A BOOM realizou uma façanha para poucos no cenário brasileiro de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO). A equipe já era aguardada no país com o status de estrela, mas nem o próprio elenco acreditava que faria uma temporada perfeita em 2020, vencendo literalmente todas as competições que disputou.
Vencer é sempre muito bom e é o objetivo final de todo competidor, no entanto, em entrevista exclusiva ao MGG Brasil em parceria com a Betway - site de apostas em esports que patrocina a MIBR - Alessandro "Apoka" Marcucci destacou que perder também tem um papel fundamental na linha evolutiva de um time e até o início de 2021 seu elenco não sabia o que era isso.
"Um fato curioso que eu não lembro de ter comentado em nenhum momento é que entre o nosso quarto ou quinto campeonato [no Brasil] eu falei para os meninos que nós só nos tornaremos um time melhor quando perdermos, para vermos no que a gente precisa melhorar, ver como reagiremos a uma derrota... Então eu falava para abrirmos a cabeça pois em algum momento nós perderíamos, mas a gente simplesmente não perdeu... Isso nos pegou um pouco de surpresa porque no Brasil tem times muito fortes e nós conseguimos fazer um baita de um trabalho."
Antes do próprio treinador, Ricardo "Boltz" Prass admitiu que esperava uma boa passagem pelo Brasil, mas não ser "basicamente perfeito o ano inteiro":
"Pelos jogadores que a gente tinha e pela experiência de jogar lá fora, nós sabíamos que conseguiríamos ser o time top 1, mas talvez não tão dominante, de jogar 10 campeonatos e ganhar os 10", disse Boltz. "Isso pegou todos de surpresa e até nós mesmos", completou.
Após construir um reinado no Brasil, o panorama do time mudou bruscamente. A começar pela saída de Joao "felps" Vasconcellos, considerado uma das peças mais importantes da passagem impecável pelo solo verde e amarelo. Também aconteceram a mudança de organização, a entrada de um novo jogador e a mudança para Europa - considerada a região mais forte e avançada no planeta quando o assunto é CS:GO.
Sobre a saída de felps, Boltz deixou claro que não teve a ver com a MIBR pois o fato aconteceu antes da proposta da organização e, além disso, foi uma decisão totalmente dele. Já Apoka comentou o impacto desta perda no elenco: "Ele [felps] fez e faz muita falta. Era um time que a gente estava tentando treinar e sempre falando que chegaria a hora de jogar lá fora, mas acho que acabou demorando e quando essa hora finalmente chegou o felps não estava mais com a gente".
A alteração na line-up que hoje atende por MIBR viu a entrada de Daniel "danoco" Morgado, para ocupar a vaga de felps. Apoka contou que outros jogadores foram testados e explicou que a maioria no Brasil ainda precisaria ser bem lapidada pela pouca experiência fora do país e a discrepância do nível para o cenário internacional. Segundo boltz, foi danoco que "mais agradou nos treinos, na postura, questão de gameplay, vontade e mais".
Os próximos passos da nova escalação nesta nova fase são vistos mais como aprendizados e adaptação. Neste sentido, voltamos a fala de Apoka sobre se tornar uma equipe melhor aprendendo com as derrotas - e as primeiras vieram somente neste início de ano.
Sendo assim, neste clima de aprender e encaixar o próprio danoco que ainda está aprendendo a jogar em um elenco que já estava junto há um ano, já era esperado que a MIBR não emplacasse um início de ano brilhante. Mas os primeiros resultados como vitórias sobre Fnatic e FaZe, tirar um mapa da Na'Vi e conseguir partidas duras contra Team Liquid e Heroic, começaram a aparecer.
Enquanto a torcida acompanha a evolução dentro de jogo, há também um grande esforço sendo feito nos bastidores. Ao assumir a diretoria da MIBR, Yuri "Fly" Uchiyama introduziu a ideia de criar uma comissão técnica robusta. Apoka também reforçou a ideia, chamou atenção para as contratações de Renato "nak" Nakano e um psicólogo e afirmou que mais novidades podem pintar em breve.
"Assim como o Fly falou, aos poucos a gente quer adicionar e acredita neste trabalho multidisciplinar. Já pensamos em nutrição, cozinheiros, treinamento físico..."
Até mesmo os pro players podem dar as boas-vindas a um novo companheiro em breve: "Antes da gente ter o quinto player já falamos abertamente sobre a ideia de termos seis jogadores. A forma como vamos fazer isso é algo mais interno até porque não sabemos como tudo vai acontecer, mas temos sim esta ideia de termos seis players na rotação".
De acordo com o que foi falado, podemos esperar uma família MIBR cada vez mais robusta. Até lá, a equipe corre atrás da evolução com o que tem e já encara um calendário recheado de grandes competições e adversários. Após as disputas do CS_Summit 7, BLAST Premier Spring Groups 2021 e o Play-in da IEM Katowice, o time já está confirmado na ESL Pro League Season 13, que acontece entre 8 de março e 11 de abril.