A Twitch anunciou nesta quarta-feira (29) a adição de uma série de ferramentas e funcionalidades para combater assédio direcionado, discursos e raids de ódio dentro de plataforma. Uma das principais novidades é a inclusão de verificação por número de telefone, permitindo assim que somente usuários que façam o procedimento possam participar do chat. O recurso já está disponível para todos os criadores de conteúdo que quiserem utilizá-lo.
A plataforma de lives da Amazon também implementou um sistema de verificação de endereços de e-mail mais rigoroso, uma vez que mesmo uma pessoa que tem a conta banida na Twitch pode simplesmente criar um novo perfil com novo endereço de e-mail para fazer postagens de ódio e assédio direcionado. A nova ferramenta deverá aumentar o controle do streamer sobre quem pode ou não escrever durante as lives.
Com as mudanças, os criadores de conteúdo poderão definir uma série de diretrizes e pré-requisitos para uma pessoa postar no chat. Contas criadas há pouco tempo ou com pequeno tempo de visualização na stream, por exemplo, poderão ser impedidos de escrever se o criador ou criadora de conteúdo assim desejar.
Com as medidas, a Twitch espera diminuir em grande escala os discursos de ódio na plataforma, uma vez que bots, por exemplo, não teriam um número de telefone para fazer a verificação, e mesmo perfis reais que aderem a discursos de ódio dificilmente disporiam de vários números de telefone para criar novos perfis sempre tivessem uma conta banida da plataforma.
Na prática, um mesmo número de telefone pode ser vinculado a um número máximo de cinco perfis na Twitch, mas caso uma dessas contas seja bloqueadas, o banimento se estenderá a todas as outras. Desde agosto, uma onda de raids e discursos de ódio contra minorias representativas na plataforma, com adesão de centenas de bots atacando ao mesmo tempo determinado alvo.
Resposta vem menos de um mês após "apagão" e queda de 15% na audiência
A atitude mais rigorosa da Twitch contra raids e discursos de ódio veio menos de um mês após o movimento global "Day Off Twitch", que no dia 1 de setembro contou com adesão de streamers do mundo inteiro e consistiu em um dia sem lives aderido por milhares de criadores de conteúdo.
No dia 1º de setembro, o "apagão" de lives causou uma queda 10 milhões de horas assistidas em relação à semana anterior, ou uma redução de 15% na audiência. No dia 25 de agosto, a Twitch registrou mais de 65,17 milhões de horas assistidas, contra 54,88 milhões em 1º de setembro, reforçando que a mobilização teve impacto significativo na audiência da plataforma.
Oito dias após o boicote, em 9 de setembro a Twitch abriu um processo contra os dois supostos líderes das raids de ódio na plataforma. Os usuários processados pela empresa atendem pelos apelidos de "CruzzControl" e "CreatineOverdose", cujas identidades reais ainda não são conhecidas nem mesmo pela Twitch, uma vez que nenhum tipo de documentação é exigida para a criação de um perfil plataforma, apenas uma conta de e-mail. Ainda assim, a Twitch acredita que CruzzControl moraria na Holanda, enquanto CreatineOversose viveria na Áustria.