Qualquer game com a longevidade e o sucesso de League of Legends tem vários outros tentando copiar suas inovações ou melhorá-las (WoW, por exemplo é outro jogo de bem-sucedido que é bastante plagiado). É um processo natural do qual a própria Riot Games se beneficiou em sua época e que, salvo em casos flagrantes, não costuma dar origem a reclamações ou ações legais por parte dos desenvolvedores. No entanto, o silêncio não impede que se observem fenômenos muito interessantes em que é evidente como um título tenta se beneficiar de outro muito mais poderoso. Algo que, claro, também afeta o MOBA de uma forma muito curiosa.
A importância das ranqueadas no League of Legends
O sistema de classificação de League of Legends é o mais exigente que vimos até agora. Subir de ranque leva várias dezenas de horas, mesmo jogando em um bom nível e somando as cinco divisões mais altas, encontramos apenas 13,27% dos jogadores. A Riot Games é brutalmente honesta com seus sistemas quando você sobe nas divisões é porque você merece. Não é que eles não se importem que você possa ficar chateado ao longo do caminho ou que os 60% dos jogadores que não atingem o Ouro fiquem sem seu prêmio no final da temporada. A perspectiva é oposta: o desenvolvedor quer preservar a todo custo a sensação de conquista das ligas.
League of Legends foi o primeiro grande jogo a adicionar ranqueadas. Não foi uma grande descoberta, mas sim uma evolução e é normal que dezenas de títulos que chegaram nos anos seguintes copiaram o sistema. Não é isso que queremos dizer com aproveitar a Riot Games para competir contra ela. O que estamos tentando sugerir é que eles tentam se beneficiar, às vezes descaradamente, do benchmark: aquelas classificações difíceis de obter com nomes que soam muito bem que indicam um alto nível de habilidade.
Psicologia como arma contra a Riot Games
O que é realmente importante nas partidas ranqueadas é que elas oferecem um ambiente competitivo no qual as pessoas devem levar o jogo mais a sério, um sistema de matchmaking que oferece partidas justas e a proposição de um objetivo de longo prazo. No entanto, os rankings também se tornaram sinônimo de status. Chegar aos níveis mais altos de MMR é algo que poucos jogadores conseguem. Uma situação que, estritamente nos termos do game, nos torna superiores aos demais. No entanto, esse mesmo efeito satisfatório pode se tornar a motivação para grandes frustrações.
A Riot Games tem a coragem de dizer ao jogador que eles são "Ferro". É algo que você não verá em quase nenhum jogo fora da empresa. Você também provavelmente não encontrará muitas pessoas que estão em Bronze e nem mesmo em Prata. Por exemplo, Rocket League acumula apenas 2,29% dos jogadores em suas duas piores ligas, enquanto ultrapassar essa escala em League of Legends implica ser melhor que 21% da comunidade. Este não é o caso mais exagerado, já que o título agora gerenciado pela Epic Games não possui um sistema de classificação particularmente amigável.
A maioria dos games tem medo de colocar os jogadores em seus ranks mais baixos, limitando-se aos membros da comunidade que acabaram de começar. É algo particularmente normal em jogos para celular, nos quais simplesmente jogando podemos escapar do "poço". Isso também aconteceu em Apex Legends ou Rainbow Six Siege. Eles podem até não fazer isso diretamente, mas usando um sistema de MMR inflacionário (que tende a aumentar) que faz com que os jogadores subam rapidamente para um nível mínimo.
Essa prática se deve a dois motivos. Por um lado, a maioria dos desenvolvedores tem medo de que seus jogadores fiquem frustrados, fazendo com que a habilidade necessária para alcançar um rank que possa ser considerado satisfatório seja inferior ao que possa parecer. Além disso, eles podem usar a referência de League of Legends colocando nomes semelhantes (Bronze, Prata, Platina…) esperando que os jogadores se satisfaçam com a conquista, quando na realidade é muito mais fácil alcançar do que nos jogos da Riot Games. Truques psicológicos que, em última análise, servem para evitar a frustração.
Por fim, outro exemplo paradigmático também deve ser apontado. Nesse caso, vamos ao Mobile Legends, um jogo que a Riot Games acusou de plágio, que usa uma técnica interessante: dar nomes às classificações que indicam um nível superior. O terceiro mais baixo no referido game é chamado de Master, que é o sétimo que alcançamos em League of Legends. Não é algo que apontemos, nem neste caso nem nos anteriores, para criticá-lo. No entanto, achamos que é um fenômeno extremamente interessante e um truque psicológico de alto nível.