Encerrada a temporada de campeonatos mundiais de Rainbow Six Siege em 2021, ficou evidente que o Brasil tem, hoje, a cena competitiva mais forte do mundo. Nos três eventos mais importantes da temporada, três equipes diferentes do país faturaram os títulos mais importantes do ano. Em maio, a Ninjas in Pyjamas conquistou o Six Invitational 2021, maior evento mundial do FPS da Ubisoft, superando a também brasileira Team Liquid na grande final. Em agosto, foi a vez de a Team One faturar o título do Six Major México, ao bater a Team Empire da Rússia, na grande final. Em novembro, a FaZe Clan chegou ao topo do mundo ao superar a NIP na grande final do Six Major Suécia.
Diante das conquistas em série, o Rainbow Six se tornou, com ampla margem de vantagem, o esport mais forte do Brasil hoje em termos de resultados internacionais, inclusive na comparação com outros com FPS, gênero no qual o Brasil conta com vários títulos mundiais em diferentes títulos ao longo da história.
No CS:GO, a FURIA é hoje é a única equipe que consegue resultados de destaque em grandes campeonatos internacionais, mas ainda carece de títulos do tier 1 mundial. No Valorant, o país fez campanhas sem brilho nos Masters de Reykjavík e Berlim, e nada indica que as equipes do país figuram entre as principais candidatas ao título do Valorant Champions, mundial do FPS da Riot que será disputado em dezembro.
No Crossfire, que conta com uma cena competitiva menos global que CS:GO, Valorant e R6, o Brasil foi campeão mundial em 2018 com a Black Dragons e em 2019 com a VINCIT Gaming, além de um vice-mundial em 2020 também com a VINCIT, mas a cena competitiva do FPS da Smilegate anda pouco movimentada no país mesmo com as grandes campanhas no Crossfire Stars.
Até o cenário brasileiro de Rainbow Six se consolidar no topo, no entanto, o país passou por diversas frustrações nos grandes eventos, ficando no quase em várias edições da Pro League e acumulando eliminações precoces em eventos de tiro longo, como o Six Major e o Six Invitational. Antes do título da NIP no Invi 2021, o único título brasileiro no tier 1 mundial do R6 mundial havia sido a conquista da Team Liquid na Pro League Season 7, disputada de 19 a 20 de maio de 2018, em Atlantic City.
Para desbancar equipes da Europa e América do Norte, até então as regiões mais fortes do cenário mundial, o Brasil precisou fortalecer o nível da cena local e apostar também em novos talentos, que fortaleceram lineups com jogadores já experientes, casos de Muzi e Pino na NIP e de Soulz1 na FaZe Clan, ou se uniram em um só time e surpreenderam o mundo, como ocorreu com a Team One no Six Major México.
Visto o domínio brasileiro em 2021, tudo indica que o país continuará como um fortíssimo candidato a título de todos os grandes eventos internacionais que disputar em no ano que vem, incluindo o Six Invitational 2022, que será disputado de 8 a 20 de fevereiro, no Canadá, e contará com a participação de 20 equipes de quatro diferentes regiões: América Latina, América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico, que contempla equipes da Ásia e Oceania. O Brasil já conta com cinco representantes - NIP, FaZe Clan, Team One, Team Liquid e FURIA -, e ainda pode enviar um sexto representante caso um time do país vença o qualificatório da América Latina.
Apesar do domínio brasileiro em 2021, é preciso ficar alerta e não deixar as conquistas deste ano criarem um clima de "salto alto" para 2022. Mesmo com todos os grandes títulos terminando nas mãos dos brasileiros, equipes como BDS, Empire, TSM e, mais recentemente, DAMWON Kia, fizeram jogo duríssimos com equipes nossas equipes ao longo ao ano, e é de se esperar que nosso cenário será profundamente estudado no período de intertemporada. Para permanecer no topo, o Brasil precisará ter a mesma fome de títulos de 2021 e repetir a variação de táticas e mira afiada que coloraram o país no acima de todas as demais regiões do R6 de forma incontestável.
2017: Vices na Pro League foram primeiros indícios de força
Embora o cenário competitivo de Rainbow Six Siege tenha se estabelecido no Brasil ainda em 2016, foi somente em 2017 que o Brasil teve a oportunidade de disputar os primeiros grandes eventos internacionais de Rainbow Six. Na edição inaugural do Six Invitational, que na ocasião era um evento com apenas 6 times participantes, a Santos Dexteriry, de Astro, Cameram4n venceu a europeia Euronics Gaming nas quartas de final e caiu nas semifinais para a Continuum que se sagraria campeã do torneio, após derrota por 2 a 1 em um jogo equilibrado.
Na sequência da temporada o Brasil disputaria mais três edições da Pro League, que naquela temporada representavam os maiores eventos do competitivo de R6. Na primeira temporada do torneio em 2017, o Brasil foi vice-campeão do evento, com a Black Dragons, de Nesk, Zigueira, Yuuk, One e DIOGO1 vencendo a GiFu Esports, da Finlândia, nas quartas de final, e a espanhola GBots Pro na semifinal. Na grande decisão, a europeia Penta, que com Pengu, Fabian, Goga e Joonas tinha a base da lineup mais vencedora da história do R6, atropelou a BD na final e faturou o título da competição.
Na segunda temporada da Pro League 2017, o Brasil foi representado pela Team Fontt, que contava com Astro, Cameram4n, Gogan, Mav e Muringa, e BRK, que contratara a base da antiga line da Black Dragons, mas com Julio no lugar de DIOGO1. As duas equipes chegaram as semifinais, coma BRK sendo eliminada pela americana Elevate e a Team Fontt caindo num duplo 6 a 4 para a Penta, dando uma demonstração de força diante do melhor time do mundo à época.
A terceira temporada da Pro League foi o primeiro grande campeonato internacional de Rainbow Six disputado no Brasil. Sediado na MAX5 Arena, em São Paulo, o torneio foi primeiro com times da Ásia-Pacífico disputando o evento contra as equipes da Europa, América do Norte e América Latina. O Brasil foi representado novamente pela Team Fontt, que manteve a lineup, e a Black Dragons, que voltava reformulada e tinha na equipe Psycho, Kamikaze, Julio (hoje campeões mundiais pela NIP), PZD e Wag.
A Fontt eliminou a japonesa Eins, mas caiu nas semifinais para a ENCE, da Filnândia, ao passo que a BD superou a 1nFamy, dos Estados Unidos, na semifinal, e desbancou a favoritíssima Penta na semifinal, na maior vitória do Rainbow Six brasileiro até então. O clima de euforia, no entanto, deu lugar à tristeza na final, pois a Black Dragons acabou derrotada pela ENCE e ficando com o vice da competição.
2018: Team Liquid desbanca Penta e conquista a Pro League
A temporada de 2018 começou com grandes investimentos no cenário com brasileiro, com a Team Liquid contratando a antiga lineup da BRK, de Zigueira, Nesk e companhia, e a FaZe Clan contratando a formação que defendeu a Team Fontt, de Astro e Cameram4n. O primeiro compromisso internacional das equipes brasileiras foi o Six Invitational 2018, agora com 16 equipes divididas em 4 grupos e status de maior mais importante campeonato mundial do FPS da Ubisoft, seguido de perto pelo Six Major, que teria sua edição inaugural disputada em julho daquele mesmo ano, em Paris.
No Invi 2018, três equipes brasileiras participaram: Team Liquid, FaZe Clan, Yeah Gaming e Black Dragons. Liquid e Yeah acabaram caindo ainda na primeira fase, enquanto FaZe e BD avançaram aos playoffs. Na fase de mata-mata, a FaZe caiu nas quartas de final após derrota de 2 a 1 para Evil Geniuses, que sagraria vice-campeã do evento. A BD foi mais longe e caiu somente nas semis, perdendo de 2 a 0 para a Penta, que mais tarde conquistaria o título mundial de R6.
O primeiro grande título internacional do Brasil no FPS da Ubisoft veio em um evento em que a Team Liquid desbancou favoritos para chegar ao topo. Na Pro League Season 7, disputada em Atlantic City, nos Estados Unidos, a equipe de Nesk, S3xyCake, PSK, Bullet1 e Zigueira estreou com vitória de 2 a 0 sobre a Fnatic, da Austrália. Nas semifinais, a Cavalaria venceu por 2 a 1 a Millenium, da França, e na grande final desbancou a Franca favorita Penta na grande decisão por 2 a 1. Pela primeira vez, o Brasil chegava ao topo do mundo em um evento do tier 1 mundial.
Em agosto daquele ano, foi disputada primeira edição do Six Major, sediado em Paris. O torneio seguia o mesmo formato do Six Invitational 2018, com 16 equipes das 4 regiões competitivas de R6 divididas em 4 grupos, além de um mata-mata de eliminação simples com quartas de fina, semifinais, ambas no formato MD3, e uma final no formato MD5. A grande diferença em relação ao Invi era a menor premiação em dinheiro: US$ 350 mil em vez US$ 500 mil.
O torneio, porém, ficou marcado pela má performance de três de quatro equipes brasileiras: Team Liquid, Immortals, ambas com duas derrotas em dois jogos, e FaZe Clan, com uma vitória e duas derrotas na fase de grupos. A única equipe brasileiras que avançou ao top 8 foi a Ninjas in Pyjamas, org sueca que contratara meses antes a antiga lineup da Black Dragons.
A NIP avançou aos playoffs com uma campanha de duas vitórias e uma derrota na fase de grupos, e o revés veio diante da G2, que pouco antes do Major contratou a antiga lineup da Penta. Nos playoffs, os Ninjas caíram nas quartas de final para a Evil Geniuses, que mais tarde seria novamente vice-campeã de um mundial, perdendo novamente para a ex-lineup da Penta, que agora defendia as cores da G2.
O último grande evento internacional daquele ano foi a Pro League Season 8, que reuniu 8 das melhores equipes do mundo - duas de cada região - de 17 a 18 de novembro no Rio de Janeiro. O Brasil foi representado no torneio por FaZe Clan e Immortals, e mais uma vez o Brasil teve um time finalista.
Enquanto a Immortals encarou logo de cara a G2 e foi eliminada nas quartas de final, a FaZe Clan, agora com Yoonah no lugar de Gohan, venceu a alemã Mock-it Esports na estreia por 2 a 1 e aplicou um 2 a 0 sobre a PET Nora-Rengo nas semifinais.
Na grande decisão, porém, a FaZe Clan acabou derrotada por 2 a 0 pela G2, cuja lineup terminou a temporada vencendo três dos quatro maiores eventos do ano: Six Invitational, Six Major e uma das duas edições da Pro League, além de um vice para a Liquid na Pro League Season 7 e o título da DreamHack Winter 2018, no fechamento da temporada. Nesta mesma DreamHack Winter, a Team Liquid caiu nas quartas final, após derrota por 2 a 1 numa série acirrada contra a G2. Àquela altura, a Cavalaria já havia promovido duas mudanças na lineup, com Gohan e Paluh entrando nas vagas de Bullet1 e PSK.
2019: o pior ano do Brasil no cenário mundial
Se nas duas temporadas anteriores o Brasil conseguiu chegar no mínimo a finais de eventos do tier 1 mundial de Rainbow Six, 2019 foi, indiscutivelmente, o pior ano do país em grandes eventos internacionais. Mesmo com algumas campanhas de maior destaque, a temporada marcou o momento de maior alerta e necessidade de evolução das equipes brasileiras no R6.
No Six Invitational 2019, FaZe Clan, Ninjas in Pyjamas e Immortals fizeram campanhas extremamente decepcionantes e caíram ainda na primeira fase. A única reprsentante do Brasil nos playoffs foi a Team Liquid, que após vitórias sobre a Mantis, do Japão, e Mock-It, da Alemanha, caiu nas quartas de final ao ser derrotada por 2 a 1 pela russa Team Empire, que seria vice-campeã do Six Invitational após perder por 3 a 0 para a G2.
Na Pro League Season 9, disputada em Milão, na Itália, o Brasil foi representado por Immortals e FaZe Clan. A Immortals caiu na estreia ao ser derrotada pela Evil Geniuses nas quartas de final, enquanto a FaZe estreou com vitória sobre a europeia LeStream e caiu nas semifinais ao perder por 2 a 0 para mesma EG, após uma série acirrada. Na grande final, a Team Empire venceria a Evil Geniuses por 2 a 1.
No Six Major Raleigh, que seguiu o modelo do Six Invitational e do Major anterior de 16 equipes divididas em 4 grupos, o Brasil novamente decepcionou. Ninjas in Pyjamas e MIBR caíram ainda na fase de grupos, e somente a FaZe Clan avançou aos playoffs, após vitórias sobre a Fnatic, da Austrália, e DarkZero, dos Estados Unidos, além de uma derrota na estreia para ForZe, da Rússia, logo na estreia. Com a campanha, a equipe de Astro, Cameram4n, Mav, Yoonah e o Ion, que entrara na vaga de Muringa, passou em segundo lugar.
A vice-liderança do grupo colocou a FaZe em rota de colisão com a Team Empire, que chegara ao torneio com status de grande favorita ao título. Os brasileiros fizeram um jogo duríssimo com a Empire, mas acabaram derrotados por 2 a 1 e deram adeus ao torneio. A Empire, por sua vez, confirmaria o favoritismo com vitórias sobre Team Secret nas semifinais (2 a 1) a G2 na grande final (3 a 1), sagrando-se campeã do Major, um dos dois principais eventos do FPS da Ubisoft.
Entre os eventos do tier 1 mundial de R6, o último grande evento foi a Pro League Season 10, disputada de 8 a 10 de novembro, no Japão. Em um evento em que jogadores das equipes brasileiras jogaram com completes após alguns dos jogadores não conseguirem vistos, NIP e FaZe Clan colocaram completes nas equipes e caíram logo na estreia.
Entre os eventos internacionais de menor porte, a FaZe foi semifinalista da DreamHack Valencia naquele ano, enquanto a Team Liquid foi vice-campeã da DreamHack Montreal, sendo derrotada por 2 a 1 pela TSM na grande decisão. Ainda naquela temporada, a Liquid foi campeã da OGA PIT Season 3, evento classificatório para o Six Invitational 2020, após vitória de 3 a 1 sobre a Spacestation. A MIBR terminou o campeonato na 3ª colocação.
2020: NIP vice-campeã mundial e eventos cancelados em função da pandemia
No Six Invitational 2020, o Brasil precisava de uma campanha de destaque como resposta ao fraco ano de 2019, e conseguiu isso graças à Ninjas in Pyjamas, que esteve a dois pontos de conquistar o maior título do cenário competitivo de Rainbow Six, que agora contava com uma premiação total de US$ 3 milhões, sendo US$ 1 milhão para o time campeão.
Sorteada no grupo C, o mesmo que a as compatriotas Team Liquid e MIBR. A NIP passou na liderança do grupo, enquanto a Made in Brazil passou em segundo e a Cavalaria caiu ainda na primeira fase. Pelo grupo A, a FaZe Clan ficou na última colocação do grupo A, com duas derrotas em dois jogos e também deu adeus precocemente ao torneio.
Nas quartas de final da chave superior, a Ninjas in Pyjamas perdeu por 2 a 0 para TSM e foi enviada para a chave inferior, assim como a MIBR, superada pela SpaceStation. Enquanto a Made in Brazil foi derrotada pela francesa BDS e deu adeus à competição terminando na 7ª/8ª posição, a NIP iniciou uma campanha histórica na chave dos perdedores, com vitórias sobre G2, DarkZero e BDS em sequência. Na final da chave inferior, os Ninjas se vingaram da TSM devolvendo o 2 a 0 e chegaram à grande final.
A adversária da decisão era a Spacestation Gaming, única equipe ainda invicta do torneio e que, por isso, começava a série MD5 com um mapa de vantagem. A NIP virou para 2 a 1 após as vitórias tranquilas nos mapas Mansão (7 a 3) e Fronteira (7 a 2). A equipe de Psycho, Kamikaze, Julio, Muzi e Pino chegou a abrir 4 a 0 no mapa Clube, mas a Spacestation buscou a virada e venceu por 7 a 5, empatando a série em 2 a 2. O duelo decisivo aconteceu no mapa Banco, e desta vez a SSG dominou o confronto e garantiu o título com uma vitória por 7 a 3.
Apesar da derrota, a campanha da NIP foi histórica para o Brasil, pois pela primeira vez uma equipe do país havia chegado tão longe no evento mais importante no competitivo do Rainbow Six. Em função da pandemia de Covid-19, porém, as edições do Six Major planejadas para os meses de maio, agosto e novembro foram canceladas e substituídas por eventos regionais online, disputados em agosto e novembro e que reuniria os quatro times de melhor campanha no Brasileirão em cada turno.
Nos eventos finais da temporada brasileira, houve grande alternância de campeões e jogos de altíssimo nível, indicando o fortalecimento da região para a temporada de 2021. A NIP foi a grande campeã do Six Major Brasil de agosto, enquanto a Team Liquid venceu o Six Major Brasil de novembro.
Já no Brasileirão, a MIBR de Cyber, Cameram4n, Bullet, Soulz1 - todos hoje na FaZe Clan - e MKing foi a grande vencedora. Além disso, a Team One, cuja lineup em 2021 se transferiria para a MIBR, também teve uma temporada de destaque, sendo o time de melhor campanha na fase regular do Brasileirão e sendo vice-campeã no Six Major Brasil de novembro. O enorme equilíbrio no cenário brasileiro e alto nível dos jogos se mostraria chave para o país se tornar a região mais forte de todas.
2021: NIP, Team One e FaZe consolidam o Brasil no topo
Em função da pandemia de Covid-19, o calendário de campeonatos mundiais de Rainbow Six passou por uma série de alterações, mas nada disso impediu que o Brasil chegasse, e se consolidasse, ao topo do mundo no FPS da Ubisoft. Com o Six Invitational sendo adiado de fevereiro para maio e tendo a sede mudada do Canadá para a França, o maior evento mundial do R6 foi completamente dominado pelas equipes brasileiras, que formaram o top 3 da competição e colocaram quatro equipes entre as 6 primeiras colocadas.
Em função da pandemia, duas das 20 equipes classificadas não participaram do evento. A australiana WildCard Gaming não foi autorizada a deixar o país, enquanto a Virtus Pro acabou desclassificada por casos de contaminação na equipe. Ainda assim, todas as principais candidatas ao título estavam na competição co suas lineups completas.
Após a frustração em 2020, a Ninjas in Pyjamas conquistou o título da competição. Na primeira fase, a equipe disputou 7 séries MD1 e avançou com uma campanha de 4 vitórias 3 derrotas. Mas foi nos playoffs que a equipe liderada pelo capitão Psycho brilhou intensamente, com vitórias em sequência sobre a francesa BDS e as brasileiras FaZe Clan e MIBR para chegar à grande final pela chave superior.
Desta vez, a NIP tinha um mapa de vantagem a seu favor, e abriu 2 a 0 contra a Team Liquid após vencer no mapa Café por um tranquilo 7 a 2. A Team Liquid buscou o empate após vitórias nos mapas Chalé (7 a 3) e Clube (8 a 6), mas os Ninjas foram dominantes no mapa Consulado, venceram por 7 a 2 e venceram o maior e mais importante evento do Rainbow Six mundial, faturando assim o prêmio de US$ 1 milhão e superando assim a traumática derrota no Invi 2020. Team Liquid e MIBR completaram o top 3 brasileiro, enquanto a FaZe Clan terminou a competição no top 6.
O domínio do Brasil continuou no Six Major do México, disputado em agosto. Com 16 equipes participantes, sendo 4 de cada região, divididas em 4 grupos, o campeonato teve como representantes brasileiras Ninjas in Pyjamas, Team One, Team Liquid e FURIA. Surpreendentemente, a NIP caiu ainda na fase de grupos, enquanto Team One, Liquid e FURIA avançaram aos playoffs.
Em uma campanha de recuperação histórica na fase de grupos, a Team One se recuperou das três derrotas nos três primeiros jogos, avançou aos playoffs após vencer três jogos em sequência no returno da fase de grupos mais uma partida de desempate com a japonesa Cyclops. Nos playoffs, os Golden Boys venceram a americana DarkZero por 2 a 0, superaram a Team Liquid por 2 a 1 na semifinal brasileira e venceram por 3 a 2 a russa Empire na grande decisão. A linuep formada por Alem4o, Levy, Lagonis, KDS havia sido formada apenas 5 meses antes, em março, e mesmo com a pouca experiência venceu um campeonato mundial de R6.
E se os títulos de NIP e Team One já eram suficientes para colocar o Brasil como a região mais forte do mundo após anos de perseverança, a FaZe Clan consolidou a hegemonia do país ao vencer o terceiro e último campeonato mundial da temporada: o Six Major Suécia, disputado em novembro. No evento, o Brasil foi representado por FaZe, NIP, Team One e FURIA.
Na fase de grupos, FaZe, NIP e Team One avançaram aos playoffs na liderança de seus respectivos grupos, enquanto a FURIA foi a única brasileira na primeira fase. A equipe de Astro, Cameram4n, Bullet1, Cyber e Soulz1 foi praticamente impecável na primeira fase, vencendo 5 jogos em 6 disputados diante da Rogue, da Alemanha, Chiefs, da Austrália e Oxygen, dos Estados Unidos, sofrendo apenas um revés diante da Rogue.
Nos playoffs, a FaZe superou a francesa BDS por 2 a 1 nas quartas de fina, a sul-coreana DAMWON Kia por 2 a 1 nas semifinais, com direito a um 8 a 7 no mapa de desempate (Oregon), e derrotou a Ninjas in Pyjamas por 3 a 2 na grande final
2022: O desafio de manter a hegemonia
Entre os fatores que mais pesaram para o Brasil se consolidar como a região mais forte do mundo no Rainbow Six, estão a confiança no trabalho de longo prazo e a coragem para apostar em novos talentos vindos de campeonatos menores. O "núcleo" da NIP composto por Psycho, Kamikaze e Julio, por exemplo, foi formado em 2017, ainda nos tempos de Black Dragons, mas o trio não teve medo de apostar em Muzi e Pino para fortalecer o time, e os dois se consolidaram entre os principais fraggers do cenário mundial e figuram em todas listas de melhores jogadores do mundo.
No caso da Team One, a lineup dos Golden Boys foi formada por jogadores que nunca figuraram entre as principais estrelas do Rainbow Six brasileiro. Alem4o, Lagonis e KDS atuavam na elite nacional do R6, mas não eram estrelas da cena brasileira, ao passo de Neskin e Levy estavam atuando na Série B. Sob o comando do técnico Tchubz, porém, o quinteto encontrou sinergia rapidamente e com menos de cinco meses de lineup conquistaram um Major, reforçando que observação de novos talentos foi fundamental para o crescimento do Brasil enquanto região.
Mesmo a FaZe Clan, que conta com nomes extremamente experientes, casos de Cameram4n, Cyber, Astro e Bullet1, tem em Soulz1 um jogador que até meados de 2020 nunca havia atuado na elite brasileira do Rainbow Six e rapidamente se tornou o jogador que mais se destaca no mundo em momentos clutch - quando o jogador é último de sua equipe que pode ganhar uma rodada importante.
A confiança na continuidade de um trabalho também é parte fundamental do sucesso, mesmo que os grandes títulos não venham num primeiro momento. A atual lineup da NIP, por exemplo, está junta desde 2019, e somente em maio de 2021 venceu seu primeiro grande título internacional. Caso a organização tivesse optado por mudanças ou desistido de investir no cenário brasileiro, dificilmente veríamos hoje o sucesso que os Ninjas alcançaram hoje.
O mesmo vale para Astro e Cameram4n, que atuam juntos desde 2017 e, mesmo com a separação de 1 ano no período que Camera esteve na MIBR, voltaram a jogar juntos acreditando que poderiam conquistar um título mundial juntos e finalmente alcançaram esse objetivo, ao lado de Cyber, Soulz1 e Bullet1. A FaZe Clan também merece elogios neste ponto, pois apesar das várias mudanças de lineup nos últimos anos e da seca de títulos, continuou acreditando no Rainbow Six brasileiro mesmo quando os resultados não vieram.
A Team One, por sua vez, perdeu uma lineup inteira para a MIBR no começo de 2021, e mesmo sem recursos para contratar os jogadores mais badalados do país, apostou num time de jovens talentos, estruturou um projeto que, segundo o próprio técnico Tchubz, era pensado para render títulos após dois anos, mas acabou recompensada bem antes disso.
Naturalmente, a tendência é que em 2022 o meta brasileiro seja extremamente estudado por equipes do exterior, o que exigirá da equipes daqui uma capacidade de adaptação ainda maior. A NIP foi surpreendida no Major do México, assim como a Team One na derrota par a Rogue no Major da Suécia, e são essas as pequenas pistas de que o mundo não assistirá passivamente a mais um ano de domínio total to Brasil no R6.
Por outro lado, a missão de desbancar o Brasil no Rainbow Six é extremamente desafiadora justamente pelo fato de o país não contar apenas com uma ou duas equipes fortes. Mesmo sem conquistar títulos mundiais este ano, equipes como Team Liquid, MIBR e FURIA, que também contam com projetos bem estruurados no R6 E viveram ótimos momentos nos palcos internacionais em 2021, e podem ser as próximas a chegar ao topo do mundo. A continuidade de investimentos têm recompensado organizações que não atuam de forma imediatista, e por isso o trio também pode almejar títulos internacionais em breve.
2022 certamente será um ano de grandes ambições e desafios para o Rainbow Six brasileiro, pois permanecer no topo é ainda mais difícil do que alcançá-lo. Contudo, hoje é seguro afirmar que nenhuma outra região conta com tantas equipes de altíssimo nível quanto o Brasil, e é este o diferencial que pode fazer o Brasil permanecer dominante no ano que vem. O primeiro teste de fogo acontece dentro de menos de três meses, e logo no evento mais importante de todos: o Six Invitational.
Ubisoft tem a missão de resgatar o interesse da comunidade pelo jogo
O maior desafio do Rainbow Six hoje está relacionado ao aumento no interesse pelo cenário competitivo do jogo. Embora todas as edições do Six Invitational desde 2018 tenham sempre superado o pico de 300 mil espectadores simultâneos, ficando acima das maiores audiências registradas recentemente nas maiores competições de games como Call of Duty, Apex Legends, Overwatch, PUBG (versão de PC) e Rocket League, o Six Major Suécia teve um pico de somente 100 mil espectadores simultâneos, o que despertou a preocupação de vários pro players nas redes sociais.
É um fato que o R6 dificilmente alcançará nos esports a popularidade de games como League of Legends, CS:GO, Dota 2, Fortnite ou Free Fire, mas a Ubisoft tem o desafio de massificar o FPS para ampliar sua base ativa de jogadores e consequentemente, ampliar o interesse do público pelos grandes eventos de Rainbow Six nos esportes eletrônicos.
Embora o Six Invitational permaneça estável em sua audiência, as edições do Six Major disputadas no México e na Suécia ficaram bem abaixo do pico de 257 mil espectadores registrados no Six Major de Paris, em 2018, e dos 268 mil alcançados Six Major Raleigh, em 2019. A primeira missão da Ubisoft é, no mínimo, recuperar o interesse pelo jogo que existiu até um passado recente, para depois mirar em novos patamares de audiência.
Seja na distribuição de vagas, estruturação do cenário competitivo de forma global ou premiação nos grandes eventos, a empresa tem feito um bom trabalho, inclusive com a NIP conquistando no Six Invitational 2021 mais que o dobro da premiação recebida pela EDG pelo Worlds 2021, mas agora o estúdio precisa olhar com mais atenção para a comunidade do jogo e resgatar o interesse que existiu por ele até um passado recente.
Em 2021, foi necessário realizar todos os campeonatos mundiais de R6 sem presença de público, mas mesmo com o avanço da vacinação no mundo e com arenas no Canadá já recebendo público em eventos esportivos, a Ubisoft anunciou que o Six Invitational 2021, que será disputado em Montreal, novamente terá a presença apenas dos times classificados para o mundial e das equipes de transmissão. A decisão despertou indignação de parte da comunidade, que esperava o retorno do público no ano que vem.
Coincidência ou não, o PGL Major Stockholm de CS:GO marcou a volta do público no mundial do FPS da Valve e registrou as quatro maiores audiências da história do FPS da Valve nos esports, com um pico de quase 2,75 milhões de espectadores simultâneos, mais do que o dobro registrado nos Major mais populares até então: a ELEAGUE Major Atlanta 2017 e a ELEAGUE Major Boston 2018, ambas com pico de audiência acima de 1,3 milhão de pessoas.
Se os eventos em LAN têm outra energia quando contam com presença de público, algo que pôde ser constatado no último Major, talvez parte do trabalho de resgatar o interesse pelo R6 passe por trazer a comunidade para perto do jogo, inclusive fisicamente. Uma vez que o Montreal Canadiens, maior equipe de hóquei no gelo do Canadá, tem mandado seus jogos na NHL com presença da torcida, cabe à Ubisoft lutar que o Six Invitational possa contar com o público no Place Bell, palco do Invi em 2019 e 2020.
Caso contrário, uma mudança de sede deveria ser cogitada pelo estúdio, uma vez que o estreitamento de laços com a comunidade do jogo passa também pela volta do público nos grandes eventos, especialmente diante de um cenário de avanço da vacinação no mundo inteiro e da volta de eventos esportivos com público, inclusive no Canadá.