Após a derrota da FURIA para Heroic e eliminação da equipe brasileira nas semifinais do IEM Rio Major 2022, primeiro Mundial de CS:GO da história disputado no Brasil, os jogadores Yuri "Yuurih" Boian e André "Drop" Abreu lamentaram o revés diante da equipe de Cadian, TeSeS e companhia, mas também enalteceram a campanha dos Panteras e acreditam que a campanha no Major do Rio levará o time rumo a voos mais altos no futuro.
Em entrevista ao MGG Brasil, a dupla falou sobre erros cometidos contra a Heroic, agradeceram o apoio da torcida desde o primeiro dia de Challengers Stage e acreditam que, mesmo sem o título, a FURIA sai fortalecida do Rio de Janeiro e muito mais conectada aos torcedores brasileiros após a melhor campanha dos Panteras no Mundial de CS:GO.
"Decisões da Heroic se sobrepuseram às nossas"
Após atropelar a Heroic com um 16 a 6 no mapa Inferno, a FURIA sofreu no mapa Ancient e chegou e estar perdendo por 15 a 10. Quando o jogo 2 da série já parecia perdido, a equipe brasileira iniciou o que parecia ser um dos maiores comebacks da história dos Majors, salvou 10 map points seguidos no lado CT e forçou a prorrogação.
A Heroic, porém, conseguiu frear a virada brasileira no overtime, mesmo vindo de um momento extremamente desfavorável, venceu o overtime por 19 a 17 e arrancou para uma vitória tranquila por 16 a 5 na Nuke, garantindo vaga na grande final. Drop falou sobre os fatores que mais pesaram para a FURIA não conseguir concretizar a virada, e atribuiu a vitória dinamarquesa na Ancient a "decisões que se sobrepuseram" às da FURIA.
"Acredito que foi mais o lado técnico do jogo (que influenciou a derrota na Ancient). O time da Heroic é muito bom e toma boas decisões, e foi o que aconteceu nesse OT. A gente resolveu mudar um pouco o pace (ritmo) do nosso jogo, algumas coisas que a gente não tinha feito antes, mas as decisões deles foram em desencontro com isso. Ele tiveram decisões que se sobrepuseram às nossas, e nas situações de meio de round eles jogaram melhor também. No OT eles foram um time muito melhor e mereceram o resultado", avaliou o jogador da FURIA.
Drop falou ainda sobre uma breve conversa que teve com Cadian logo após a derrota na semifinal. Ele comentou que o capitão da Heroic o elogiou, falando do crescimento do jogador da FURIA desde o PGL Major Stockholm 2021, e comentou que "a hora dele (de chegar a uma final de Major) vai chegar".
"O Cadian me lembrou de quando nos encontramos em Estocolmo, no meu primeiro Major, quando eu tinha pedido para tirar uma foto com ele e o parabenizei, pois era a primeira vez que ele havia chegado nos playoffs. Ele já era um cara experiente (na época) e já tinha participado de muitos outros Majors, inclusive do primeiro Major da história. Ele me relembrou disso, me elogiou e disse que eu evoluí muito e que a minha hora vai chegar", destacou.
Ao analisar a campanha da FURIA no Major, Drop considerou o desempenho time bastante satisfatório, mesmo reconhecendo a frustração pela eliminação na semifinal. O jogador ressaltou também o fato de a equipe brasileira ter garantido com a campanha uma vaga direta no RMR Américas.
"De acordo com os objetivos que tínhamos antes de o campeonato começar, nossa performance foi bastante satisfatória. Chegar nos playoffs, jogar de frene para essa torcida, ser considerado um dos favoritos ao título, foi tudo maravilhoso. Pensando no futuro, conseguimos garantir uma vaga de Legends no RMR das Américas. No geral, sem pensar na tristeza de ter perdido, foi uma campanha bastante satisfatória."
Drop falou ainda sobre a derrota no mapa Nuke, no qual a Heroic controlou a partida desde as primeiras rodadas, levando vantagem inclusive no lado TR, estatisticamente desfavorável em comparação ao CT. Para Drop, o bom começo dos dinamarqueses rapidamente virou "uma bola de neve" para FURIA, que na opinião do pro player falhou em decisões individuais e coletivas.
"Não diria que a Heroic nos surpreendeu, mas nós tivemos muitas falhas individuais e coletivas, não só na Nuke, como na série toda. Quando você vem de um momentum em que você perde num mapa onde você tinha acabado de buscar um comeback, sabe que está num momento bom e o outro time começa a fazer vários rounds, isso vira uma bola de neve e tira a sua confiança", avaliou.
"As decisões começam a ser meio moles, as coisas começam a dar errado, e foi o que aconteceu. Eles encaixaram o jogo contra a gente, conseguiram uma sequência de rounds muito forte. Mesmo no lado favorável do mapa, a gente estava numa desvantagem muito grande, e isso machucou bastante. Quando a gente perdeu o segundo pistol, já era meio caminho andado (para a vitória da Heroic), as coisas seriam muito difíceis a partir dali, e mesmo não deixando a comunicação cair, tentado até o fim, a gente não conseguiu buscar o resultado."
Yuurih enaltece dupla com KSCERATO e disputa do bem entre os jogadores
Um dos principais destaques do IEM Rio Major ao lado do companheiro de time KSCERATO, Yuurih falou sobre a disputa saudável da dupla "YURATO" dentro do elenco. O rifler destacou que um jogador puxa o outro numa disputa saudável para ver quem é o melhor, e não esconde o quanto essa "briga" faz ambos evoluírem e se tornarem jogadores mais completos.
"Sempre foi bom ter o KSCERATO no time, porque ele me força a ser melhor do que ele, e eu o forço a ser melhor do que eu. Essa parada da dupla é animal, eu gosto muito, porque estamos sempre nos ajudando. Acho que eu e os KS sempre estamos bem e ajudando a FURIA nos momentos importantes, e quando não estivermos, sempre vai ter o time ajudando, então fico muito feliz por ter ele no time. Somos muito novos e ainda temos muitas coisas para conquistar juntos aqui na FURIA", enfatizou.
Na avaliação de Yuurih, o Major do Rio foi, "com certeza", o melhor da história da FURIA, não apenas pelo fato de a equipe ter alcançado as semifinais, mas pelo próprio nível de jogo apresentado durante a competição. Ele também elogiou a evolução do time no aspecto emocional e a própria forma como os jogadores lidam um com o outro no dia a dia.
"Nós melhoramos muita coisa, principalmente o emocional, como um lida o outro, e quando todo mundo está jogando um bom CS, a FURIA sempre vai longe. A gente sempre está jogando contra os melhores, e a nossa mentalidade tem que continuar sendo essa, trabalhar passo que uma hora o resultado chega."
Yuurih falou ainda sobre a conexão da FURIA com a torcida brasileira durante o IEM Rio Major. Melhor time do Brasil desde o segundo semestre de 2019, os Panteras têm conquistado cada vez mais a simpatia e apoio da torcida, mas o pro player considera que o Major do Rio será um divisor de águas para o time ganhar mais torcedores no Brasil.
"Já tem uns 4 anos que a gente tá dominando o Brasil e está entre os melhores (do mundo). Depois desse campeonato, com certeza a gente conseguiu trazer mais um pocuo do carinho do povo brasileiro que não nos acompanhava tanto ou não gostava da gente. Acho que foi um campeonato que trouxe muito as pessoas para o nosso lado, que viu o nosso potencial e o carinho que a gente tem povo também. A torcida foi algo mágico aqui, e se chegamos aqui, foi por causa deles. Teve algo diferente, foi muito especial", destacou o jogador.
Ao analisar a derrota para a Heroic, Yuurih lamentou alguns erros que custaram a vitória no mapa Ancient e na série, mas a exemplo de Drop elogiou muito a atuação da Heroic na partida.
"Nós poderíamos ter virado na Ancient, mas demos uma vacilada, e também ali no CT da Nuke. Sabemos que dava para fazermos mais, talvez fazer história ganhando um Major no Brasil. Esse é o único sentimento ruim, mas ao mesmo tempo estou orgulhoso. Foi mais mérito dos caras (da Heroic) também", concluiu.