A década de 1990 é considerada a era de ouro dos RPGs, especialmente japoneses, nos games, com a série Final Fantasy sendo indiscutivelmente a mais popular daquele período. Com títulos que ajudaram não apenas a moldar, mas também revolucionar o gênero, o PlayStation 1 foi, ao lado do Super Nintendo, o hardware que mais recebeu grandes títulos naquele período. Seja pelos gráficos, inovações em gameplay, história ou trilha sonora, os jogos lançados no console da Sony brilharam em várias frentes e até hoje mexem com a nostalgia de quem os experimentou naquela época ou até mesmo alguns anos depois.
O MGG Brasil assumiu a ingrata missão de eleger os 5 melhores jogos do gênero, levando em consideração tanto a qualidade do jogo em si, quanto inovações e impacto para o gênero. Por se tratar de uma lista opinativa, obviamente há também um caráter subjetivo que influencia na escolha e no ranking dos jogos, mas é quase um consenso de que os títulos a seguir estão entre os melhores RPGs da história do PS1.
5º lugar - Vagrant Story
Vagrant Story é um dos vários excelentes RPGs da Square Soft (atual Square Enix) com bem menos reconhecimento do que o merecido. Lançado em 2000, já no fim da geração do PlayStation 1, o jogo se destacou se passa no mundo de Ivalice, o mesmo de Final Fantasy Tactics e Final Fantasy XII, mas se diferencia dos demais jogos daquela época por ter um combate muito mais dinâmico do que os RPGs de turno, podendo ser inclusive ser considerado um RPG de ação.
Com uma história muito mais séria e densa do que a maioria dos RPGs japoneses dos anos 90, Vagrant Story tem uma trama que se passa nas ruínas da cidade de Leá Monde. Lá, acompanhamos a história de Ashley Riot, que até Leá Monde investigar uma possível conspiração contra o Reino de Valendia.
Com uma história marcada por várias reviravoltas e traições, uma das melhores tramas já feitas pela Square Soft e lutas contra chefes extremamente desafiadoras, Vagrant Story é indiscutivelmente um dos melhores mais inovadores RPGs do PS1, ainda que seu sucesso comercial tenha sido pequeno.
4º lugar - Final Fantasy IX
Após Final Fantasy VI, VII e VIII, dirigidos por Yoshinori Kitasi, modernizarem a franquia tanto em história, como em gameplay, trazendo uma estética mais moderna e histórias que apostam bem mais no drama do que em momentos de humor, a Square Soft (que ainda não havia se unido à Enix) lançou Final Fantasy como um game de despedida do PlayStation 1 e, ao mesmo tempo, uma volta às origens da série, que até Final Fantasy V teve todos os jogos dirigidos por Hironobu Sakaguchi.
Agora com Sakaguchi na função de produtor e com direção de Hiroyuki Ito, Final Fantasy IX foi instantaneamente aclamado por crítica e público, e não é para menos. O jogo segue a história de Zidane Tribal, membro do grupo de teatro Tantalus, e da princesa Garnet, que deseja fugir do Reino de Alexandria e das garras mãe tirânica, Brahne Razos.
Num primeiro momento, Final Fantasy tem uma das histórias mais leves e menos dramáticas da franquia, mas à medida que a história avança, a trama se revela não apenas uma das melhores da franquia, como também uma das mais emocionantes, e muito em função do black mage Vivi, até hoje um dos personagens mais marcantes de toda a série.
Com um sistema de combate por turnos com 4 personagens controláveis, contra apenas três Final Fantasy VII e VIII, o 9º jogo da série principal aposta num sistema de classes bem definido e brilha não apenas pela diversidade do elenco em personalidade, como também em gameplay. Com um misto de tradição e modernidade, Final Fantasy IX é o game da série favorito de Hironobu Sakaguchi e também de muitos fãs.
3º lugar - Xenogears
Sombrio demais para ser aprovado pela Square Soft como Final Fantasy VII, mas promissor demais para ser simplesmente descartado, Xenogears é, muito provavelmente, o RPG mais filosófico de todos os tempos, trabalhando com enorme coragem e competência questões como existencialismo, religião, dogmas e o próprio sentido da vida.
Lançado em 1998, o jogo segue a história de Fei, um jovem que não se lembra de seu passado, mas leva uma vida pacífica em um pequeno vilarejo. Tudo muda quando o vilarejo em questão é atacado e Fei descobre ter poderes cuja natureza ele próprio desconhece. Conforme a história prossegue, a trama do jogo fica mais complexa e dramática, e Fei descobre que sua própria existência está muito mais ligada ao destino e tragédias da humanidade do que ele próprio poderia imaginar,
Um dos principais destaques de Xenogears está na variedade não apenas de personagens jogáveis - nove ao todo -, mas também pelo fato de todos eles controlarem robôs gigantes chamados Gears, que exigem uma estratégia de combate completamente diferente da apresentada quando controlamos as versões humanas dos personagens.
2º lugar - Final Fantasy VII
Embora qualquer discussão sobre qual o melhor Final Fantasy de todos os tempos seja extremamente subjetiva, inclusive pelo altíssimo nível de qualidade dos títulos mais aclamados da série, é indiscutível que Final Fantasy VII é o game mais importante, rentável e influente na história da franquia.
Colocando em pauta discussões ambientais, esgotamento de recursos naturais e com um elenco extremamente marcante, FF VII tem como protagonista Cloud Strife, um mercenário que se junta à organização ecoterrorista Avalhanche para promover um ataque contra a Shinra, megacorporação acusada por Barret, Tifa em companhia de estar esgotando o Mako, a energia espiritual da Terra.
Além de ter uma das melhores e mais maduras histórias da série, Final Fantasy também inovou na franquia com o sistema de matérias impactando diretamente o uso de magias, acertou em cheio na escolha de um elenco diverso em características de gameplay, dando a cada um dos personagens características realmente únicas, o que permite todos sejam úteis pelo menos em alguns momentos da campanha.
O sucesso de Final Fantasy VII foi tanto que o jogo ganhou dois spin-offs, um filme em animação e, mais recentmente, um remake de altíssimo orçamento e dividido em três diferentes de jogos. Nenhum jogo algo que nenhum outro título da franquia chegou perto de conseguir.
1º lugar - Chrono Cross
Embora o PlayStation 1 tenha vários dos melhores JRPGs de todos os tempos, Chrono Cross é aquele que, na minha opinião, melhor consegue consegue equilibrar o charme dos RPGs de turno com inovações de gameplay que deem peso à estratégia de combate e, ao mesmo tempo, ser divertido mesmo para os jogadores menos interessados em títulos com altíssimo nível de desafio.
Lançado em 1999, Chrono Cross é uma sequência do clássico Chrono Trigger, lançado para Super Nintendo em 1995, mas não foge da responsabilidade de inovar e muda muitas coisas em relação ao título que iniciou a franquia.
A primeira delas está em oferecer um time de protagonistas completamente novo, com pouquíssimos personagens de Chrono Trigger tendo alguma participação na história. O jogo também troca a história em torno de viagens tempo pelo conceito de dimensões paralelas, nas quais muitos personagens tem destinos e personalidades completamente diferentes muitas por causa de pequenos ou grandes eventos que mudam tudo, a começar pelo próprio protagonista.
A trama segue s história de Serge, um adolescente que mora no pequeno Vilarejo de Arni. Um dia, a jovem Leena, interesse amoroso do rapaz, pede a ele para coletar algumas escamas de Dragão de Komodo para ela fazer um colar. Serge atende o pedido de Leena, mas quando vai parar na praia de Opassa, é dragado para uma outra dimensão onde tudo no arquipélago de El Nido parece igual, exceto pelo fato de que o próprio Serge morreu quando ainda era uma criança.
A partir daí, somos apresentados a diversos personagens, incluindo o icônico vilão Lynx, que tem interesse especial em Serge por ele ser o árbitro de um artefato mágico chamado Frozen Flame, um frarmento de Lavos, vilão final de Chrono Trigger.
Com uma história emocionante, trilha sonora impecável e uma das melhores direções de arte da história da indústria, Chrono Cross consegue oferecer história e vilão principal ainda melhores que Chrono Trigger, e mesmo não tendo um elenco de personagens igualmente carismático, a chance de jogar com até 45 personagens, todos com características e habilidades únicas, traz enorme versatilidade ao combate, no qual a estratégia é muito mais determinante para vencer os chefes mais difíceis do que o grind (mecânica de subir de nível para progredir na campanha).
Mesmo com uma enorme quantidade de acertos, Chrono Cross não conseguiu o mesmo êxito comercial de Chrono Trigger e os Final Fantasy de PlayStation 1, mas ofereceu uma experiência única de RPG para a época em que foi lançado, e mesmo hoje continua sendo um dos melhores JRPGs de todos os tempos.