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Judoca de berço, Yayah concilia lives com meta de disputar Olimpíada de 2024

Judoca de berço, Yayah concilia lives com meta de disputar Olimpíada de 2024
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Terceira streamer brasileira mais assistida em março de 2021, criadora de conteúdo se surpreendeu com repercussão do Yadinho, mas comemora corrente solidária

Judoca de berço, Yayah concilia lives com meta de disputar Olimpíada de 2024

Terceira streamer brasileira mais assistida na Twitch em março de 2021, com mais de 1,2 milhão de horas assistidas naquele mês, Ingrid “Yayah” Larissa Souza é uma criadora de conteúdo de sucesso desde muito antes de ela e o também streamer Wesley “Lindinho” trocarem um selinho durante uma live e fazerem a hashtag #YADINHO se tornar uma verdadeira febre no mundo. O acontecimento impulsionou, inclusive, uma campanha que arrecadou mais de R$ 343 mil para ajudar projetos que atendem crianças e jovens com autismo, cujas doações foram feitas durante uma stream de 24 horas de André “Liminha” Kenzo. Yayah, no entanto, tem uma meta sem qualquer relação com o meio dos games e dos esports: disputar os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, defendendo a seleção paraguaia de judô.

Estudante de medicina, Yayah trancou a matrícula no curso em função da pandemia de Covid-19, uma vez que a rotina de aulas remotas prejudicaria os estudos em uma graduação cujas atividades presenciais são parte fundamental do aprendizado. Desde o começo de 2020 ela tem dividido sua rotina entre as lives e os treinos de judô. O objetivo, segundo ela, é aperfeiçoar ao máximo sua preparação para a disputa de competições oficiais em 2022 na categoria até 48kg, peso no qual ela ainda não competiu na carreira.

Em entrevista ao MGG Brasil, Yayah - que ficou conhecida no mundo dos games graças às suas lives de Counter-Strike: Global Offensive, Valorant e outros títulos não voltados para o competitivo, como Resident Evil Village e It Takes Two - conta que os games sempre estiveram presentes em sua vida, e que a entrada no mundo das lives se deu após ela se tornar amiga de pessoas do meio dos esports, como Lindinho e outros membros da Tribo, nome da comunidade de seguidores de Alexandre “Gaules” Borba.

“Eu sempre gostei muito de jogar, desde pequena, e aos poucos fui fazendo amizades no meio dos esports, e aí eu pensei: 'Por que não? Eu gosto de jogar e de interagir com outras pessoas'. E foi aí que eu conheci o Lindinho, a Tribo, a comunidade de LoL, e as pessoas foram começando a me assistir nas lives”, relata.

Crescimento rápido como streamer

Tudo começou a mudar da vida de Yayah quando seus pais se mudaram para o Paraguai e a chamaram para ir junto com eles. Nesse período, a streamer começou a cursar medicina, mas veio a pandemia e ela decidiu trancar a matrícula no começo de 2020. Foi neste momento que as lives entraram na vida de jovem de 22 anos e o crescimento se deu forma relativamente rápida. Em menos de um ano e meio, Yayah já conta com mais de 220 mil seguidores na Twitch.

“Eu comecei a crescer relativamente rápido, passei a ter minha própria renda e gostei muito de streamar, e as lives vieram num momento que eu estava passando por um momento meio delicado na minha vida. De repente, além de me distrair, isso acabou virando também o meu emprego.”

Paixão de família pelo judô

Yayah sonha disputar Jogos Olímpicos de 2024 - Millenium
Yayah sonha disputar Jogos Olímpicos de 2024

Se o gosto pelo mundo dos games e das lives foi algo que surgiu de forma completamente espontânea em Yayah, o judô é uma tradição de família. Os pais da criadora de conteúdo são faixa preta e tiveram grande influência no amor dela pela modalidade olímpica.

A jovem da cidade de Valparaíso, em Goiás, começou a praticar judô ainda aos três anos de idade e conseguiu resultados expressivos ao longo da carreira, como o título brasileiro regional sub-13 e o bronze no Campeonato Regional Sub-21 do Centro-Oeste, na categoria até 44kg. A mudança para o Paraguai, no entanto, causou uma interrupção na carreira como judoca, retomada apenas recentemente, com o técnico Gabriel Vicentini. O objetivo de Yayah é conseguir cidadania paraguaia e representar o país nos Jogos de Paris, em 2024.

“Eu comecei a competir já aos cinco anos, medalhei em alguns campeonatos brasileiros. Mas, quando eu vim para o Paraguai, fiquei quase dois anos parada, porque eu não tinha onde treinar. Hoje eu treino no Comitê Olímpico da seleção principal do Paraguai. O Vicentini faz um trabalho comigo para eu ganhar massa muscular e competir no peso olímpico, que é de 48kg. Eu ainda estou no processo de conseguir cidadania, mas o objetivo é disputar a Olimpíada de 2024 pelo Paraguai, treinar forte esse ano e já voltar à rotina de campeonatos no ano que vem”, projeta a streamer e atleta.

Aproximação com Lindinho e a Tribo

A aproximação com Lindinho e, consequentemente, a Tribo de Gaules, começou pouco tempo após Yayah iniciar a rotina de streams. Durante uma live de Ingrid, o criador de conteúdo escreveu para a influenciadora, mas a conversa entre os dois vazou na live de Lindinho e a comunidade que começou a “shippar” os dois. O encontro de fato só aconteceu cerca de um ano depois desse episódio, mas o selinho entre os dois alcançou proporções muito maiores do que eles poderiam imaginar.

“Quando a gente finalmente se encontrou, a galera ficou muito animada, pois já estavam nos shippando há um ano mais ou menos. O Gaules usa muito a frase “A Tribo cuida da Tribo”, então sempre que eles interagem com alguém, a comunidade tenta acolher aquela pessoa e torná-la parte da comunidade também. Nunca imaginamos que isso [o selinho] fosse ganhar uma proporção tão gigantesca. O Neymar e o Kaká compartilharam o Yadinho, o Corinthians, que é o meu time, e o São Paulo, que é o time dele, também entraram na onda, e a gente ficou de cara”, brinca.

Sobre a corrente de solidariedade que fez a comunidade doar mais de R$ 343 mil para o projeto de Lindinho para crianças autistas, Yayah espera aproveitar toda a visibilidade alcançada por ela e pelo criador de conteúdo da Tribo para que esse apoio da comunidade seja contínuo, independentemente da hashtag Yadinho estar bombando ou não nas redes.

“Foi muito também isso ter acontecido, porque trouxe muita visibilidade para o projeto do Lindinho para crianças com autismo e gerou uma arrecadação gigantesca durante a live do Liminha. A minha comunidade e a comunidade do Lindinho já ajudavam muito, mas a nossa ideia é que não pare por aí, e sim fazer toda esse suporte ser algo contínuo.”

A respeito dos planos para o futuro, Yayah disse que voltará ao Paraguai para conciliar a rotina de lives com os treinos de judô. Sobre o alcance obtido em suas lives, a criadora de conteúdo deseja inspirar outras mulheres, uma vez que o mercado de streamers ainda tem um número muito maior de homens do que de mulheres.

“Muita meninas vêm falar comigo dizendo que eu sou uma inspiração para elas, e isso me deixa extremamente feliz, até porque eu também sou do judô e as artes marciais costumam ser muito mais associadas ao homens, então é fundamental termos cada vez mais mulheres com visibilidade também aqui”, diz Yayah, que no mundo das streams tem Paula Nobre e Mayumi como principais inspirações, enquanto no judô sua grande referência é a campeã olímpica e mundial Rafaela Silva.

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Gabriel SALES
Gabriel Sales

Jornalista apaixonado por games desde o jardim de infância e fã de quase todo tipo de RPG, especialmente os da série Chrono. Nos esports, shooters e jogos de luta são minhas maiores paixões, mas abraço qualquer jogo com uma cena competitiva pulsante.

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