A Jaguares Esports anunciou na noite desta terça-feira (31) o encerramento das atividades da organização nos esportes eletrônicos. Atual campeã da Gamers Club Masters Feminina de CS:GO e atuante também no competitivo de jogos como Valorant , game no qual chegou ao top 8 VCT Brazil: Challengers Playoffs, e Rainbow Six Siege e Wild Rift, a org comunicou a decisão 11 dias após o jornalista Gabriel Oliveira, do GE, publicar uma reportagem revelando que Jaguares devia salários e pagamento de premiações a atletas de diferentes modalidades que representavam a organização, que também chegou a atuar no cenário de Free Fire, disputando a Série B da LBFF 4 e LBFF 5.
"Estamos finalizando as operações da Jaguares Gaming. Vamos suspender temporariamente as atividades para reestruturação das nossas atividades internas e externas. Agradecemos de coração todos que apoiaram, compreenderam e torceram por nós durante nosso tempo ativo com os times", disse a equipe em um breve comunicado no Twitter. A organização também ressaltou que quaisquer esclarecimentos ou demais questões devem ser tratadas pelo e-mail da organização: jaguaresgg@gmail.com
O imbróglio da falta de pagamentos
De acordo com a reportagem do GE publicada no dia 20 de agosto, dezenas de pessoas que representaram a organização ao longo dos últimos meses acusaram a Jaguares de atrasar pagamento de salários e repasse de premiações, descumprindo acordos salariais que haviam sido estabelecidos entre as partes. Embora tenham preferido se manter em anonimato ao revelar as informações, todos os entrevistados tinham uma acusação em comum contra Jaguares: a falta de transparência na hora de cumprir acordos estabelecidos entre as partes.
Questionada pela reportagem do GE sobre os atrasos na organização, a coproprietária da Jaguares, Stella de Jesus, confirmou o atraso em pagamentos e que estava trabalhando para "arrumar a casa", mas alegou vários dos atrasos em pagamentos ocorreram porque atletas contratados pela organização haviam demorado a emitir notas fiscais para receber o dinheiro.
Os entrevistados, no entanto, sustentaram que mesmo os atletas que emitiam as notas fiscais regularmente, conforme exigido pela Jaguares, estavam com com salários e repasses por pagamento em premiações atrasados.
Na onda de imbróglios envolvendo a organização, a Jaguares chegou a anunciar no dia 5 de agosto a contratação de uma lineup feminina de Valorant. Em julho, quando as jogadoras haviam iniciado as negociações para representar a tag, elas pediram a inclusão de uma cláusula contratual que tratasse do atraso de pagamentos, pois já tinham conhecimento da situação da org. No dia 17 de agosto, apenas 12 dias após o anúncio oficial, as cinco jogadoras anunciaram que estavam deixando a Jaguares.
Além disso, a apuração do GE aponta ainda que a Jaguares deve R$ 6.750,00 à lineup feminina de Valorant que representou a organização até julho de 2021, quantia fruto de premiações conquistadas pelas jogadoras em três campeonatos que integram o circuito Protocolo: Gêneses. A equipe conquistou R$ 2 mil pelo 3º4º lugar na terceira etapa classificatória, R$ 750 pelo 7º/8º lugar na quarta etapa e outros R$ 4 mil pelo 7º/8º lugar nas finais do circuito
Ainda de acordo com o GE, durante uma reunião de Stella de Jesus com atletas da Jaguares, a empresária teria dito que que parte da culpa pelos atrasos seria dos próprios jogadores. Ela teria argumentando que os jogadores e jogadoras eram o “produto” do clube e, se a equipe tinha dificuldades financeiras para efetuar o pagamento, isso ocorria porque o “produto estava errado”, o que teria despertado a revolta de várias pessoas presentes na reunião.
"Estamos regularizando o negócio. Como a gente agencia a galera, a gente paga eles quando a gente recebe o dinheiro. É uma questão que está no contrato, a gente explica e manda e-mail, mas eles não pensam nisso. Eles não veem o lado da empresa. Precisamos arrumar a casa", disse Stella à reportagem do GE na ocasião.