A Team Liquid esteve a um round de ser derrotada pela TSM e ser eliminada do Six Invitational, mas teve a frieza necessária no empate em 7 a 7 no mapa Chalé, marcou o oitavo ponto para empatar a série e, na sequência, atropelou os americanos por 7 a 3 em Oregon. Situações como essa normalmente deixam as equipes que estão contra a parede receosas na hora de tomar decisões importantes, mas André "Nesk" Oliveira, grande destaque da Cavalaria com 49 eliminações, enaltece a segurança de seus companheiros no momento mais crítico da série.
Em entrevista ao MGG Brasil após a classificação para a final dos perdedores contra a MIBR, o experiente jogador, que há anos é considerados um dos melhores do mundo no FPS tático da Ubisoft, garante que em nenhum momento a Cavalaria teve medo de perder a série, e fala sobre as conversas com seus companheiros nos momentos mais críticos do jogo.
"Nós nunca pensamos na possibilidade de perder ou tivemos medo de perder. Nós percebemos os nossos erros no (mapa) Café, e mais uma vez foi a comunicação foi um problema, mas nós conseguimos resolver isso e encaminhar pro resultado final para o nosso lado e recuperar a nossa comunicação. O tempo todo eu tentei lembrar ao máximo a importância da comunicação, vibrar a cada round que a gente ganhava, gritar para eles entenderem que aquele era o nosso momento, que a gente nunca tinha chegado tão longe no Invi e que essa era nossa chance de continuar no torneio”, comenta.
E se após o empate na série a Liquid partiu para uma atuação dominante em Oregon, chegando a abrir 6 a 1 e conquistar cinco match points, o placar elástico na maior parte do tempo nunca foi, segundo Nesk, um fator que influenciou ele e seus companheiros de time. O jogador ressalta que a equipe só se deu conta da proximidade da vitória quando ela já estava praticamente garantida, com o time em ampla situação de vantagem no 10º round em Oregon.
“A gente tem uma coisa de meio que esquecer o placar. Procuramos apenas fazer o nosso e não dar brecha para eles voltarem para o jogo. A gente meio que esqueceu que estava no match point e só se deu conta quando só tinha um cara da TSM vivo. A gente tenta focar só no nosso jogo para não se desesperar nem se apressar para fechar o game de qualquer jeito, e tem a paciência de jogar da mesma forma que nos outros rounds, para fechar o jogo de forma tranquila e não dar brecha para eles voltarem. Todos os times daqui são muito fortes, e se dermos qualquer espaço, eles voltam, o que pode se tornar um perigo e até causar uma virada”, analisa.
Com o título do Six Invitational já garantido para o Brasil, uma vez que as três primeiras colocações serão de times do país (Ninjas in Pyjamas, MIBR e Team Liquis), Nesk frisa que ele e seus companheiros de time vão pensar primeiramente apenas no duelo com a MIBR na chave dos perdedores, e somente depois, em caso de vitória, no confronto com a NiP, que avançou pela chave dos vencedores e terá um mapa de vantagem na série MD5 decisiva do mundial de Rainbow Six.
“Em primeiro lugar, vamos pensar bem mais na MIBR, que é um time muito difícil. Nos jogos contra eles a gente sempre sofre, sempre é pegado, com margem mínima de erro, então vamos focar bastante neles, assistir aos jogos, assim como eles vão assistir aos nossos. A gente vai ter um tempinho para se preparar para a NiP, mas antes disso a nossa preocupação é somente a MIBR. São dois adversários muito duros, o nosso histórico contra eles é muito pau a pau e os caras jogam demais. É muito importante manter o foco o tempo todo, não se afetar com derrotas de round e, principalmente, não pensar em MIBR e NiP ao mesmo tempo. Tem que ser um passo por vez", crava.
O Six Invitational 2021 já é, independentemente do campeão, um momento histórico para o Brasil, que além de conquistar seu primeiro título, foi dominante nos confrontos contra as principais equipes da América do Norte e da Europa na fase de playoffs. Para Nesk, o país atingiu o seu pico de rendimento desde o lançamento de Rainbow Six, e acredita que essa evolução se deve pelo nível elevado de jogo em todo o cenário brasileiro, inclusive em divisões inferiores.
"“O cenário brasileiro chegou ao seu ápice. Agora podemos falar: não tem mais NA (América do Norte) ou Europa, o cenário mais forte do mundo é o nosso. Desbancamos todo mundo. O meta brasileiro evoluiu muito de 2020 para cá, desde que a NiP chegou à final do Invi do ano passado. Daquele dia em diante, o nosso meta virou outro, nós realmente ultrapassamos os outros cenários e viramos a região mais forte, porque além de a Série A ser muito disputada, a Série B também dá muito trabalho. A região ficou muito forte em questão de treinamento e meta, e temos muita variedade. Com a Série B evoluindo da forma que evoluiu, isso ajudou até a Série A em questão de preparação para campeonatos mundiais”, conclui.