Yuri "Fly" Uchiyama embarcou em uma espécie de Missão Impossível, como aquelas da franquia de filmes protagonizada por Tom Cruise. O empresário assumiu o posto de novo diretor da MIBR e agora é ele quem toma decisões a respeito do time. No entanto, muito mais do que apenas mandar e desmandar, o brasileiro tem a dificílima tarefa de resgatar a torcida e a confiança que a organização teve no passado. Será que ele será capaz de incorporar Ethan Hunt nesta empreitada?
Olhando de fora do clube, como jornalista e fã de todos os times brasileiros, considero a decisão da MIBR em colocar Fly neste cargo como acertada. Ainda assim, devo dizer que o timing para isso foi péssimo. Já são quase três anos de projeto com pioras significativas em cada um deles e, só agora, em meio às cinzas, alguém foi trazido para apagar o fogo que já consumiu de tudo.
Como diria meu amigo Roque Marques, a "Profecia da Fênix" vem se cumprindo. O tuíte de Lincoln "fnx" Lau em janeiro de 2016 que criticava o retorno do clube segue mais atual do que nunca. No momento, restam apenas escombros da forte estrutura que a torcida almejou, além das sombras do passado glorioso que não parecem refletir, nem um pouco, sobre o presente e até um futuro próximo da MIBR.
A situação é grave, isso é inegável. O ano é 2021 e a torcida - ao menos do Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) - perdeu completamente a confiança na MIBR. E devo lembrar que isso demorou - e muito - para acontecer. Talvez a torcida da MIBR seja a mais paciente que já vi na vida. Nem mesmo os resultados cada vez mais aquém do esperado espantaram os fãs das transmissões, que continuavam batendo recordes atrás de recordes com Alexandre "Gaules" Borba - nome importante para essa história, o qual comentaremos mais em breve.
Mas não só de resultados ruins viveu a MIBR neste período que sucedeu sua volta aos esportes eletrônicos. A equipe também participou de diversas polêmicas, as quais foram gotejando em um balde que já transbordou há muito tempo. A culpa, porém, não foi apenas da organização, já que jogadores também erraram - e feio, às vezes. Mas aos poucos atitudes da própria diretoria da MIBR começaram a vir à tona, mostrando que talvez as falhas dos seus funcionários eram um mero reflexo que vinha de cima para baixo na obscura hierarquia, já que nem mesmo os atletas entendiam qual era essa hierarquia.
O próprio Gaules classificou a diretoria internacional como "porca". Epitácio "TACO" de Melo revelou que não teve uma saída saudável da equipe. Gabriel "FalleN" Toledo se desentendeu com Tomi "lurppis" Kovanen no Twitter. Raphael "cogu" Camargo disse que se sentiu um "lixo" nas negociações com o próprio lurppis e que foi chamado de criança por ele - apesar de o finlandês negar. Fernando "fer" Alvarenga se contorcia em suas lives dizendo que gostaria muito, mas não podia falar nada a respeito da MIBR. A lista de insatisfeitos é longa.
Por fim, lembram quando falei que Gaules era um nome importante? O mesmo que mostrou total descontentamento com lurppis e companhia talvez tenha ditado as atitudes que hoje a MIBR coloca em prática. Há meses ele cobrou que o time tivesse uma comissão técnica, um brasileiro à frente da equipe, mais respeito com lendas do passado, transparência e afins. Será mera coincidência? Talvez em partes, pois alguns destes pontos já eram cobrados pela torcida. Mas o discurso do streamer e praticamente tudo o que ele adicionou parece ter surtido efeito, de alguma forma.
O próprio Fly é uma pessoa que Gaules afirmou ter plena confiança de que pode recolocar a MIBR nos trilhos. Ainda assim, ao menos neste início, o também CEO da GamersClub não parece ter o apoio de boa parte dos fãs que passaram a querer distância da MIBR, não por culpa dele, mas sim pelas polêmicas que a organização se envolveu. Em comentários nas redes sociais, diversos torcedores mostraram a mesma preocupação de que talvez o brasileiro não consiga nem ao menos trabalhar e tomar as decisões que gostaria, pois a parte internacional da MIBR não deixará e se meterá o tempo inteiro. Sim, as dúvidas estão neste nível... e é por isso que Fly, sem ter qualquer tipo de culpa de tudo que aconteceu, chega à MIBR com uma Missão Impossível, no melhor estilo Hollywood.
É bom lembrarmos que no filme, as missões apenas parecem impossíveis. Talvez até sejam em um primeiro momento, mas Ethan Hunt consegue dar um jeito. E isto é o que espero ver de Fly, daqui para a frente. Será uma longa e árdua caminhada, mas ele parece ser o mais capacitado para suportá-la. A ressalva que fica ainda é aquela do início: uma pena não terem tentado apagar o incêndio antes dele se tornar catastrófico.
FalleN, TACO, fer e companhia já estão tocando novos projetos. Alguns oficialmente e outros ainda na iminência de anunciar. Os jogadores seguem com grande apoio da torcida, especialmente no caso do Verdadeiro, que alavancou as redes sociais da Team Liquid. A MIBR por outro lado, segue sem credibilidade diante de quem eles mais deviam cativar: os fãs.
Em breve, veremos o desfecho desta nova história a qual apelidei de Missão Impossível: Operação MIBR. Fly tem capacidade para ser o Ethan Hunt brasileiro, mas precisa de total apoio interno para isso. Por isso, desejo boa sorte a ele e às novas line-ups de CS:GO masculina e feminina que chegarão em 15 de janeiro.