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Fundadora do Joga Sapatão fala sobre importância do coletivo de streamers lésbicas

Fundadora do Joga Sapatão fala sobre importância do coletivo de streamers lésbicas
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Aryzete enaltece união de criadoras de conteúdo na luta mais visibilidade e no combate à discriminação de gênero

Fundadora do Joga Sapatão fala sobre importância do coletivo de streamers lésbicas

A presença de streamers assumidamente LGBTQIA+ ainda é minoritária no mundo das streams, seja dentro ou fora do Brasil, mas existem coletivos que buscam, aos poucos, aumentar a representatividade desses grupos e, ao mesmo tempo, ampliar o debate sobre diversidade e combate à discriminação de gênero e orientação sexual,. Um dos mais recentes é o Joga Sapatão, coletivo de streamers lésbicas fundado por Aryane “Aryzete” Nicéia no começo de agosto de 2021 e que conta hoje com 19 criadoras de conteúdo.

Em entrevista ao MGG Brasil, Aryzete fala sobre a origem da iniciativa, rápido crescimento do grupo e principais streamers que, de diversas formas, abriram caminho nos últimos anos para o aumento da diversidade em um meio que alcança um número cada vez maior de pessoas e, justamente por isso, precisa ser mais plural no âmbito de criação de conteúdo.

Ideia antiga que saiu do papel

Aryzete conta que a ideia de criar um coletivo focado exclusivamente em mulheres lésbicas é antiga, mas somente recentemente foi tirada do papel. A proposta do Joga Sapatão é reunir numa mesma comunidade criadoras de conteúdo lésbica, majoritariamente de pequeno e médio porte, para que todas se ajudem e, aos poucos, somem seus públicos, fazendo sempre raids umas para as outras e divulgando nas redes sociais do Joga Sapatão e das próprias stremaer lives das demais integrantes do coletivo, que, junta,s produzem conteúdos todos os sete dias da semana, em diferentes horários.

“Desde que comecei a streamar, percebi que streamers LGBTQIA+ eram bem poucos no cenário, e a parcela de criadoras de conteúdo lésbicas era ainda menor. Percebi que havia um padrão muito definido, e isso começou a me causar um incômodo. Eu sentia muita falta dessa maior representatividade, e no começo de agosto decidi criar o Joga Sapatão justamente para criar um coletivo em streamers lésbicas se reunissem e passassem a ajudar umas às outras”, detalha Aryzete.

“Mesmo com menos de 1 mês de projeto, já contamos hoje com quase 20 streamers. Ainda somos pequenas em número de seguidores, mas só o fato de termos reunido tantas mulheres lésbicas em um mesmo grupo em tão pouco tempo, com todas se ajudando, já é extremamente significativo. Se estamos mais afastadas desse cenário, isso não é culpa nossa, e sim de uma estrutura que dificulta muito o nosso crescimento no meio e um desinteresse do grande público em consumir o nosso trabalho ou ouvir o que temos a dizer, tanto que ainda temos poucas streamers lésbicas de grande alcance, seja aqui no Brasil ou lá fora. Nossa ideia é, aos poucos, transformar esse cenário.”

A busca por companheiras de luta

A partir daí, Aryzete começou buscar contato nas redes sociais, e ao longo das últimas semanas o Joga Sapatão tem aumentado o número de integrantes. A streamer destaca que o objetivo não é somente crescer no aspecto profissional, mas também fazer amizade com outras criadoras de conteúdo do meio e criar uma comunidade igualmente diversa.

“Eu pensei: ‘poxa, não é possível que eu seja a única streamer lésbica tentando crescer, e aí eu fui buscar conhecer outras meninas do meio. E o objetivo não é apenas crescermos como steamers, é jogarmos, fazermos amizade, criar uma comunidade acolhedora e inclusiva, e aos pouquinhos temos conseguido isso.

O senso de comunidade do Joga Sapatão não se limita à união das streamers que fazem parte do coletivo. O projeto também faz e incentiva doações da comunidade para a Casa Dulce Seixas, uma instituição localizada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que acolhe pessoas da comunidade LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social.

"A casa faz um trabalho fundamental de acolhimento a pessoas da nossa comunidade que estão passando por todo tipo de dificuldade, mas tem enfrentado enormes dificuldades financeiras. Por isso, nos unimos para ajudar a instituição, com doações tanto nossas quanto de pessoas da comunidade que nos acompanham nas lives e nas redes sociais."

Entre as lives e os estudos de engenharia física

Aryzete é a criadora do coletivo Joga Sapatão (Foto: Arquivo pessoal) - Millenium
Aryzete é a criadora do coletivo Joga Sapatão (Foto: Arquivo pessoal)

Natural do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, Aryzete concilia a rotina de streams, que costumam ocorrer de sexta a domingo, a partir das 20h, com a faculdade de engenharia física na USP. Ela explica que a rotina de estudos e lives não é fácil de conciliar, e por isso faz transmissões principalmente nos fins de semana. O que começou como um hobbie, no entanto, hoje é visto pela streamer como uma segunda carreira.

“Às vezes é difícil conciliar as lives com a faculdade de engenharia, mas as streams são, além de um trabalho, um hobbie que eu realmente adoro fazer, pois mesmo com uma comunidade ainda pequena, as pessoas têm sido muito acolhedoras. Todas as streamer se ajudam como podem, e hoje realmente encaro a stream como uma segunda carreira, mesmo sendo um meio difícil de crescer e ter estabilidade, a não ser que você seja um nome muito grande”, comenta.

Um nome de empoderamento e resistência

Ao falar sobre a escolha do nome do coletivo, Aryzete comenta que a escolha pelo nome Joga Sapatão foi um consenso após uma conversa entre as integrantes do projeto. A proposta foi ressignificar um termo usado de forma pejorativa contra mulheres lésbicas e dar ao grupo um nome que transmitisse, ao mesmo tempo, força e uma mensagem direta ao público.

“Fomos lapidando essa ideia aos poucos. Eu tinha uma listinha com algumas sugestões de nome e, após uma votação, o nome Joga Sapatão foi escolhido. É um nome forte, que traduz bem a mensagem que queremos transmitir ao público e, ao mesmo tempo, transformar um termo que sempre foi usado de forma depreciativa em empoderamento. Não temos vergonha de sermos quem somos, ao contrário, temos muito orgulho, e o Joga Sapatão é uma expressão disso”, frisa.

Entre os canais que fazem parte hoje do Joga Sapatão e se destacam pelo maior alcance, estão o de Fe Sicuro, que conta hoje com 9,1 mil seguidores e já tem parcia com a Twitch, e o Jogando Juntas, com 4,3 mil seguidores. Aryzete conta ainda que o Joga Sapatão já foi divulgado e teve interações com grandes influenciadoras e criadoras de conteúdo, com destaque para Louie Ponto, YouTuber com 671 mil inscritos, a caster Maria Fogueta, primeira narradora da história do CBLOL e integrante fixa do time de casters do CBLOL Academy, e a influenciadora digital Bianca “Imbizita” Schiavon, que conta com mais de 90 mil seguidores no Instagram.

“Sempre que essas mulheres de maior alcance e com um público que apoia criadoras de conteúdo LBTQIA+ interagem com o nosso grupo, o impacto é muito positivo, pois abre a possibilidade de um público que ainda nem nos conhece chegue até ao Joga Sapatão e às nossas streams. O nosso objetivo também é conseguir cada vez mais visibilidade por meio dessa divulgação de pessoas que possuem um grande público e apoiam a nossa causa. Pelo pouco tempo de projeto, sinto muito orgulho do que alcançamos até aqui.”

Planos para o futuro

Sobre os planos para o futuro, Aryzete conta que expandir a comunidade e fidelizar cada vez mais o público já existente é um dos principais objetivos do Joga Sapatão, além do crescimento de todas as streamers que já fazem parte do projeto hoje.

“Nascemos como um grupo com pautas em comum e desejo por maior representatividade, e se uma streamer cresce, queremos que todas cresçam também. Por isso temos essa corrente de divulgação mútua, pois é a nossa união que vai fazer o grupo ter cada vez mais alcance, e queremos que cada mais streamers façam parte do nosso projeto. Nada nos deixaria mais feliz do que daqui a 1 um 2 anos ver o Joga Sapatão se tornar um coletivo de referência em diversidade, assim como o Wakanda Streamers é hoje e ajuda no crescimento de vários criadores de conteúdo negros.”

Canais das streamers do Joga Sapatão

  • Aryzete
  • Jogando Juntas
  • Silvoca
  • ViQu33n
  • Fe Sicuro
  • Camzsab
  • Chireon
  • Ems Colona
  • Marnie Grenat
  • 4cid5torm
  • Jadescanso
  • AlpacaCola
  • Alobona
  • Alp4ca
  • Simdaya
  • ScarletEbinger
  • YatoTunes
  • Iinago
  • CarolBaden
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Gabriel SALES
Gabriel Sales

Jornalista apaixonado por games desde o jardim de infância e fã de quase todo tipo de RPG, especialmente os da série Chrono. Nos esports, shooters e jogos de luta são minhas maiores paixões, mas abraço qualquer jogo com uma cena competitiva pulsante.

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