Jogador mais experiente do atual elenco da MIBR, Ricardo “Boltz” Prass tem como um dos grandes objetivos para a temporada de 2022 fazer a org recuperar força no cenário internacional de Counter-Strike: Global Offensive. Após um 2021 em que a equipe não teve participações de destaque em campeonatos internacionais e não conseguiu classificação para o PGL Major Stockholm, a Made in Brazil manteve somente Boltz, Chelo e Exit na equipe, e se reforçou já no fim do ano com as contratações de Wood7, Tuurtle e, mais recentemente, JOTA, trio que teve temporada de destaque na América do Sul com a camisa da Bravos Gaming.
Em entrevista exclusiva ao MGG Brasil por intermédio da Betway, Boltz disse que o próximo ano será marcado por uma reformulação na equipe e mudança definitiva da lineup para a América do Norte. Boltz também antecipou que ainda não há definição sobre qual será o quinteto titular da organização na próxima temporada.
“A comissão técnica da MIBR vem testando possibilidades com os jogadores, tanto os que chegaram, quanto os que já estavam na equipe há mais tempo, como eu, o Chelo e o Exit. Ainda não temos nada definido para 2022, mas vamos começar uma reformulação. Nossa temporada do ano que vem será no NA (América do Norte), onde já jogamos alguns campeonatos neste fim de ano. Vai ser um período de evolução e reformulação, e a comissão técnica definirá quem serão os cinco jogadores. Tudo está sendo testado agora para chegarmos em 2022 com tudo acertado e os objetivos já claros.”
Sobre as escolhas de Wood7, Tuurtle e JOTA para reforçar a MIBR nesta reta final da temporada, Boltz explica que a decisão passou mais pela comissão técnica e direção da org do que dos jogadores que já estavam na equipe, mas que a escolha foi natural, visto que o trio se destacou pela Bravos, vencedora de dois dos três RMRs (Regional Major Rankings) sul-americanos disputados em 2021.
“Claro que nós, jogadores, somos ouvidos, mas quem faz esse trabalho de montagem do elenco é o MIBR e a comissão técnica, com o Apoka e o Nak comandando esse processo. Isso já vinha sendo estudado, porque o nosso ano não foi legal em termos de resultado, então eles (da organização) ficaram de olho em oportunidades de mercado. A Bravos teve um ano muito bom em termos de resultado aqui na América do Sul, inclusive ganhando os dois últimos RMRs, então o MIBR buscou aqueles jogadores que foram considerados os principais destaques do time.”
Para a disputa dos RMRs, eventos classificatórios para o Major, a MIBR optou por permanecer na América do Sul em 2021, mas o fato de a lineup da organização ter conquistado muitos pontos em 2020, quando ainda defendia a Boom, influenciou na decisão de a organização e o elenco disputarem os RMRs contra rivais sul-americanas. Além disso, a pandemia de Covid 19 também afetou, segundo Boltz, o planejamento do time de se estabelecer na América do Norte ainda este ano.
“O cenário NA era o nosso principal foco desde que a MIBR formou esse time, pois a org inclusive tem um office (escritório) lá em Los Angeles, só que com a pandemia e os RMRs da América do Sul, não foi possível. A gente tinha pontos RMRs conquistados em 2020 na América do Sul (quando Boltz, Chelo e companhia defendiam a Boom), então achamos que era melhor continuar jogando os RMRs daqui para aproveitar os pontos que nós já tínhamos. Ainda assim, conseguimos jogar a BLAST e outros campeonatos grandes lá fora, além de disputar torneios e fazer bootcamp na Europa várias vezes. Por isso, decidimos passar 2021 entre Europa e Brasil, mas para o ano que vem nosso foco é migrar para o NA.”
Ao longo da temporada 2021, a MIBR não conseguiu alcançar resultados de grande destaque em eventos internacionais, e a não classificação para o PGL Major Stockholm acelerou o processo de reformulação da organização. Para Boltz, um dos principais fatores para a ex-formação da Boom não ter repetido o sucesso na Made in Brazil foi a saída de Felps em dezembro de 2020, antes mesmo de Boltz, Chelo, Yel e Shz serem anunciados na tradicional tag brasileira ao lado de Danoco, que posteriormente serie substituído por Exit.
“Acho que o começo de tudo foi a saída do Felps. Ele é um jogador com um estilo muito diferente, passamos um ano jogando com ele, ganhando tudo aqui no Brasil, e acredito que o nosso time estava muito preparado para temporada de 2021, inclusive mostrando um bom nível de jogo nos grandes eventos. Só que o Felps é um jogador com um estilo de jogo muito difícil de achar, e com a saída dele para assinar com a GODSENT, tivemos muita dificuldade de encontrar um substituto. Um jogador que tem esse estilo e poderia encaixar bem no nosso time é o Fer, só que não conseguimos mantê-lo, e achar um jogador como ele ou o Felps aqui no Brasil é muito difícil, aí fomos testando possibilidades ao longo da temporada”
Ao falar sobre os times brasileiros mais fortes no cenário internacional hoje, Boltz aponta a FURIA e a GODSENT como as equipes que mais se destacam, e que a meta com a MIBR para 2022 é “chegar junto” dessas duas equipes para a organização voltar a ser uma força nos principais campeonatos de CS:GO.
“Acho que a FURIA hoje está um passo à frente de todos os times brasileiros, jogando bem por três temporadas consecutivas e sempre marcando presença nos grandes campeonatos, inclusive pegando Legend no Major este ano. A GODSENT vem numa crescente muito grande, especialmente nessa reta final do ano, e é hoje a segunda força do Brasil, e nosso objetivo para 2022 é chegar junto desses dois times para disputar os grandes campeonatos. Tivemos muitas mudanças este ano e queremos um 2022 mais sólido, sem grandes mudanças, para chegar no mínimo ao nível desses dois times.”
Boltz também faz uma análise sobre o próprio desempenho ao longo da temporada de 2021, e considera que viveu dois momentos distintos. No começo, o vice-campeão de Major pela Immortals considera que teve um desempenho ruim, especialmente no período de competições na Europa. Após o retorno ao Brasil, o jogador considera que ressalta que recuperou a confiança e, consequentemente, o melhor nível de jogo.
“Eu comecei o ano muito animado de vir para a Europa disputar torneios com o MIBR, mas os resultados não foram o que eu esperava. Com o Felps eu sentia que a gente tinha um potencial muito grande de chegar bem nos grandes eventos, mas muita coisa precisou mudar com essa troca na line, eu mesmo mudei de função algumas vezes ao longo do ano, algumas delas piores de se jogar individualmente e, particularmente, acho que tive um começo bem ruim, especialmente nos três primeiros meses de Europa, inclusive mentalmente”, frisa.
“Eu não estava muito feliz jogando, totalmente estressado, mas consegui resetar a cabeça depois que voltei para o Brasil, vendo a minha família e jogando o RMR daqui, voltei a fazer lives, que é algo que eu gosto bastante, e aí sim eu voltei a ter performances individuais muito boas e uma boa constância, embora a gente tenha alcançado resultados tão bons enquanto time. Infelizmente, isso não resultou nas vitórias que a gente queria.”
Por fim, Boltz aponta que a pandemia ampliou a distância da Europa e da Comunidade dos Estados Independentes (CIS, na sigla em inglês) em relação à América do Norte e ao resto do mundo, o que refletiu no domínio dessas duas regiões nos principais campeonatos ao longo do ano. O jogador, no entanto, acredita que com a volta ao modelo dos torneios em LAN de forma similar a 2019, antes da pandemia de Covid-19. Para ele, a concentração de grandes eventos na Europa foi o principal motivo para o desequilíbrio de forças no CS:GO mundial.
“Com certeza o motivo desse gap foi a pandemia. Os times que ficaram na Europa disputaram constantemente grandes campeonatos entre os melhores times do mundo, e quem era do NA ficou meio preso, sem intercâmbio com a Europa durante 2020 inteiro e também no começo de 2021. Mesmo com as equipes o NA tendo vagas nos grandes torneios, elas voltaram a jogar na Europa com praticamente 1 ano de atraso, com os times do NA só jogando entre si e a Europa evoluindo muito nesse período. Isso prejudicou muito, mas acho que agora, com os times do NA voltando a jogar com frequência os grandes torneios contra os europeus, esse gap vai diminuir bastante e os melhores times da região vão voltar a bater de frente.