No último final de semana, a RED Canids garantiu a classificação para as semifinais do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) após bater o Flamengo por 3-0. Com jogos extremamente calculados e dominantes, a Matilha mostrou um jogo muito mais consistente do que havia apresentando em todo o ano para desbancar os rubro-negros, que eram favoritos para a classificação, mesmo terminando a fase regular com a confiança um pouco abalada pelos resultados.
O MGG Brasil conversou com Gabriel Vinicius "Aegis" Sae, caçador da equipe, para falar sobre a fase regular conturbada, a saída prematura de um dos treinadores, evolução para os playoffs e a entrada de Daniel "Grevthar" Xavier em uma fase tão decisiva do campeonato. “As afobações geralmente não acontecem muito em treino e como acontecia sempre em campeonato, acabou sendo algo muito difícil e frustrante para nós”, revela o jogador que ainda comenta sobre como todo o estigma do estilo de jogo da RED Canids na comunidade afetou a forma de jogar e pensar do time no decorrer da competição.
“Começamos a jogar os jogos do campeonato com medo. Não fazíamos mais nada. Pegávamos vantagem no começo do jogo, que é a parte mais fácil para mim, mas depois não arriscamos mais nada e o jogo simplesmente acabava por inércia. Melhoramos em treino, mas chegamos nos jogos com esse medo de errar, que nos impedia de ser mais fluídos na maneira de jogar”, completa o caçador.
Em junho, a RED Canids anunciou o russo Ambrož "Phaxi" Hren como treinador da line principal de LoL. Porém, cerca de um mês depois, a organização comunicou a saída do técnico. Na ocasião, a equipe não vinha tão bem e a inconstância era muito maior do que anteriormente. Foram quatro vitórias e a mesma quantidade de derrotas - nenhum dos resultados positivos foi contra times de ponta na tabela.
“Quisemos ele (Phaxi) basicamente para termos alguma mudança, porque as coisas não estavam dando certo do jeito que estava. Quando ele chegou, era para fazer uma função, mas ele acabou querendo fazer outra e as conversas não estavam encaixando com a gente. Ele agregou bastante em disciplina conosco, ele focava muito nisso e acredito que era a prioridade dele.
Foi uma boa experiência para nós, mas depois de um tempo já não estava dando mais. Principalmente na parte do jogo, particularmente acho que nossos drafts estavam nojentos. Melhoramos bastante com ele porque acho que mostrou um caminho que precisávamos seguir. Nossas ideias eram muito diferentes e estavam entrando em conflito, então ambas as partes decidiram que o melhor era que ele não continuasse conosco ”, conta Aegis sobre a curta passagem de Phaxi na RED Canids.
Até o final da fase regular, a Matilha não era cotada como um dos times que poderiam surpreender nos playoffs. No pensamento de Aegis, os dois últimos jogos contra Rensga e FURIA eram para ter sido mais “fáceis”. Ainda segundo o caçador, o fato do medo ainda estar presente na comunicação e também nas ações do time fizeram com que o jogo não tenha sido tão agradável, mesmo com a equipe vencendo a FURIA.
“Contra a Rensga, perdemos mais no dedo do que no mapa. Tínhamos vantagem numérica em todas as trocas e perdemos todas. Foi agoniante esse jogo, poucas vezes eu passei por situações como essa”, comenta o caçador que completou falando que a forma que os jogos aconteciam passava uma visão diferente de como realmente era o nível da RED.
Com apenas uma semana de descanso e treinos para as quartas de final, a equipe apostou em mudanças para os playoffs. Desde atitude até a entrada de um novo jogador para mudar um pouco a forma que a RED jogava.
“Sentamos e conversamos para ver o que mais poderíamos mudar. Colocamos o Grevthar, treinamos e o time passou a jogar mais em conjunto, sem afobar. Nem eu esperava a gente ganhar como ganhou do Flamengo
Tínhamos alguns outros planos de jogo para essa série, mas vimos que ele (Lee "Parang" Sang-won) só jogava com dois campeões e banimos ambos (Kennen e Jayce), porque sem eles ele performa muito abaixo. A estratégia deu muito certo, o Guilherme "GUIGO" Ruiz ganhou bastante vantagem em cima dele e precisamos só ficar atacando ele na série inteira”, revela.
A entrada repentina de Grevthar pegou a todos de surpresa, mas Aegis conta que “já era um movimento pensado pela equipe”. Ainda segundo ele, essa mudança era para ter sido feita no meio do campeonato, mas a equipe não teve coragem de fazê-la.
“O Grevthar é um cara muito esforçado e por mais que a Academy da RED não esteja no topo, a gente sabe que ele é muito bom e era uma peça muito importante para o time. Então resolvemos testar, ele já nos conhecia e não teria um problema muito grande de adaptação. Deu muito certo e fomos com ele para o jogo. O Avenger ainda ficou aqui a semana inteira, também treinou com a gente e tinha algumas situações que ele jogaria, mas não chegamos nesse ponto”, conta o jogador.
Sobre as principais diferenças entre os dois, Aegis diz que Avenger é um cara que pensa muito na sua fase de rotas, para destruir o adversário e pegar muita vantagem em cima dele. Ou seja, para que o time todo consiga fazer uma jogada, era necessário que conseguissem a pressão necessária no meio. Por outro lado, segundo o caçador, Grevthar pensa muito mais no mapa antes de si mesmo, além de deixar tudo mais organizado dentro de jogo. “Ele meio que nos deixou na mesma página nos jogos, sem afobação e ficamos bem menos caóticos que antes”, completa.
Nas semifinais, a RED Canids enfrenta a Vorax Liberty, equipe considerada por muitos jogadores da Matilha como seu “nêmesis”. Para Aegis, os Vorazes são os adversários mais difíceis para o time, muito por conta do ótimo início de jogo que conseguem impor e também porque acabam punindo bastante as famosas “trolladas do mid game da RED.”
“Nós temos planos para jogar contra eles, até testamos nesta última partida contra eles, mas não deu muito certo, porque o early game foi um desastre. Porém, percebemos que funcionava, era o caminho para tentar equiparar forças contra eles. O que eu posso dizer é que vai ser diferente do confronto dos playoffs no primeiro split, porque naquela ocasião estávamos muito perdidos e sem estar na mesma página como um time.
Agora, estamos bem mais tranquilos para a série. E também não acho que tenha esse gap todo de nível que parece. Não acho que a Vorax é muito melhor que a RED, eles são um melhor time, mas não vejo esse gap todo. Temos bons planos para ganhar deles”, finaliza.
O CBLOL acontece todos os finais de semana às 13h com transmissões nos canais oficiais da Riot Games. Com o fim das quartas de final, Rensga e RED Canids enfrentam paiN e Vorax Liberty, respectivamente. Os jogos acontecem nos dias 21 e 22 de agosto e definem os finalistas da segunda etapa do CBLOL.