O Valorant Masters Reykjavík, primeiro grande campeonato internacional do FPS da Riot em 2021, terá dois times brasileiros entre os 12 participantes. Campeã do VCT Challengers Brazil perdendo apenas um mapa ao longo de toda a competição, a LOUD foi a primeira equipe do país a garantir vaga no Masters. Já a Ninjas in Pyjamas, vice-campeã da seletiva brasileira, garantiu a classificação após vencer a seletiva da América Latina, ao superar a chilena Leviantán por 3 a 0.
Após uma temporada de 2021 marcada por campanhas sem brilho em campeonatos internacionais, apesar de alguma boas apresentações no Valorant Champions, o Brasil chega para a disputa do Masters com os dois melhores times do país no momento, maior investimento do que no ano passado e alguns jogadores com experiência em grandes eventos, caso da dupla Sacy e Saadhak, da LOUD, e de Xand, da FURIA.
Neste artigo, o MGG analisa o momento dos times brasileiros e as chances dessas equipes diante das equipes mais fortes de outras regiões.
*O Valorant Champions será disputado de 10 a 24 de abril, com as partidas começando às 12h do horário de Brasília. Todos os jogos serão transmitidos nos canais oficiais do Valorant Esports Brasil na Twitch e no YouTube.
LOUD chega como melhor time do Brasil e é forte candidata a ir longe no Masters
Na história ainda recente do Brasil no Valorant, o país nunca chegou a um evento internacional com uma equipe tão forte quanto a LOUD. A equipe formada por Sacy, Saadhak, Pancada, Aspas e Less foi cercada de expectativas desde o anúncio, e o desempenho na prática não apenas atendeu, como superou as expectativas.
Mesmo diante de um cenário brasileiro com maior investimento que em 2021 e várias equipes fortes na briga pelo título do VCT Challengers Brazil, como NIP, Vivo Keyd e FURIA, a LOUD não tomou conhecimento de nenhum dos seus adversários e conquistou o título de forma invicta, com 7 vitórias em 7 jogos e apenas um mapa perdido em 19 disputados.
Como se não bastasse a campanha invicta, a LOUD teve performances dominantes em duas séries melhor de três (MD3) contra a Ninjas in Pyjamas. Na final da chave superior, a equipe de Sacy superou a NIP por 3 a 0, com parciais de 13x11 em Haven, 13x6 em Breeze e 13x4 em Ascent.
Na grande final do torneio, a LOUD aplicou um novo 3 a 0 sobre os Ninjas, com parciais de 13x4 em Bind, 13x11 em Fracture e 13x4 em Ascent. Antes das vitórias sobre a NIP, o time de Pancada, Saadhak e companhia já havia dominado a Vivo Keyd na final da chave superior, com um impressionante 13x1 em Breeze e 13x8 em Ascent.
Além disso, as vitórias sobre Gamelanders Blue, Liberty, TBK e Team Vikings mostraram que a LOUD conseguiu ser dominante na maior parte do tempo mesmo enfrentando equipes com diferentes estilos de jogo. Classificada de forma direta aos playoffs do Masters Reykjavík, a equipe brasileira tem grandes chances de protagonizar a melhor campanha brasileira na história de um evento internacional.
NIP precisa repetir nível das melhores atuações para brigar 'nas cabeças'
Se a LOUD é hoje o melhor time do Brasil com alguma margem de sobra em relação aos demais times, a NIP é hoje uma segunda força que pode não estar muito acima de rivais como FURIA e Vivo Keyd, que demonstra muita força em momentos decisivos de jogos acirrados. Essa característica esteve muito presente ao longo da campanha no VCT Challengers Brazil
Na semifinal da chave superior contra a FURIA, os Ninjas perderam por 13x11 no mapa Breeze, mas demonstraram força nos momentos críticos do mapa Haven e venceram na prorrogação por 14 a 12, forçando o jogo de desempate. A disputa aconteceu no mapa Fracture, e a NIP atropelou os Panteras por 13 a 1.
Na final da chave inferior, a Ninjas in Pyjamas protagonizou um duelo MD5 emocionante contra a Vivo Keyd. Após vencer por 13x8 em Breeze e 13x11 em Ascent, a equipe de Xand, Jonn e companhia viu a Keyd responder com vitórias por 17x15 em Icebox e 13x9 em Haven. No confronto decisivo, a NIP se impôs e venceu por 13x3 no mapa Split.
Embora tenha sido dominada pela LOUD nos dois confrontos dos playoffs, a NIP voltou a dar uma demonstração de força no confronto de repescagem contra os vice-campeões do VCT Challengers LATAM, a Leviatán.
No duelo contra os chilenos, a NIP não tomou conhecimento dos rivais e se impuseram com uma vitória dominante por 3 a 0, com parciais de 13x6 em Icebox, 13x6 em Haven e 14x12 em Split, único mapa equilibrado da série.
Sorteada no grupo B, a Ninjas in Pyjamas estreia no dia 11 de abril, às 14h, contra a Fnatic, 3ª colocada do VCT Challengers EMEA. Os outros dois grupos do time são a DRX, campeã do VCT Challengers da Coreia do Sul, e ZETA Division, vencedora do Challengers do Japão.
Embora tenha caído numa chave com equipes experientes em eventos internacionais e estreie com a Fnatic, vice-campeã no Masters Reykjavík e top 8 no Valorant Champions, a NIP tem condições de avançar aos playoffs se jogar em seu melhor nível. Ainda assim, as derrotas para a LOUD e os momentos de oscilação contra FURIA e Keyd mostram que ainda há espaço para melhora, e a equipe brasileira precisará dessa evolução se quiser chegar longe no Masters.
Ausência de potências embaralha disputa pelo título
Ao passo que as equipes brasileiras parecem chegar mais fortes para a disputa do Masters Reykjavík do que em campeonatos internacionais anteriores, nenhuma das equipes presentes parece ter um favoritismo claro. Esse cenário embaralhado se deve muito à ausência de equipes que até um passado recente eram vistas como principais forças em suas respectivas regiões.
De todas as ausências, a mais impactante é a da Acend, vencedora do Valorant Champions 2021. Os atuais campeões mundiais fizeram uma campanha extremamente decepcionante no VCT Challengers EMEA e terminaram apenas na 9ª/10ª posição entre os 12 times participantes.
Atual vice-campeã mundial e campeã do VCT Masters Berlin 2021, a lineup russa da M3, que está impedida de usar o nome da Gambit em função da guerra na Ucrânia, é outra ausência de peso. No forte VCT Challengers EMEA, a M3 terminou na 5ª/6ª posição e acabou não se classificando para a disputa do Masters Reykjavík.
Ainda no VCT Challengers EMEA, que contemplou equipes da Europa, Comunidade dos Estados Independentes (CIS na sigle em inglês) e Turquia, a guerra na Ucrânia impactou diretamente na ausência do campeão da competição: a FunPlus Phoenix. A equipe conta com os russos Shao e SUYGETSU e o ucraniano ANGE1 no elenco, mas as restrições de viagens vigentes nos dois países impediu que os atletas pudessem viajar para a disputa do Masters.
Devido aos três desfalques, a FPX não poderá participar da competição e foi substituída pela Team Liquid, quarta colocada no Challengers EMEA. A G2, vice-campeã, acabou herdando o posto de primeira cabeça-de-chave da região, avançando de forma direta aos playoffs. A a Fnatic, terceira colocada na seletiva, herdou o seed 2 da EMEA, ao passo que a Liquid ficou com o seed 3.
Dentre as equipes da América do Norte, Sentinels, campeã do Valorant Masters Reykjavík 2021, e 100 Thieves, semifinalista do Valorant Masters Berlin, são as principais ausências. Embora tenham fechado a temporada 2021, ambas as equipes figuravam entre as favoritas para brigar por vaga no primeiro Masters de 2022, mas fizeram campanhas decepcionantes. A Sentinels terminou apenas na 7ª/8ª posição entre os 12 times participantes, enquanto a 100 Thieves foi ainda pior e terminou no bloco do 9ª ao 12º lugar.
Diante de tantas ausências de equipes que fizeram pelo menos uma campanha de destaque em eventos internacionais em 2021, além do desfalque da campeã do VCT Challengers EMEA, o Masters Reykjavík deverá ser marcado por um grande equilíbrio de forças.
Com várias equipes com experiência internacional e novas forças surgindo em todas as regiões do mundo, casoS de The Guard e DRX, o Masters de Berlin chega sem um favorito claro, mas com várias equipes cotadas para brigar pelas melhores posições. Este é um cenário do qual tanto LOUD quanto NIP podem se beneficiar e finalmente colocar o Brasil numa posição de destaque no Valorant mundial. A experiência de nomes como Sacy, Saadhak e Xand em eventos internacionais pode ser determinante, e os brasileiros têm hoje a melhor chance de chegar à elite no FPS da Riot.