O Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) e o Circuito Desafiante nunca tiveram tantos integrantes internacionais quanto em 2019. Mesmo sendo competições regionais, os torneios oficiais da Riot Games permitem, via regulamento, que jogadores e comissão técnica de outros países participem das equipes brasileiras. Com um cenário internacional tão concorrido nos últimos anos, o MGG selecionou alguns pontos que mostram a importância de figuras estrangeiras presentes na competição.
Atualmente, o público poderá assistir a grandes nomes como Han "Luci" Chang-hoon, Jordan "Grey" Corby, Wong "Tabe" Pak, Kristoffer "Utama" Renè e Joel "Fear" Reyna disputando em solo brasileiro. Ao todo, no 1º split do CBLoL 2019, temos a presença de 12 estrangeiros, enquanto no Circuito Desafiante, são quatro nomes internacionais - ambos os números abrangendo pro players e técnicos.
Isso apenas demonstra um grande empenho das equipes para melhorar suas line-ups, além de um investimento muito maior para mantê-las no topo. O Circuito Desafiante, por exemplo, terá paiN Gaming e RED Canids, duas equipes amplamente conhecidas por investir no cenário de esports em geral e que, por conta da grande concorrência, perderam suas vagas no CBLoL em 2018 e buscam retornar à série A do campeonato de League of Legends.
Tudo se trata de renovação. Assim, iniciamos o primeiro aspecto positivo do texto, crucial para as equipes manterem-se competitivas:
Novas experiências
Ainda em 2014, a Brazilian Champions Series (antigo nome do CBLoL) recebeu os primeiros reforços internacionais no campeonato, com Park "Winged" Tae-jin e An "SuNo" Sun-ho na Keyd Stars, além de Han "Lactea" Gi-hyeon e Kim "Olleh" Joo-sung na paiN Gaming.
Naquele ano, ambas as equipes dominaram o cenário durante boa parte do ano, com a Keyd vencendo a paiN na final dos playoffs da Champions Series. Essa dominância foi extremamente importante, tanto para paiN e Keyd quanto para as outras equipes do cenário evoluírem - principalmente a CNB e KaBuM, que foram as equipes que mais enfrentaram Keyd e paiN durante o ano e com este aprendizado chegaram às finais da Brazil Regional Finals, valendo vaga para o Worlds.
Outro detalhe importante é que os coreanos Winged, SuNo, Lactea e Olleh eram de funções diferentes (caçador, meio, atirador/topo e suporte, respectivamente), trazendo experiências novas em diversas rotas, além de outras visões estratégicas.
A habilidade dos pro players acrescentou muito no cenário brasileiro, tanto que posteriormente mais jogadores de outros países chegaram ao Brasil, incluindo Kim "Emperor" Jin-hyun e Kang "DayDream" Kyung-min na Vivo Keyd em 2014, Lee "Crown" Min-ho e Won "Joono" Jun-ho na KaBuM Black em 2014, além de Hugo "Dioud" Padioleau na paiN em 2015.
Em tempos mais recentes, um dos destaques foi Lee "Shrimp" Byeong-hoon, que chegou na segunda metade de 2018 no Flamengo e trouxe um estilo muito agressivo para o torneio. Essa jogabilidade conflitou com Filipe "Ranger" Brombilla da KaBuM, que também joga de forma feroz na selva, e fez com que ambos evoluíssem durante a temporada em seus embates, além de fazer outros caçadores se ajustarem ao estilo. O resultado pode ser visto na série da grande final, em que ambos mostraram um alto nível de jogo.
Diferentes leituras técnicas
É impossível esquecer da grande atualização que LoL recebeu na primeira metade de 2018: o patch alterou agressivamente o meta do jogo e fez todas as comissões técnicas quebrarem a cabeça para entender o novo sistema. Durante este período, uma equipe se destacou por picks inusitados e eficientes para o game no momento.
Na época, a CNB contava com o técnico norte-americano Jimmy "Jimmy" Harrison, que está atualmente na equipe norte-americana Golden Guardians. Jimmy e o brasileiro Lucas "BeellzY" Spínola, que formavam a comissão técnica dos blumers no período, criaram a equipe que ficou conhecida como autofill, com jogadores misturando as funções dentro do game e que funcionou muito bem durante as quatro primeiras semanas do 2º split do CBLoL - suficiente para garantir a vaga nos playoffs para a CNB.
Além de Jimmy, há outros grandes nomes internacionais que já estiveram (ou ainda estão) em solo nacional, como Jean-François "Nuddle" Caron, Alexander "Abaxial" Haibel e Fayan "Gevous" Pertijs. O canadense Nuddle assumiu a função de técnico da KaBuM no final de 2017 no Desafiante e conquistou, junto à equipe, o título do primeiro split do CBLoL 2018, tudo por conta de pensamento, rotina e experiência diferentes conquistadas em outras equipes e esportes tradicionais.
Abaxial também foi importante no cenário, principalmente por ter feito parte da história da INTZ junto com o famoso "Exódia", conquistando de maneira dominante a primeira temporada do CBLoL de 2015 e os dois splits de 2016, além de tornarem-se referência de "equipe a ser batida" durante aquele período.
Já o experiente Gevous foi outra peça-chave de uma equipe vitoriosa. Na liderança da RED Canids em 2017 durante a primeira temporada do CBLoL, Gevous montou uma equipe consistente e capaz de mudar a line-up sem impactar no nível de jogo, porém alterando drasticamente o ritmo e estratégia imposta no inimigo - estratégia definitiva para conquistar a grande final contra a Vivo Keyd por 3 a 0.
Esses são exemplos da importância de uma comissão técnica experiente e mista, principalmente para adicionar conhecimento de outras regiões, que possuem estilos de jogo diferentes que somam à equipe e ajudam na rapidez ao tomar uma decisão.
Um ponto importante a ser notado é que as organizações possuem mais liberdade para contratações de pessoas de outros países na comissão técnica - diferente dos jogadores, já que é uma exigência da Riot Games que ao menos três pro players brasileiros estejam em ação nas partidas do campeonato. Assim, escolher um coach internacional pode ser umas das principais janelas para evolução das equipes, sendo às vezes até mais eficiente que um bootcamp, pois o técnico consegue explicar a mentalidade por trás do jogo muito além de focar apenas na melhoria mecânica de cada indivíduo.
Rivalidade
Com a chegada de um jogador de outro país em uma rota, certamente aumenta a rivalidade dos outros pro players do cenário, principalmente por criar uma figura inicialmente a ser batida.
Suno é um exemplo por trazer uma bagagem em grandes equipes do cenário coreano, um dos mais fortes no LoL. Sua chegada ao Brasil em 2014 trouxe um tempero a mais nos confrontos na rota do meio no competitivo brasileiro, colocando um terceiro elemento na antiga disputa entre Gabriel "Kami" Bohm e Murilo "takeshi" Alves.
Essa rivalidade é extremamente importante para a evolução individual de cada pro player, já que os competidores passarão a se empenhar para superar o inimigo. Ainda no exemplo de Suno, Kami e Takeshi em 2014, no final das contas o meio que se sobressaiu e conquistou a vaga no mundial foi Thiago "TinOwns" Sartori (jogando pela KaBuM na época), que evoluiu mostrando como todos acabam beneficiados por uma contratação internacional - e não apenas o time que fez o investimento em si.
Para 2019, muitos pro players de fora vão apimentar um pouco a rivalidade entre as equipes. Matías "WhiteLotus" Musso, um dos atiradores mais famosos da América Latina, está na INTZ e tentará entrar na disputa de atiradores "pai e filho" (Felipe "brTT" Gonçalves e Alexandre "TitaN" Lima). Há também o caçador da Vivo Keyd, Huang "Laba" Chen-Yang, que vem de uma região famosa por lutar muito bem: a League of Legends Master Series (LMS, liga de Taiwan).
Ainda podemos citar a dupla portuguesa António "LeChase" Ramalho e João "AlternativeX" Parada na Uppercut Esports, que são duas incógnitas por serem de um cenário ainda em ascensão, a Liga Portuguesa de League of Legends - porém, vale lembrar que a última vez que dois jogadores chegaram sem chamar tanta atenção foi justamente em 2014, com a dupla Olleh e Lactea, jogadores que eram de uma equipe desconhecida chamada Midas FIO.
E você, acha benéfica a vinda de pro players e técnicos estrangeiros no competitivo brasileiro de League of Legends? Conte sua opinião nos comentários abaixo!