Você se dedica muito a um game que faz parte dos esports? Passa horas treinando ganks no League of Legends (LoL), estratégias ‘diferentonas’ no Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), testando todos os heróis de Overwatch ou até mesmo investindo tudo que pode no novo Valorant? Se a resposta for sim, pense no quão difícil seria se entregar completamente a outro jogo depois de todo o esforço no anterior - e acredite: até mesmo pro players fazem isso.
NinexT
Quando falamos nesta troca de jogos, um dos nomes mais lembrados é o de Nino "NinexT" Bernardes. Ele foi pro player de Rainbow Six: Siege (R6), PlayerUnknown’s Battlegrounds (PUBG), Paladins, Apex Legends e outros games. Se o jogo tem mira e tiro, é com ele mesmo. No entanto, além dele, vários outros jogadores já pularam de um game para o outro.
Murizzz
Embora pareça difícil pensar em trocar completamente um game por outro - ainda mais quando isso acontece no cenário competitivo -, a transição ainda pode ser tranquila para alguns pro players. Um bom exemplo disso é o caso de Murillo "murizzz" Tuchtenhagen, jogador de Overwatch da Black Dragons.
Murizzz pensou em começar a carreira profissional como jogador de League of Legends. “Eu tinha apenas 15 anos e não podia jogar competitivamente, então comecei a jogar Heroes of The Storm. Em 1 mês, já estava no time que se tornou a Burning Rage/Red Canids”, contou o jogador.
“Como nosso time tinha uma grande vantagem sobre todas as outras equipes no HoTS, eu tinha bastante tempo livre pra [sic] fazer o que eu quisesse, então eu comecei a tryhardar muito no Overwatch. Alguns meses depois, fui chamado para fazer teste em um time top 3 [Team Jesus], então comecei a jogar OW profissionalmente.”
Na época, em 2016, o jogador já estava classificado para disputar o Mundial de HoTS. Sim, é isso mesmo: ele jogava profissionalmente ao mesmo tempo em duas equipes diferentes e em jogos completamente distintos.
Como o intervalo das datas entre o último torneio regional do MOBA e o campeonato global era grande, Murizzz pôde se dedicar ainda mais ao Overwatch. “Digamos que eu dei sorte e tudo se encaixou”, brincou o pro player.
Posteriormente, ele entrou na BGH, uma das melhores equipes brasileiras no jogo de tiro da Blizzard, e tornou-se campeão brasileiro de Overwatch. Atualmente ele está aposentado do jogo e parece interessado em Valorant.
Bit
Bruno “bit1” Lima também é um exemplo de jogador que trocou de game. O pro player estreou no mundo competitivo no Counter-Strike 1.6, e chegou a jogar na lendária equipe MIBR. Com o passar do tempo, o cenário foi enfraquecendo e o tempo livre de bit, aumentando.
“Em 2013, o CS estava bem fraco tanto no Brasil quanto fora. Eu estava me divertindo bastante jogando LoL e fui chamado para completar um CBLoL para o Nex Impetus. Acabamos ficando em 3º lugar e a partir disso recebemos proposta de patrocínio da KaBuM. Acabei jogando por mais alguns meses, até que parei e me dediquei apenas à organização. Nunca tive intenção de realmente entrar no competitivo, mas acabou acontecendo pelo bom resultado no CBLoL”
Com o tempo, bit voltou para o CS:GO e colecionou títulos em 2017, jogando pela Team One. Depois disso ele teve alguns altos e baixos na sua carreira, tornou-se membro oficial do time de casters do Clutch Circuit e atualmente atua como jogador - ainda de CS:GO - da 9z Team com brasileiros, uruguaios e argentino.
brTT
Felipe “brTT” Gonçalves já passou por games diferentes como o Counter-Strike 1.6, além de chegar a representar também a CNB ao lado de Danylo “kingrd” Nascimento no time de Dota 2 dos bloomers… Onde já era famoso por jogar agressivamente.
No entanto, o jogo que o consagrou como ídolo nacional foi o League of Legends. Por lá ele passou por grandes organizações como paiN Gaming, Keyd Stars, RED Canids e até mesmo o Flamengo, seu time de coração desde pequeno. Hoje em dia ele está em sua terceira passagem pela própria paiN.
A prática é comum no Brasil e no mundo
Também há exemplos internacionais que optaram pela mudança de foco. Matthew "FormaL" Piper, muito conhecido no cenário de Halo, foi para Call of Duty e não decepcionou, já que conquistou o título de campeão mundial.
O ex-pro player russo Dmitry "Happy" Kostin começou sua carreira competitiva em Warcraft III, mas em 2011 passou a jogar StarCraft II, game no qual atuou até se aposentar, em 2016.
Às vezes, até mesmo um time inteiro muda de jogo. Em 2012, a Fnatic chamou todos os seus jogadores de Heroes of Newerth para o time de Dota 2 da organização.
Voltando aos exemplos nacionais, podemos citar os diversos jogadores e equipes de Battlefield 4 e Warface que migraram para o Rainbow Six: Siege. Alguns exemplos são as line-ups em que Leo "Zigueira" Duarte e Victor "Intact" Janz atuavam no início do R6 no Brasil.
Fenômeno Valorant
Antes mesmo de lançar o Valorant tornou-se um fenômeno no mundo dos esportes eletrônicos. Antes mesmo de se quer testar o game, já haviam pessoas ansiosas, as quais se intitulavam como profissionais do shooter da Riot Games.
Após o lançamento do BETA fechado, muitos já começaram a se movimentar neste sentido. No Brasil, nomes do CS:GO como Matheus "Dem0" Yokomizzo, Thiago "Cryo" Amorim e mais se uniram e agora representam a Team Vikings no Valorant.
Fora do país, Braxton "swag" Pierce, Victor "food" Wong, Tyson "TenZ" Ngo e outros nomes conhecidos no CS:GO já investem em Valorant. Pro players de vários outros games, desde Overwatch até PUBG e mais já atingiram níveis altíssimos nas ranqueadas e pretendem focar sua carreira neste caminho.
Diferenças e semelhanças
Apesar de constatarmos que a mudança de game nos esports não é nada incomum, também não da para dizer que é fácil. Assim explica bit, que esteve no competitivo de CS e LoL, dois jogos completamente diferentes.
"Basicamente, você não consegue aproveitar nada em questão técnica de um jogo para o outro", afirmou o jogador.
HoTS e Overwatch também são muito distintos, mas Murizzz pensar um pouco diferente e afirma que é possível levar aprendizados de um game para o outro.
"O OW é considerado um FPS, porém, para muitos jogadores profissionais ele é muito mais um MOBA do que um FPS em si. Esse é um grande motivo do porque os coreanos dominam o cenário competitivo do jogo, é um game extremamente estratégico e possui mais características de MOBA do que se pode imaginar", disse o pro player de Overwatch.
Além disso, Murizzz diz que as lições de um jogo para o outro podem ir muito além de questões técnicas.
"Acredito que algo muito importante que deve ser aproveitado é a comunicação. Um jogador de MOBA já tem isso com base do seu gameplay, já que o jogo é completamente em time. No Overwatch, muitos jogadores vem de games FPS e não tem a comunicação tão boa, pois em jogos como CS e variáveis, você não precisa - e nem deve - ficar gritando e comunicando tudo o que se passa na sua tela. No Overwatch, que ‘é um MOBA’ em primeira pessoa, isso se torna uma necessidade que diferencia muito um jogador de outros."
Dicas para a mudança
Quando questionado sobre conselhos para jogadores fazerem essa transição, Murizzz diz que o importante é não desistir: “Aprenda tudo dos personagens do seu jogo antes de focar em apenas um. Em qualquer MOBA e também no Overwatch, você irá morrer muitas e muitas vezes sem nem saber o que está acontecendo quando se é um iniciante, pois cada herói possui habilidades e ultimates diferentes.”
Já bit aconselha que gostar do jogo torna a dedicação para chegar ao nível profissional mais divertida: “Eu me divertia muito jogando ambos os jogos e isso basicamente fazia com que eu conseguisse ficar jogando por horas sem parar, o que é basicamente a dedicação que você precisa ter em qualquer coisa que faz.”
E aí, em qual outro game você arriscaria testar suas habilidades? Conta para gente nos comentários abaixo.