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"Sei exatamente o que a comunidade quer": Baiano inaugura nova fase com CBOLÃO presencial e fala sobre comparações à Riot Games

"Sei exatamente o que a comunidade quer": Baiano inaugura nova fase com CBOLÃO presencial e fala sobre comparações à Riot Games
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Em entrevista ao MGG Brasil antes do primeiro CBOLÃO presencial, Baiano falou sobre o projeto, nova etapa da carreira e sucesso do Ilha das Lendas

'Sei exatamente o que a comunidade quer': Baiano inaugura nova fase com CBOLÃO presencial e fala sobre comparações à Riot Games

11 anos após a chegada oficial de League of Legends no Brasil, o jogo ainda tem um dos principais cenários competitivos dentre os esports presentes no país. Comercialmente falando, é impossível dizer que o LoL não é um sucesso - e grande parte disso se deve ao que a comunidade local construiu ao longo dos anos. Mesmo com a crescente do CBLOL, nunca foi possível distanciar o jogo ou os torneios da criação de conteúdo, tendo ela sido feita por jogadores casuais ou membros mais conhecidos do cenário. 

A construção gradual do que é o LoL no país também impactou e impacta a Riot Games Brasil, que vira e mexe utiliza os principais criadores de conteúdo do país e os “memes” da comunidade em campanhas, publicações e até em elementos in-game. E com o jogo sendo um dos principais objetivos de quem trabalha com esports no Brasil, centenas de influencers estão ao redor da desenvolvedora buscando seu próprio espaço diariamente - como Gustavo “Baiano” Gomes, que hoje acolhe os mais diferentes nichos do LoL brasileiro no Ilha das Lendas, um dos principais programas sobre a cena competitiva do MOBA. 

Como a maioria, Baiano começou sua trajetória como pro player - mas a carreira do então atleta teve que ser interrompida após as consequências de um tumor começarem a afetar sua rotina. “O pessoal da minha live até brinca que minha carreira de pro player foi marcada pelo período pós e pré-tumor, né”, disse ele, enquanto discorria sobre sua fase competitiva com um sorriso no rosto. “Se você tem que ficar parando para cuidar da saúde, ser internado ou algo do tipo, isso quebra muito o ritmo. [...] Então quando isso foi acontecendo repetidas vezes comigo, aí eu vi que não dava mais. Eu não queria seguir sendo medíocre no que estava fazendo”.

O início

Nessa época, em 2019, Baiano já havia tido um certo sucesso no Circuito Desafiante - quando o torneio ainda tinha sistema de promoção - e no próprio CBLOL. Mesmo com o crescente destaque, isso não foi suficiente para que o então jogador continuasse com a rotina alternada entre tratamentos e jogo. Ele, porém, sempre teve um pé na criação de conteúdo: “Eu era um dos poucos que tentava abrir uma live depois de um dia cansativo de treino, eu tinha essa visão. Jogava o CBLOL, chegava em casa, todo mundo ia sair e eu ia tentar abrir uma livezinha”. 

Um dos períodos mais marcantes dessa época para o influenciador foi um vídeo gravado com seu atual colega de trabalho, Eidi “esA” Yanagimachi, no qual os dois realizaram um desafio de subir do elo Ferro até o Desafiante em 72 horas. Quando chegamos nesse assunto, Baiano pareceu ficar bastante contente com a memória, mostrando se orgulhar bastante de tal conteúdo. Para ele, foi nesse momento que “começou a surgir o gostinho” pelo lado do entretenimento.

Ele menciona diversas vezes que seu sucesso pode ser relacionado ao fato de que sempre estava ali, em uma imersão com o cenário que julga quase integral. Enquanto ainda desapegava do competitivo, Baiano buscava utilizar o período de off-season - que geralmente coincide com as férias escolares - para produzir o máximo de conteúdo que conseguia. Ele não nega que sua naturalidade e paixão pelo jogo o ajudaram imensamente, mas não desvia do ponto principal: o foco.

É uma imersão de 24/7 que sigo desde 2019, então realmente é um foco. [...]  Sempre quis pegar os momentos certos para fazer mais conteúdo, geralmente no momento em que a comunidade está mais carente [de conteúdo]. Eu sempre pensava: “caramba, tá todo mundo tirando férias, então vai ter muita gente em casa” e fazia o oposto. Eu não tirava férias, criava mais conteúdo. Isso com toda a minha bagagem de LoL desde o comecinho de tudo, peguei toda a época de campeonatos em lan house. Então tem toda uma bagagem de 10 anos acumulada [...] que criou esse fenômeno aí que vemos acontecendo hoje em dia.

O CBOLÃO

 

O projeto do CBOLÃO chegou para a comunidade em um momento de angústia para o mundo inteiro: a pandemia causada pela Covid-19. Inicialmente um torneio beneficente para auxiliar nas despesas de organizações que lutavam contra as consequências do vírus, hoje o campeonato é um “respiro” de entretenimento para os fãs de LoL. Baiano comentou que já contava com que a comunidade iria gostar do projeto, mas a recepção inicial “superou muito” suas expectativas. 

E, realmente, não era de se espantar que o torneio amador fosse algo positivo. Com a quantidade de players casuais e torneios semanais que rodeiam o League of Legends no país, esse era um projeto certeiro - ainda mais quando todo o mundo estava em casa e o consumo de transmissões ao vivo estava em uma crescente imparável. Além de dar mais espaço para novos jogadores e streamers em desenvolvimento, o torneio beneficente de Baiano também se estabeleceu como “o show dos monochampions”. Caso você não esteja familiarizado com o termo, “monochampion” é um termo utilizado para se referir aos jogadores que jogam exclusivamente com um campeão. 

Pode parecer piada, mas é verdade que Baiano ajudou uma grande parte dos criadores de conteúdo desse nicho a se estabelecerem como streamers. “Tem vários streamers que começaram a pegar 3, 4, 5 mil viewers e isso foi aumentando com o tempo”. Como exemplo, ele citou o mono Rammus Lord Semi, um dos participantes do torneio que conseguiu crescer na carreira quando viu seus telespectadores da Twitch aumentando gradativamente. 

Com o tempo e o fim da pandemia, o torneio deixou de ser um projeto momentâneo visando arrecadar fundos para uma causa e começou a ser visto pelos usuários como um evento quase essencial. “Eu não preciso nem mais divulgar o CBOLÃO, o pessoal me cobra até eu fazer. É uma coisa que amo fazer também, óbvio, mas senti muito isso ano passado quando não consegui fazer as edições por alguns problemas de saúde. Tive que me afastar um pouco e o pessoal cobrava demais: “quando é que vai ser?”, “tem que ter o CBOLÃO”, “todo mundo quer””. 

Hoje, o CBOLÃO também se estabiliza como algo “recreativo” para os pro players que estão em uma pausa do CBLOL, sendo também um objeto de interesse para os fãs do torneio que estão esperando o próximo split começar - afinal, os torcedores também querem ver o desempenho dos players de seus times fora da temporada. “Tudo isso é uma mescla de entender o que a comunidade quer. Eu sei exatamente o que eles querem”, reforça Baiano, mais uma vez exaltando sua compreensão do que é o LoL no Brasil. Por mais que seu estilo de conteúdo tenha ficado nichado para uma certa parcela consumidora por alguns anos, seus recentes esforços estão atingindo núcleos até então desconhecidos - e é aí que entra o Ilha das Lendas, o novo programa do streamer e apresentador. 

O Ilha das Lendas

A “segunda fase” do Baianalista, programa no qual o streamer focava em analisar jogadas e desempenhos dos principais pro players de LoL do Brasil, chegou de cara - e bancada - nova. Agora chamado Ilha das Lendas, o programa é produzido em parceria pela Omelete Company e tem Jime, Minerva, esA, brucer e Mylon ao lado de Baiano. Alguns poucos anos atrás, essa junção de personalidades faria pouco ou quase nenhum sentido para qualquer pessoa que conhecesse como o cenário de LoL funciona. 

Quando perguntei a Baiano o que o fez buscar especificamente esses nomes, ele respondeu exatamente o que eu havia questionado segundos antes: o objetivo era encaixar todas essas peças para que formassem um quebra-cabeça de conteúdos diversos. Para ele, o novo programa precisava ser algo que não deixasse de lado nem a seriedade das análises, nem a “resenha”. “O patamar certo”, disse ele repetidas vezes. 

Por exemplo, o Minerva é um cara muito voltado para a resenha, para aquele negócio com mais piada e o Mylon é quase o oposto - ele não é muito de piada, ele é o cara analista que está ali falando sério, que estuda cada mínimo detalhe do jogo e quer saber se um item dá 2 de Armadura a mais. Isso tudo é uma questão de sinergia, e sei exatamente como encaixar todas essas pontas. [...] Existem momentos em que a comunidade quer uma coisa mais analítica, mais séria, e existem momentos em que isso não é um ponto muito forte. Eu vou nivelando [...] para estar no nível exato.

Ele entende que o novo programa possibilita que novas opiniões agreguem diariamente ao seu conteúdo. Pessoalmente, isso também o ajudou a perceber que é impossível “abraçar o cenário inteiro” sozinho - algo que tentou fazer por algum tempo. “Por mais que eu fizesse 18 horas de live por dia como eu cheguei a fazer em 2020, 2021, ainda ficavam faltando coisas e não era humanamente possível que uma pessoa [conseguisse fazer isso]”. 

Hoje um grande sucesso na Twitch, o Ilha das Lendas no canal de Baiano é um destino para a maioria das pessoas que acompanham LoL. Em uma ação global na qual a Riot Games permitiu que criadores de conteúdo fizessem costreams do Mid-Season Invitational 2023, foi observado que a transmissão espontânea e interativa dos membros do Ilha das Lendas é estável o suficiente para sustentar horas de partidas competitivas. 

O sucesso do programa certamente culminou na decisão da realização da primeira edição presencial - que acontece neste final de semana, em 3 e 4 de junho. O CBOLÃO terá diversas ativações, meet & greets e apresentações musicais para os fãs de League of Legends que passarem pelo Memorial da América Latina, em São Paulo, entre sábado e domingo. Por mais que Baiano tenha expressado o desejo de tornar o evento presencial há algum tempo, este parece o momento ideal para aproveitar o crescimento do Ilha das Lendas juntamente com o carinho da comunidade pelo torneio. 

Para a primeira edição com público do evento, a produção contou com o auxílio da Omelete Company - que está por trás de eventos como CCXP e GameXP. Por mais que o público tenha se apegado ao torneio pelo meio digital, Baiano está confiante de que será um grande momento presencial também. 

Estamos aqui na quinta-feira, dois dias para o evento, tivemos umas reuniões longuíssimas nos últimos dias, mas estou me sentindo até mais tranquilo. Eu achava que estaria mais preocupado, mas a equipe é tão boa e acostumada com eventos gigantes, que conseguiram passar essa segurança para mim. Estou com aquela ansiedade, não é medo, é mais um “chega logo”.

O elefante na sala (ou na Twitch?)

Você certamente já viu alguma discussão cheia de opiniões fortes sobre a transmissão do programa Ilha das Lendas ser melhor do que a Riot Games Brasil, ou vice-versa. Esse debate recorrente e às vezes acalorado se baseia majoritariamente em opiniões dos telespectadores, o que torna ambos os lados corretos em suas visões divergentes. Por mais que os números do programa de Baiano e cia estejam isoladamente maiores, sabemos que a soma dos números beneficia o ecossistema geral. 

Com o sucesso das transmissões com imagens do MSI, Baiano percebeu que os números deixaram um “recado para todo mundo” sobre o potencial do programa. Ele reforça a ideia de que o importante são os números totais, somados com todas as transmissões da Riot, mas sempre reforçando o potencial do projeto que criou e desenvolveu por anos. 

Mesmo tendo sido sempre confiante com seu projeto, Baiano já teve receio de “provocar” a desenvolvedora no início do Baianalista. De acordo com ele, não foi fácil para a Riot Games “entender” o seu conteúdo e, por isso, o começo foi um tanto quanto conturbado e delicado. O criador de conteúdo contou que a produtora do CBLOL realmente não apoiava a ideia de críticas de cunho mais negativo aos pro players, de forma que a desenvolvedora tinha certos receios com sua transmissão “de comunidade” - como ele mesmo se referiu. Embora a transmissão oficial tenha ficado cada vez mais espontânea com a chegada de nomes como Fogueta e Tabs e a adição do ex-Riot Mylon para o Ilha das Lendas tenha diversificado a interação de ambos os programas, o público consumidor ainda enxerga as transmissões quase como polos opostos. 

Ele disse, porém, que não sentia incômodo com as comparações constantemente feitas pela comunidade e nem com os incessantes pedidos para que a Riot Brasil liberasse as imagens do torneio para ele. Na visão do streamer, essa tal “briga” nunca aconteceu; para ele, estar sendo considerado no mesmo patamar é um grande elogio para um criador de conteúdo. Como Baiano e sua equipe sempre tiveram confiança no potencial de seus programas e quadros, foi tomada a decisão de seguir constante até que fosse possível elevar o nível das transmissões ao vivo da maneira que todos desejavam. 

Por mais que o retorno tenha começado a vir recentemente, Baiano reforçou que uma relação de dependência com a desenvolvedora nunca existiu em sua cabeça. “Durante todo esse tempo de amadurecimento, eu vim pensando em outras possibilidades. No caso de uma desenvolvedora não ligar para o nosso estilo de transmissão, eu tinha várias outras coisas, várias outras cartas na manga para botar em prática e tenho certeza que a comunidade viria junto”. 

Se colocando quase como uma personificação da comunidade brasileira de League of Legends, Baiano deixa claro que, por mais que sua criação de conteúdo evolua com o tempo, ela sempre manterá a mesma essência e a mesma base de pensamento. 

A primeira edição presencial do CBOLÃO poderá ser acompanhada virtualmente por meio da Twitch de Baiano. O evento estará ao vivo a partir de 12h (horário de Brasília) nos dias 3 e 4 de junho. 

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Maria Eduarda Cury
Maria Eduarda Cury  - Redatora

Jornalista, apaixonada pelo estudo da cultura digital, jogos competitivos e filmes de terror. 

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