenciamento de partidas de Counter-Strike: Global Offensive. "zEttA", o jogador com quem estava discutindo, também teve sua conta banida por insulto racial, de acordo com nota da plataforma.
Não apenas, teve sua participação cortada do mod fielmente conhecido por entre os brasileiros: Bomba Patch. A equipe responsável pela série de modificações do jogo Pro Evolution Soccer (PES) se pronunciou poucas horas depois da publicação da nota do jogador no Twitter.
Confira na íntegra, os pronunciamentos das marcas.
Discriminação nos esports
Casos de ódio às minorias assolam o mundo dos esports. Nos últimos dias, também houve acusações de racismo e transfobia no cenário de Valorant e Free Fire.
As plataformas de streaming, assim como organizações e patrocinadores estão aplicando sanções e terminando parcerias. Hernan "Hastad" Klingler, envolvido em outro caso de injúria racial, foi banido da Twitch e teve seu contrato suspenso com a Redragon e ExitLag.
Um outro caso foi o de Pedro "Buxexa" Henrique que teve seu contrato suspenso com o Fluxo. O jogador de Free Fire fez comentários transfóbicos em live sobre a influenciadora Marcella Pantaleão. Confira na sequência o comunicado da organização:
Movimentação nas redes sociais
A comunidade gamer tem reagido e mostrado seu descontentamento nas redes sociais, cobrando posicionamento das marcas em frente aos discursos de ódio promovidos.
Como os casos envolvem personalidades influentes do cenário de esports, além de estarem ocorrendo em períodos curtos de tempo, as redes sociais estão extremamente movimentadas.
Vale lembrar que racismo é crime previsto no Art. 20 da Lei 7.716/1989: "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". Sob pena de reclusão de um a três anos e multa.
Transfobia também é crime no Brasil. Que em 2019 se tornou o 43º país a criminalizar a homofobia e transfobia após maioria no Supremo Tribunal Federal (STF) aprovar a criminalização. Assim, declarações homofóbicas e transfóbicas passaram a se enquadrar no crime de racismo até que haja a implementação de uma nova lei específica sobre o tema.