League of Legends é um jogo altamente solucionado, isto é, já se entende como tudo deve ser feito de maneira otimizada. O MOBA da Riot Games foi projetado para ser jogado de uma certa maneira, de modo que hoje temos sempre um jogador na rota superior, um na selva, um no meio e dois na rota inferior. Este não era necessariamente o caso no início do game e esta distribuição acabou se tornando obrigatória em parte graças ao cenário profissional, que influenciou muito o desenvolvimento do LoL ao longo dos anos. Mas como isso aconteceu?
Uma escolha padrão?
Durante o beta e a 1ª temporada do LoL era comum que os ADCs ocupassem a rota do meio. Se você olhar para as criações da comunidade naquela época, perceberá que ver atiradores no meio era uma norma. Afinal de contas, são campeões frágeis, muito vulneráveis a ganks, então fazia sentido colocá-los na lane mais curta do jogo, o que lhes permitia farmar com relativa segurança.
Só que os jogadores e profissionais mais envolvidos rapidamente entenderam que um ADC precisava mais de itens do que de experiência. Em contrapartida, campeões magos que dependem mais de habilidades - ou seja, de níveis - acabavam ocupando as rotas laterais. Se atiradores precisavam de ouro para comprar itens, mas ainda assim são frágeis e vulneráveis, faz sentido colocá-los com um par que o ajude a sobreviver e que não precise de ouro e nem muita experiência. Naturalmente a ideia de colocar magos no meio e os ADCs para as laterais foi surgindo, mas, ainda assim, por que na rota inferior?
No passado não existia o Arauto do Vale e o Barão Nashor só surge aos 20 minutos, então não faria sentido concentrar essa dupla na rota do topo, ainda mais considerando que o dragão ficava na rota inferior, onde fica até hoje. No passado o dragão era um objetivo bem menos empolgante, ainda que impactante: concedia ouro à equipe que o abatia. Então fez todo o sentido colocar o ADC e o suporte na rota inferior para se criar uma situação de vantagem numérica para disputar o dragão.
Antes das primeiras competições internacionais, foram as equipes europeias da época como aAa (Against All Authority) e Fnatic que popularizaram a estratégia de levar ADCs e suportes no bot, bem como um mago no mid e outro no top. Rapidamente as outras equipes entenderam os motivos e começaram a aderir, ponto a partir do qual se tornou a norma até em partidas casuais e ranqueadas.
Quando ADCs e suportes invadiram o top
Houve uma época, em meados de 2016, em que, no cenário competitivo, o normal era que ADC e suporte ficassem no topo contra o top laner inimigo. O período é considerado como uma "era das trevas" nos esports de LoL, pois promovia partidas chatas de assistir, ao ponto em que toda equipe acabava mandando a dupla para o topo, invertendo o mapa como era de costume, mas ao mesmo tempo, trocavam o tempo todo tentando forçar a situação de 2v1. Chegou ao ponto em que, muitas vezes, o top laner designado dividia a jungle com seu próprio caçador, deixando a rota sem ninguém para defender. Ficou comum até enviar quatro jogadores para uma rota derrubar a primeira torre sem contestação.
Para forçar o ADC e os suportes a permanecerem na botlane no 2v2, a Riot Games fez algumas mudanças significativas no jogo. Chegaram os diferentes tipos de dragões, assim como o dragão ancião, que dá o buff mais poderoso do jogo na maioria das situações. As barricadas também foram adições pensadas para isso, bem como várias outras alterações envolvendo a experiência concedida de tropas. As equipes, portanto, têm muito mais interesse em jogar no botside no início do jogo, para tentar acumular dragões, forçar barricadas etc.