Embora tenha oficialmente pela Riot Games em 2020, foi em 2021 que o Valorant teve o seu primeiro circuito oficial de grandes torneios: o Valorant Champions Tour 2021. Os melhores times do mundo puderam se enfrentar em três grandes eventos internacionais: os Masters de Reykjavík, na Islândia, e Berlim, na Alemanha, e o Valorant Champions, mundial da modalidade que seria disputado em Los Angeles, mas mudou de sede para Berlim em função da pandemia de Covid-19.
Em seus primeiros eventos internacionais, as equipes brasileiras não apenas não chegaram às fases finais torneios, como também não apresentaram performances de grande destaque. Os Masters de Reykjavík e Berlim mostraram que as equipes do país estavam bem abaixo dos melhores times do mundo e precisavam evoluir.
No Valorant Champions, FURIA, Vikings e Vivo Keyd não conseguiram avançar aos playoffs, mas tiveram excelentes atuações contra várias das principais favoritas ao título.
A Vivo Keyd, inclusive, chegou a derrotar a Acend, que posteriormente seria campeã mundial, mas teve o resultado anulado pelo uso de um exploit pelo atleta Jhow, no qual a câmera do Cypher permite ver através de uma textura que deveria bloquear a visão do jogador. O exploit começou a ser usado por seis rodadas, quando os brasileiros venciam os europeus por 9 a 4 no mapa de desempate, Breeze, e venceu três rounds nesse período.
Num primeiro momento, a Riot declarou a vitória da Acend como punição à Keyd, mas depois decidiu que o mapa serie disputado novamente com uma vantagem de 7 a 0 para os europeus. Dentro do servidor, a Keyd venceu 10 das 16 rodadas disputadas contra a Acend, mas devido à desvantagem de 7 a 0 acabou derrotada por 13 a 10.
Polêmicas à parte, o Valorant Champions foi o primeiro torneio no qual os times brasileiros apresentaram performance alto nível contra os melhores times do mundo, mas pecaram em momentos decisivos e acabaram caindo ainda na primeira fase.
Confira, a seguir, a retrospectiva de 2021 no Valorant.
Sentinels vence Masters Reykjavík de forma dominante
No VCT Masters Reykjavík, as equipes da América do Norte e EMEA, regiões de maior investimento no Valorant, eram apontadas como as principais favoritas ao título, e esta lógica se aplicou dentro do servidor. A final foi disputada entre a Sentinels (Estados Unidos/Canadá) e a Fnatic, da Europa, enquanto a também europeia Team Liquid terminou na 4ª colocação. A "intrusa" do top 4 foi NUTURN Gaming, equipe da Coreia do Sul que terminou em 3º lugar.
Na grande final, a Sentinels venceu a Fnatic por 3 a 0, mas o placar não reflete exatamente o que foi o jogo, marcado pelo grande equilíbrio nos mapas Split (14x12), Bind (16x14) e Haven (13x11). Ao longo de todo o torneio, a SEN não perdeu um único mapa
Entre os 10 times participantes do Masters, dois eram brasileiros: Team Vikings e Sharks. A VKS estreou com uma boa vitória de 2 a 0 sobre a Tailandesa X10, mas na sequência foi dominada pela Sentinels. Enviada para a chave inferior, a equipe de Sacy, Saadhak e companhia encarou a Team Liquid, mas foi derrotada novamente por 2 a 0 e deu adeus à competição.
Cabeça de chave nº 2 do Brasil no Masters, a Sharks teve uma campanha apagada no torneio. Embora tenha vencido um mapa sobre a NUTURN, a equipe brasileira sofreu a virada sendo dominada nos mapas Bind e Ascent, num deplo 13 a 5. Na chave inferior, os Tubarões tiveram um duelo sul-americano com a KRU Esports (Chile/Argentina), mas foram novamente dominados e perderam por 2 a 0, em parciais de 13x5 em Icebox e 13x6 em Bind.
Gambit fatura o Masters Berlin e coloca Rússia no topo
Se a América do Norte levou a melhor sobre a EMEA em Reykjavík, o oposto ocorreu no VCT Masters Berlin. Em mais um torneio dominado pelas duas regiões, com duas equipes de cada uma delas dominando o top 4, Gambit Esports, da Rússia, e Team Envy, dos Estados Unidos/Canadá, protagonizaram a grande final.
Em mais uma decisão que terminou em 3 a 0, mas novamente com mapas equilibrados, a Gambit levou a melhor em Bind (15x13), Haven (13x11) e Split (13x9), faturando o prêmio de US$ 225 mil. Na fase de grupos, os russos chegaram a perder para a 100 Thieves, mas venceram duas vezes a Crazy Racoon e avançaram aos playoffs.
Nas quartas de final do torneio, a equipe russa venceu sul-coreana Vision Strikers por 2 a 1, e na sequência bateu a G2 na semifinal por 2 a 0, antes de finalmente vencer o Masters.
Mais uma vez, o Brasil teve dois representantes brasileiros no torneio: Vivo Keyd e Havan Liberty. Cabeça de chave nº 1 do país, a VK fez boa estreia contra a Envy, mas acabou derrotada por 2 a 0, em parciais de 15x13 em Icebox e 13x9 em Bind.
Na sequência, a Keyd venceu a ZETA Division, do Japão, por 2 a 1, e partiu para o confronto eliminatório contra a KRU Esports. Mais uma vez, os brasileiros fizeram um jogo parelho com os rivais sul-americanos, mas acabaram derrotados por 2 a 0, num duplo 13x11 nos mapas Split e Haven.
Cabeça de chave nº 2 do Brasil, a Havan Liberty fez uma campanha sem brilho no Masters. Na estreia contra a 100 Thieves, a equipe foi dominada nos mapas Ascent (13x3) e Icebox (13x6). No duelo eliminatório contra a Crazy Racoon, a HL novamente perdeu por 2 a 0, em parciais de 13x9 em Haven e 13x8 no mapa Split.
Acend vence Valorant Champions após polêmicas com a Vivo Keyd
As equipes brasileiras chegaram para a disputa do Valorant Champions longe de figurarem entre as favoritas, e no fim nenhuma delas conseguiu avançar aos playoffs do campeonato mundial. Os simples resultados de FURIA, Team Vikings e Vivo Keyd, no entanto, não refletem totalmente o nível de jogo apresentado pelo trio durante o Champions, que acabou sendo palco de uma das maiores polêmicas dos esports nos últimos anos, e envolvendo justamente uma equipe brasileira.
Sorteada no grupo A, ao lado de Acend, Team Envy e X10, a Vivo Keyd vinha embalada com a chegada de Mwzera, um dos principais jogadores do cenário brasileiro, e apresentou um nível altíssimo de jogo na estreia contra a Acend, que mais tarde se sagraria campeã do Mundial. Num primeiro momento, a VK venceu a série contra os europeus por 2 a 1, mas o exploit de JhoW com a câmera de Cypher quando a Keyd vencia por 9 a 4 o mapa de desempate custou uma punição severa aos brasileiros.
Num primeiro, foi declarada a vitória da Acend, mas após a enorme pressão da comunidade brasileira, a Riot entrou num acordo com a Acend e determinou que a partida seria novamente disputada com uma vantagem de 7 a 0 para os Europeus. Embora os brasileiros tenham vencido 10 das 16 rodadas disputadas novamente no mapa Breeze, o 7 a 0 inicial foi essencial para a vitória da Acend.
O confronto seguinte da Vivo Keyd foi contra a X10, da Tailândia, mas desta vez os brasileiros jogaram muito abaixo do nível apresentado contra Acend e acabaram perdendo por 2 a 0, em parciais de 13x6 em Icebox e 13x5 em Acend.
No grupo B, a FURIA foi a representante do Brasil, e embora tenha saído sem vitórias, teve boas atuações nos dois jogos que disputou. Na estreia contra a Sentinels, os Panteras chegaram a vencer os campeões do Masters Reykjavík por 13 a 10 no mapa Breeze, mas perdeu por 13 a 9 em Ascent e Haven.
O duelo seguinte da equipe brasileira foi contra KRU, mas ela foi novamente derrotada por 2 a 1. Embora tenha saído na frente no mapa Fracture, vencendo por 13 a 11, a FURIA acabou sofrendo a virada em Ascent (13 a 8) e 13 a 9 (Haven0.
A Team Vikings foi a representante do Brasil no grupo C, e foi também a que mais esteve perto de uma vaga nos playoffs. Na estreia contra a Crazy Racoon, do Japão, a VKS venceu por 2 a 0, em parciais de 13 x 9 em Icebox e 13 x 8 em Haven.
O duelo seguinte dos Vikings foi contra a russa Gambit, campeã do VCT Masters Berlin, e por muito pouco não terminou como a líder do grupo. Após perder por 13 a 6 no mapa Split, a VKS reagiu e venceu por 13 a 5 em Bind. O mapa de desempate foi Icebox, e equipe brasileira chegou a abrir 12 a 5, conquistando 7 match points. Dali em diante, porém, a Vikings não conseguiu pontuar, perdeu nove rodadas consecutivas e foi derrotada por 14 a 12.
No duelo que valia a sobrevivência na competição e classificação aos playoffs em caso de vitória, a VKS encarou a Team Secret, das Filipinas. Em um nível muito abaixo do apresentado contra a Gambit, os Vikings foram dominados e acabaram derrotados por 2 a 0, parciais de 13 a 6 em Haven e 13 a 7 em Icebox.
Nos playoffs do Mundial, a EMEA dominou a competição, com 3 times nas semifinais. A única "intrusa" no top 4 foi a KRU, que eliminou a Fnatic nas quartas de final e protagonizou uma série emocionante com a Gambit nas semis, perdendo por 18 a 16 no mapa de desempate, Bind. Na decisão, a Acend venceu a Gambit por 3 a 2 e se sagrou a primeira campeã mundial de Valorant da história. Mesmo sem vaga nos playoffs, o cenário brasileiro deu pela primeira vez uma grande demonstração de força contra os melhores times do mundo.