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Rainbow Six: Do quase rebaixamento à vaga no mundial, FURIA foi do inferno ao céu em um mês

Rainbow Six: Do quase rebaixamento à vaga no mundial, FURIA foi do inferno ao céu em um mês
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Em entrevista ao MGG, Miracle, LENDA e Twister falam sobre dificuldades do time em 2020 e volta por cima em 2021

Rainbow Six: Do quase rebaixamento à vaga no mundial, FURIA foi do inferno ao céu em um mês

Reviravoltas nos esports muitas vezes mudam a história de um time em uma partida, às vezes em um campeonato, mas muito raramente em uma temporada. Quando situações como essas acontecem, no entanto, momentos de crise podem fortalecer um grupo que esteve bem perto do precipício, mas na última hora conseguiu sair do abismo e partiu quase que instantaneamente para metas ambiciosas. Sexto e último representante do Brasil no Six Invitational 2021, o campeonato mundial de Rainbow Six Siege, após vencer a mexicana Estral e garantir o título do qualificatório da América Latina, o time da FURIA conhece bem essa história, já que os mesmos jogadores que estarão em fevereiro na Europa disputando a competição mais importante do cenário internacional de R6 estiveram a uma derrota de serem rebaixados para a Série B do Brasileirão.

A virada começou justamente na partida que poderia determinar o rebaixamento de uma organização que entrou no cenário de Rainbow Six mirando estar entre as melhores do país, mas que ao longo do BR6 conquistou apenas duas vitórias em 20 jogos, com quatro empates e 12 derrotas, e terminou na lanterna da competição. A chance de permanecer na elite dependia de uma vitória numa série MD5 contra Falkol, campeã da Série B, pela Relegation do BR6, e o 3 a 0 sobre os dragões (7x4 em Clubhouse; 7x4 em Parque Temático e 7x5 em Litoral) parece finalmente ter despertado Daniel “Novys” Novy, Gabriel “Highs” Pacheco, Luiz “Miracle” Abrantes, Thiago “LENDA” Torres e Victor “Bersa” Hugo.

A partir dali, a FURIA disputou o qualificatório fechado brasileiro, que garantia aos dois primeiros colocados vaga na etapa latino-americana da competição, e o próprio qualificatório LATAM, conquistando o título das duas competições vencendo 11 das 12 partidas que disputou nesse período. A única derrota veio da MD1 contra INTZ na primeira fase do qualificatório LATAM, e a vitória mais recente veio numa decisão emocionante, em que a equipe brasileira precisou salvar três match points contra a Estral e contou com alguns milagres justamente do jogador cujo nickname tem esse significado em inglês.

Foram três “milagres” ao todo. O primeiro quando a FURIA salvou o segundo match point contra a Estral no mapa Oregon, empatou a partida em 6 a 6 e forçou a prorrogação. O segundo, quando a equipe brasileira, além de salvar o terceiro match point da Estral, garantiu a vitória por 8 a 7 na Oregon e garantiu o duelo no mapa decisivo, Parque Temático. O terceiro, já na partida de de desempate da MD3, veio quando Miracle impediu o plant do desativador pela Estral com o cronômetro zerado, o que garantiu à FURIA o 7 a 4 em Parque Temático, o título do qualificatório LATAM e a vaga no Invitational. Em cada um desses momentos, Miracle descreve uma reção diferente dele e de seus companheiros de time.

“A minha reação e do time no 6 a 6 foi de vibrar rapidamente e já voltar pro jogo que ainda não tinha acabado, já no 8 a 7 geral gritou e comemorou, nos abraçamos, todo mundo perguntando o que eu tinha feito, que tinha jogado pra caramba e eu só fui perceber o que tinha feito quando acabou o mapa. Já no último round da série que garantiu o título, foi que nem na oregon só que mil vezes maior, me levantaram, todo mundo pulou e comemorou a classificação”, relata o jogador, que apesar de ser o mais baixinho do time foi um gigante dentro do servidor na final contra a Estral.

Evolução tardia no BR6, mas fundamental para a vaga no Invitational

FURIA entrou na brincadeira com o apelido de Miracle e comemorou os 'milagres' do jogador contra a Estral (Foto: Reprodução/FURIA) - Rainbow Six Siege
FURIA entrou na brincadeira com o apelido de Miracle e comemorou os "milagres" do jogador contra a Estral (Foto: Reprodução/FURIA)

Junto com Bersa e Highs, Miracle é quem está há mais tempo no atual elenco da FURIA, uma vez que LENDA e Novys só chegaram ao time em agosto, enquanto o técnico Marlon "Twister" Mello, ex-Black Dragons, Ninjas in Pyjamas e Faze Clan, chegou em abril. Justamente por isso, ele viveu desde o começo a crise da FURIA no Brasileirão, e ao analisar o crescimento do time na reta final da temporada, considera que a equipe só conseguiu começar a mostrar seu melhor jogo quando a situação de lanterna do BR6 já era irreversível.

“Creio que só conseguimos mostrar nosso potencial nesse qualificatório, porque demoramos pra acertar o que vínhamos tentando fazer durante a temporada do BR6, tanto é que o momento em que nós sentimos que encaixamos foi a partir da vitória de 1x0 sobre a Team One (time melhor campanha na fase regular) na última semana do BR6. A permanência na série A só provou ainda mais para nós que tínhamos potencial e que bastava confiar no processo de trabalho e evolução implantado pela staff que os resultados iriam aparecer”, avalia Miracle.

Devido à pandemia de Covid-19, Copa Elite Six, competição que reuniria somente os melhores times da América Latina - cinco do Brasil, dois do México e um do Campeonato Sulamericano, que reúne equipes de todos os países da América do Sul com exceção do Brasil, que já possui liga própria - precisou ser cancelada, o qualificatório LATAM foi a primeira competição em que as equipes brasileiras enfrentaram rivais da região após a Ubisoft estabelecer um circuito oficial que contemplou outros países além do Brasil. Justamente por isso, muitos analistas imaginavam uma final brasileira entre INTZ e FURIA, especialmente após o domínio das equipes na primeira fase.

Contudo, o desempenho da Estral na fase final, eliminando os Intrépidos, líderes da primeira fase, na semifinal e a final duríssima contra a FURIA, mostrou que a evolução dos demais cenários já está acontecendo muito mais rápido do que se poderia imaginar antes do qualificatório LATAM. Miracle considera que essa evolução será ainda mais vista nos próximos anos, mas considera que a Estral hoje ainda está um passo à frente de outras equipes que disputam o circuito mexicano e o Campeonato Sul-americano.

“Quem acompanhou os jogos do 'Mexicanão' sabe que a Estral tem um time bastante sólido, ganhou os dois Majors da região, além de, principalmente, ter experiência de treinar com times da América do Norte. Tudo isso faz com que não só a Estral se desenvolva, mas a região como um todo. Isso não serve só de alerta para o cenário brasileiro, serve para todas as regiões, é como uma mensagem para que continuem aprimorando suas habilidades, pois qualquer um pode chegar no topo e a Estral certamente mostrou potencial pra isso.”

Capitão do time, LENDA chegou à FURIA em agosto junto com Novys, quando a equipe já fazia a pior campanha do Brasileirão e precisava reagir no returno da competição para evitar a evitar a disputa da Relegation. Ainda que esse primeiro objetivo não tenha sido alcançado, o jogador, assim como Miracle, considera que a evolução do time aconteceu última semana do BR6, mas num momento em que escapar da lanterna já não era mais possível.

“Quando entrei no time faltava alguém para poder guiar e executar o que era pra ser feito, e com o tempo fui posto de IGL, já que eu tinha bastante facilidade para guiar e organizar o time. No segundo turno do br6, acho que demoramos para nos entrosar, só encaixamos como um time na última semana, mas desde então só estamos numa crescente evolução”, frisa.

Meta é corrigir erros até o Invitational e jogar "sem pressão"

Técnico da FURIA, Twister exalta trabalho psicológico feito com a equipe nos momentos decisivos da temporada (Foto: Divulgação/FURIA) - Rainbow Six Siege
Técnico da FURIA, Twister exalta trabalho psicológico feito com a equipe nos momentos decisivos da temporada (Foto: Divulgação/FURIA)

Naturalmente, a má campanha no BR6 e a pouca experiência dos jogadores da FURIA em competições internacionais - uma vez que apenas Novys já disputou Six Invitational, Six Major e Pro League, ainda nos tempos de Immortals/MIBR - fazem com que a equipe não chegue entre as mais cotadas ao título do Six Invitational 2021. Ao mesmo tempo, LENDA considera que esses fatores podem ser positivos para a equipe, que chegará ao mundial “sem pressão”. Ao mesmo tempo, ele ressalta a necessidade de evolução do time até o começo da competição.

“Acho que não temos metas para jogar o Invitational. Não queremos por nenhuma pressão em cima de nós, e para essa preparação vamos focar nos nossos maiores erros desse último qualificatório. Já sabemos alguns erros que não podemos cometer e vamos focar para evoluir esses pontos fracos”, projeta.

Técnico da FURIA, Twister é um dos membros mais experientes no Rainbow Six dentro do staff da organização ao lado de Novys, tendo participado como técnico já de duas edições de Six Invitational, duas do Six Major e três da Pro League. Justamente por isso, ele ressalta a importância da preparação psicológica da equipe, e elogia o trabalho do coach de performance da organização, Marcos Bernardo, que acompanhou de perto os jogadores nos momentos mais decisivos da temporada.

“Acredito que a disciplina, o esforço e a resiliência dos jogadores fez com que todos conseguissem ignorar o fato dos resultados ruins e continuassem a trabalhar da melhor forma possível para conseguir os tão esperados resultados. A adição do Bernardo à equipe como performance coach nos ajudou demais. Muito apoio dentro do jogo e suporte fora dele sempre foi o fundamental aqui dentro, principalmente nos momentos difíceis”, ressalta.

Sobre o desnível visto entre os times brasileiros e equipes de outras regiões da América Latina na primeira fase do qualificatório LATAM, Twister frisa considera que a falta de intercâmbio de mexicanos, argentinos e chilenos com outras regiões em competições oficiais acabou gerando um choque no começo da competição, e frisa que a Estral, que avançou aos playoffs com a quarta e última vaga, mostrou enorme adaptação ao estilo de jogo dos times brasileiros na fase decisiva da competição.

“Todos esses times sentiram mais o impacto de não jogar em alto nível com equipes de outras regiões, por isso as primeiras partidas tiveram resultados mais largos, mas a Estral procurou mostrar seu jogo e conseguiu surpreender, derrotando o time da INTZ e colocando uma partida absurda contra nós. Foi a nossa primeira vez como time em um campeonato desse porte, mas contar com um técnico e um jogador que já passaram por essa experiência fez com que os outros jogadores também soubessem no que focar.”

O Six Invitational 2021 acontecerá em fevereiro, em data e sede na Europa que ainda serão anunciadas pela Ubisoft. Além da FURIA, o Brasil será representada no mundial por Ninjas In Pyjamas, vice-campeã mundial em 2020 e campeã do Six Major Brasil de agosto, Team Liquid, vencedora do Six Major Brasil de novembro, MIBR, atual campeã do Brasileirão Rainbow Six, Team One e Faze Clan.

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Gabriel SALES
Gabriel Sales

Jornalista apaixonado por games desde o jardim de infância e fã de quase todo tipo de RPG, especialmente os da série Chrono. Nos esports, shooters e jogos de luta são minhas maiores paixões, mas abraço qualquer jogo com uma cena competitiva pulsante.

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