Após uma primeira edição que serviu como teste para verificar a aceitação do cenário inclusivo de League of Legends no Brasil, a Riot Games local anunciou que o circuito da Ignis Cup se tornaria parte do calendário oficial da desenvolvedora - junto do CBLOL e do CBLOL Academy. As datas para a fase final da primeira etapa só foram divulgadas, porém, com um mês de antecedência, que será em 9 de junho, uma sexta-feira, às 13h (horário de Brasília), o que não agradou a comunidade e gerou preocupação entre pro players que podem, eventualmente, chegar até a decisão do torneio.
Riot parece atribuir papel de figurante à Ignis Cup
O feriado de Corpus Christi não tem uma data fixa no calendário, mas sempre acontece às quintas-feiras. Por conta disso, o dia seguinte, sexta-feira, costuma ser tratado como Ponto Facultativo, ocasião na qual empregadores podem decidir se darão ou não o dia de folga aos seus funcionários. Com a decisão nas mãos das empresas, folgar no pós-feriado não é a realidade de todos - ainda mais levando em conta que nem todas as pro players disputando o torneio são de São Paulo.
Sabendo que a maioria dos times classificados não possuem suporte de GH ou mesmo que - ainda - não levam o jogo como profissão principal, parece que a desenvolvedora não considerou a participação de todos os envolvidos no campeonato no dia da decisão do título.
Embora seja até compreensível que o torneio esteja sendo tratado como secundário por apresentar uma audiência e relevância menores do que os torneios principais, é difícil não pensar que o planejamento foi feito às pressas. Todas as datas do CBLOL, por exemplo, incluindo as do 2º split, já estão no livro de regras da competição desde o começo do ano para evitar futuros problemas - e se a Ignis Cup faz parte do calendário oficial, a competição já deveria estar inclusa nos agendamentos prévios.
A impressão que a Riot Games passa é a de falta de comprometimento em pensar em todos os pontos possíveis da operação da Ignis, especialmente nos que dizem respeito às jogadoras e que parecem básicos: quantas delas trabalham neste dia? Quantas delas estudam neste dia? A maior parte delas consegue estar na final caso se classifiquem para esta fase do campeonato?
É claro que, muitas vezes, perseguir uma profissão e um sonho exige alguns sacrifícios, mas se o objetivo do cenário inclusivo é desenvolver profissionais e diminuir os obstáculos que as participantes já encontram no dia a dia para participar do cenário, parece que a Riot não está dando o seu melhor na organização do circuito.
O que dizem as jogadoras que disputarão a Ignis Cup?
O MGG Brasil conversou com duas jogadoras de diferentes times dentre os qualificados para a primeira etapa do torneio, e as entrevistadas mencionaram possíveis dificuldades em comparecer à final - seja disputando o título ou como plateia. Amanda “Pandora” Merlin, suporte da JupiterKing E-sports, opinou que a data e o horário da Grande Final podem “reduzir a visibilidade do torneio”.
Ela ainda acrescentou que, antes das datas serem divulgadas, as jogadoras de seu time acreditavam que a Grande Final poderia ser no término desse mês - e não no começo de junho, como oficializado. A segunda jogadora entrevistada, que optou pelo anonimato, comentou que o calendário da Ignis Cup a deixou “bem desconfortável”:
No dia do anúncio das datas, o MGG Brasil tentou contato com a Riot Games para um posicionamento diante das críticas que estavam sendo feitas sobre o dia da Grande Final. A desenvolvedora, porém, afirmou que não tinha “nenhuma declaração sobre” as reclamações levantadas pela comunidade, que pediu pela mudança da data.