A Twitch abriu no dia 9 de setembro um processo na Justiça dos Estados Unidos contra dois supostos líderes de raids de ódio que têm ocorrido dentro da plataforma de forma recorrente. A plataforma de transmissões da Amazon tomou a iniciativa oito dias após boicote ao site. O movimento contou com a participação streamers e espectadores do mundo inteiro, que cobraram da Twitch uma postura mais combativa aos discursos de ódio que têm se tornado cada vez mais recorrentes no site, e teve grande impacto na audiência da plataforma.
No dia 1º de setembro, o "apagão" de lives causou uma queda 10 milhões de horas assistidas em relação à semana anterior, ou 15%. No dia 25 de agosto, a Twitch registrou mais de 65,17 milhões de horas assistidas, contra 54,88 milhões em 1º de setembro, reforçando que a mobilização teve impacto significativo na audiência da plataforma.
Os usuários processados pela empresa atendem pelos apelidos de "CruzzControl" e "CreatineOverdose", cujas identidades reais ainda não são conhecidas nem mesmo pela Twitch, uma vez que nenhum tipo de documentação é exigida para a criação de um perfil plataforma, apenas uma conta de e-mail. Ainda assim, a Twitch acredita que CruzzControl vive na Holanda, enquanto CreatineOversose moraria na Áustria.
A estratégia por trás das raids, recurso que redireciona espectadores de uma live para outro canal, era lotar a seção de comentários dos "streamers-alvo" com comentários de cunho machista, racista, homofóbico e transfóbico. Com o crescimento das raids de ódio, grande parte da comunidade se mobilizou para a Twitch punir os responsáveis pelas raids e pessoas que aderiam aos comentários discriminatórios.
Após o impacto do boicote aos números da Twitch, a plataforma se defendeu das acusações de não combater discursos de ódio, ressaltando que tinha uma postura combativa contra "ataques de ódio, ofensas, calúnias e xingamentos" que ocorrem no site, acrescentando que vários usuários que não eram banidos pelos bots da Twitch passaram a ter suas contas excluídas manualmente por funcionários da site.
“Embora tenhamos identificado e banido milhares de contas nas últimas semanas, essas pessoas continuam trabalhando duro em maneiras criativas de contornar nossas melhorias e não demonstram intenção de parar”", disse um representante da Twitch em resposta à reportagem do site Kotaku.
Além da postura mais combativa contra discursos de ódio, os streamers que aderiram ao movimento cobram que o processo para criação de contas da Twitch seja mais rigoroso, seja solicitado dos usuários um número de celular ou algum tipo de documentação, como forma de dificultar que usuários que tenham uma conta banida possam criar outra simplesmente utilizando um outro endereço de e-mail.