Minorias nem sempre foram aceitas no meio gamer e até pouco tempo atrás seria improvável uma pessoa LGBTQIAP+ ter alguma parceria com empresas para fazer publicidades de produtos. Apesar de atualmente esse grupo ter conquistado um espaço e estarem presentes no nicho gamer, mas também em outros, ainda existe um longo caminho para percorrer. O lado bom é que as grandes empresas e marcas estão percebendo que diversidade é lucro. Na última sexta (7), durante a BGS 2022, o MGG Brasil teve o prazer de entrevistar Bryanna Nasck, influencer no meio gamer e no meio LGBTQIAP+, no estande da Kingston Fury. Os tópicos giraram em torno de como as minorias se relacionam com a indústria de games, inclusive enquanto streamers, pro players e influencers e não apenas como consumidores. Confira tudo abaixo:
Antes de falar sobre a entrevista nós vamos contextualizar você sobre as minorias e, especialmente os LGBTQIAP+ no meio gamer, por se tratar de um nicho que não tem tanto alcance e é difícil ver um influencer do meio sair dessa bolha.
A princípio o meio era bastante homogêneo sem a presença de mulheres e muito menos de pessoas LGBTQIAP+, mas com o tempo isso foi mudando, conforme as minorias lutam por seus direitos, conquistam seus espaços e levantam a bandeira da diversidade.
Não seria errado dizer que hoje em dia existe tanta aceitação quanto negação desses grupos, mas ainda assim esse nicho está em expansão e conquistando um público maior, ainda que enfrente algumas barreiras.
São muitos streamers de sucesso que pertencem ao grupo LGBTQIAP+, como Samira Close, Kami, LOUD Babi, Sher Machado e também podemos citar especificamente streamers trans, como Beamon, Olga, Nerissa, Cup e a própria Bryanna.
A situação para as minorias no meio gamer
"Sem dúvida alguma existe um progresso, mas não acho que seja por incentivo externo, mas por pressão nossa, que ocupamos espaço e construímos a nossa própria representatividade", disse Bryanna após ser questionada sobre a situação de minorias no meio gamer. Ela afirma que hoje existem muitos produtores de conteúdo e influenciadores que fazem parte de diversas minorias conquistando seu espaço e mostrando que "o meio gamer é para todes"
Quando se trata do apoio do próprio nicho atualmente algumas minorias entram em contato entre si e existe um apoio mútuo, mas ainda existem muitas bolhas. Alguns grupos estão celebrando as conquistas de seus espaços, especialmente pessoas trans que precisam lidar com as mesmas coisas do dia-a-dia dentro do meio gamer em suas streams.
"Existem muitas camadas diferentes que precisamos enfrentar e, muitas vezes, em streams, é comum espectadores afirmarem que o primeiro contato com pessoas trans que tiveram foi através daquela live." Bryanna também afirma que se trata de ser uma linha de frente e, por conta disso, também recebem mais ataques.
A relação de LGBTQIAP+ com as empresas
A relação de LGBTQIAP+ em relação a patrocínios, eventos, propagandas, parcerias etc nem sempre foi algo muito aberto. "As marcas estão começando a reconhecer o poder que os nichos possuem, especialmente quando se trata de segmentação e venda de mercado. Grupos e minorias têm um nicho muito específicos e esse nicho tem poder. Não apenas relevância, mas poder de compra também".
Ela também afirma que a comunidade possui uma grande influencia e poder de compra, e essa influência beneficia também as marcas, gerando uma troca muito favorável para as duas partes. "Muitas marcas grandes estão reconhecendo esse espaço que as minorias estão conquistando e, de certa forma, incentivando isso, porque acho que, mais do que nunca, as marcas querem ter os valores de diversidade dentro da sua própria empresa e vender isso para todos. Porque a gente entende que diversidade também é lucro". A influenciadora deixa claro que ainda são poucas pessoas que conquistaram esse espaço de visibilidade e poder, conseguindo parcerias, mas ainda assim é um passo.
LGBTQIAP+ é só isso e nada mais?
"Querendo ou não, ser LGBT ainda é a grande bandeira. Acho que acaba sendo um passo e depois você consegue trazer visibilidade pro restante das sua habilidades. Mas é inegável que o que somos e por sermos quem somos, acaba sendo o grande diferencial entre os outros".
Ela também explica que pessoas LGBTQIAP+ não são apenas isso, mas muito além. Existe um caminho para poder explorar mais essas particularidades. Apesar disso, ela é otimista, pois existem marcas que a procuraram apenas para fazer a publicidade e não só necessariamente falar desses temas.
A expansão do nicho LGBTQIAP+
O nicho LGBTQIAP+ no meio gamer é um pouco mais fechado e cresce de maneira devagar. Streamers de grupos minoritários, mesmo que talentosos, precisam enfrentar muitas dificuldades para construir uma carreira. "Acho que isso entra naquele ponto de que muitas vezes só nos veem como LGBTs e não como influenciadores, comunicadores, apresentadores, entertainer, para estar lá oferecendo um bom tempo junto".
A influencer disse que é muito comum pessoas acessarem esse tipo de conteúdo e pensarem que é só para LGBTQIAP+ e não se interessar em assistir. "É pra LGBT, é de LGBT, apenas pelo fato de a pessoa ser". Apesar disso, ela também afirma que muitas vezes é possível furar a bolha e quebrar essa barreira.