Longe de figurar entre os principais favoritos ao título do IEM Rio Major 2022, primeiro mundial de CS:GO da história realizado no Brasil, a Outsiders conquistou o título com uma campanha de 9 vitórias e 2 derrotas e passando por Fnatic, MOUZ e Heroic nos playoffs. Em entrevista coletiva após o título do Major, o elenco da equipe campeã falou sobre o impacto da conquista para o time e as ambições futuras do quinteto formado por Jame, Fame, FL1T, Qikert e N0rb3r7 e comandado pelo técnico Dastan.
"A ficha ainda não caiu"
Melhor jogador da final do IEM Rio Major, o russo, com 55 kills, K/D (média de eliminações por round) de 1.68, ADR (dano médio por rodada) de 112.6 e rating de 1.63, Evgenii 'FL1T' Lebedev revelou ainda não ter uma completa noção do tamanho da conquista que ele e seus companheiros de time alcançaram. Ainda tentando absorver o resultado histórico para a equipe, o jogador enfatizou que a "ficha não caiu".
"Estou me sentindo ótimo, mas por enquanto ainda não caiu a ficha do que aconteceu. Vou precisar de um tempo, talvez uma semana, para que ela caia. Estou feliz, mas sem grandes emoções até agora. Estou me sentindo muito bem", revelou o jogador.
Do atual elenco da Outsiders, Jame, Qikert e o técnico Dastan faziam parte do elenco da Avangar, organização do Cazaquistão que em 2019 venceu a DremHack Open Rio 2019 derrotando na grande final a FURIA, composta à época por Art, KSCERATO, Yuurih, VINI e AbleJ, enquanto Jame e Qikert tinham como companheiros de time à época Buster, SANJI e Fitch, além de Dastan no comando técnico. Mesmo disputando seu primeiro torneio no Rio de Janeiro, FL1T disse que a Outsiders se sentiu em casa durante a disputa do Major. Quando perguntado se estava ansioso para voltar ao país para disputar a próxima edição da IEM Brasil, que acontecerá em abril de 2023, FL1T revelou que ele e o restante do time "se sentem em casa" no país.
"Claro que estamos. É uma ótima cidade, um ótimo país. Meus companheiros de time estavam aqui três anos atrás, também venceram e gostamos desta cidade. É a nossa cidade", brincou o rifler da Outsiders.
"Precisamos usar esta vitória corretamente"
"Veterano" em disputar e vencer campeonatos no Rio de Janeiro ao lado de Jame e do técnico Dastan, Aleksei "Qikert" Golubev enfatizou na entrevista que a equipe da Outsiders "precisa usar corretamente" a vitória no Major do Rio para a equipe permanecer brigando constantemente pelos principais títulos do CS:GO mundial. Quando questionado sobre a possibilidade de o time iniciar uma era dominante no FPS da Valve, como Astralis, Fnatic e SK Gaming fizeram no passado, Qikert reconheceu o tamanho do desafio, especialmente pelo fato de o time passar a ser mais estudado após o título do IEM Rio Major.
"Precisamos usar esTa vitória corretamente. Precisamos continuar trabalhando como antes, talvez até mais forte, porque as equipes vão se preparar mais contra nós e não vai ser fácil, mas precisamos ir em frente e mostrarmos para todo mundo porque somos os melhores", salientou o pro player do Cazaquistão.
Em 2019, quando ainda defendiam a AVANGAR, Jame, Qikert e Dastan foram vice-campeões do StarLadder Berlin Major, derrotados na ocasião pela Astalis na grande final e sem impor grande dificuldade ao quinteto dinamarquês formado por Dev1ce, Gla1ve, Xyp9x, Magisk e Dupreeh. Três anos depois, o trio finalmente foi coroado com uma conquista de Major, e Jame e Dastan falaram sobre o que mudou nesse período par além das chegadas de Fame, FL1T e N0rb3r7.
"As pessoas não sabem disso, mas nós temos um analista. Eu, qikert, dastan e nosso analista (cujo nome não foi revelado pelo pro player) estávamos juntos, então são quatro pessoas daquela lineup que estiveram na final do Major (de Berlim), e as pessoas precisam saber que somos um grande time. Quando jogamos contra a Astralis éramos um time jovem, e eles já eram um time totalmente dominante", comentou Jame.
"A Astralis naquela época era muito forte. Em Berlim, o Qikert tinha 19 anos, era muito jovem. Só o AdreN (da então lineup da AVANGAR) tinha experiência. Eles já tinham vencido 3 (na verdade 3, sendo 2 deles em sequência) Majors, e foi realmente muito difícil. Eu sempre vi aquilo, o que poderíamos mudar antes daquela partida, e foi uma partida diferente, um oponente diferente. Agora foi a Heroic, um time diferente, com um estilo diferente e que não venceu Majors. Foi uma final completamente diferente, mas foi importante vencer, vai nos ajudar no futuro. Vencer a última partida é muito importante", complementou Dastan.
Dastan também falou sobre como ele imaginava que seria um possível confronto com a FURIA na final. O treinador ressaltou que o confronto teria uma cara diferente do duelo contra a Heroic, tanto pelo estilo de jogo da FURIA, quanto pela pressão da torcida contra Outsiders. O treinador da Outsiders, porém, frisou que os dois times se enfrentam com frequência, e por isso se conhecem muito bem, o que diminuiria as chances de um surpreender o outro dentro do jogo. Dastan também projetou que FURIA e Outsiders terão uma rivalidade que durará muitos anos.
"Contra a FURIA seria um jogo diferente. A FURIA é como o nosso time, o título estaria próximo e a pressão seria extremamente alta, poderia ir para qualquer lado. Nós jogamos muito contra eles, conhecemos eles demais. A última vez que enfrentamos a FURIA nós vencemos, mas ans outras três vezes, a FURIA nos venceu. Não sei como seria, mas vamos jogar mais contra a FURIA no futuro. A FURIA é um time jovem, vão ser nosso oponente durante toda a carreira", analisou.
Dastan também falou sobre o impacto do título da Outsiders para a equipe. O treinador lembrou que o time não costuma receber convites para os principais torneios que contam o esse sistema, o que força a equipe disputar eventos classificatórios com frequência.
"Somos um time sem convites para a ESL e BLAST, precisamos jogar mais focados. Os outros times podem jogar vários campeonatos, e nós não temos essa opção, temos que nos classificar para tudo, brigamos por uma vaga para oito times e coisas do tipo. Você precisa jogar focado. Talvez, no futuro, quando tivermos mais opções para jogar grandes campeonatos, vai ser diferente", argumentou.
Por fim, o técnico da Outsiders falou sobre as chances de Outsiders repetir um ciclo de grandes títulos de agora em diante, a exemplo do que a NAVI fez em 2021 e a FaZe Clan em todo o primeiro semestre de 2022. Dastan disse que sua equipe tem um estilo de jogo diferente de Natus Vincere e FaZe, mas que a beleza do CS:GO está justamente nisso.
"Tudo vai depender de como vamos lidar com essa vitória. São muitos torneios, dois Majors por ano. Entendemos que esse foi o campeonato mais valioso, mas tudo depende de como os jogadores mais jovens vão desempenhar no futuro. Agora teremos mais oportunidades por causa desta vitória. pis não precisamos mais jogar os qualifiers, vamos para a BLAST Finals e a IEM Katowice. Teremos um tempo para descansar, mas precisamos continuar trabalhando. Eu, como treinador, preciso continuar sendo rígido com eles para que eles continuem sendo eles mesmos. Precisamos usar essa vitória de maneira positiva, para ter confiança no futuro, e tudo depende de como vamos trabalhar. Essa vitória sempre estará nos nossos corações e vai nos ajudar em partidas difíceis", finalizou o técnico da Outsiders
Foto de abertura: Michal Konkol / Divulgação ESL*