Considerado até hoje o jogo de luta mais importante da história e "pai" do gênero que foi febre nos fliperamas e até hoje mantém uma comunidade engajada, Street Fighter II completou 30 anos no começo de 2021 e permanece com status de clássico atemporal. Além do elenco carismático, da jogabilidade acessível para novatos e recompensadora para quem se dedica ao competitivo e da trilha sonora marcante, o game da Capcom também é cercado de curiosidades.
Com isso em mente, o MGG Brasil separou uma lista com as dez principais curiosidades a respeito de Street Fighter II. Confira a lista.
10 - Ryu e Ken: "mesmo" personagem, skins diferentes
Embora atualmente existam inúmeras diferenças entre ambos no gameplay, Ryu e Ken eram, basicamente, o "mesmo" personagem com skins diferentes. Na versão original de Street Fighter II: The World Warrior, o americano e o japonês compartilhavam os mesmos golpes, o mesmo dano e alcance para cada um de seus movimentos, como Hadouken, Shoryuken, Tatsumaki Senpuu Kyaku.
Com o lançamento de novas versões de Street Fighter II, os personagens foram ganhando pequenas diferenças entre si, com o Shoryuken de Ken recebendo maior alcance na tela do que o de Ryu e o hadouken de Ryu sendo superior ao de Ken em alcance e dano, mas na versão original, dizer que um era superior ao outro era apenas papo furado da galera dos fliperamas mesmo.
9 - Múltiplas versões do mesmo jogo em uma era pré-DLCs
Quem jogou Street Fighter II nos anos 90 já deve ter reparado nas várias versões que o game da Capcom recebeu, mas você sabe quantos títulos diferentes da série foram lançados até hoje? Oito! Pois é, numa época em que DLCs e atualizações do jogo ainda não existiam, a Capcom lançava novas versões de Street Fighter sempre que fazia alguma modificação que impactava a jogabilidade ou expandia o elenco. Cinco dessas oito versões foram lançadas entre 1991 e 1994.
A versão original, Street II: The World Warrior, tinha apenas oito personagens jogáveis - Ryu, Ken, Chun-Li, Guile, Dhalsim, E. Honda, Zangief e Blanka - e foi a responsável por tornar o jogo uma febre. A segunda versão, Street Fighter II: Champion Edition, teve como principal novidade a inclusão dos quatro integrantes da organização criminosa Shadaloo - Balrog, Vega, Sagat e M. Bison - como personagens jogáveis, além de alguns refinamentos na jogabilidade e a possibilidade de dois jogadores usarem o mesmo personagem.
A terceira versão, Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting, tinha como principal mudança a jogabilidade bem mais rápida em comparação aos títulos anteriores, além da inclusão de alguns novos movimentos para certos personagens.
A quarta versão atendia pelo nome de Super Street Fighter II: The New Challengers e teve como grande novidade a inclusão de quatro personagens totalmente inéditos até então: Cammy, Dee Jay, T. Hawk e Fei Long. Além dos 16 personagens, essa versão do jogo apresentou atualizações de jogabilidade e gráficos mais refinados, graças à mudança da placa CPS para a CPS II, e fez enorme sucesso no Super Nintendo e no Mega Drive, embora tenha aparecido bem menos nos fliperamas aqui do Brasil.
A quinta e última versão do jogo lançada na década de 90 era Super Street Fighter II Turbo, que a exemplo de Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting, trazia uma jogabilidade mais acelerada, além de inclusão de super combos, combos aéreos e uma barra de especial que, quando carregada, dava aos personagens um golpe com dano devastador. O jogo também marcou a estreia de Akuma como chefe secreto do jogo e personagem jogável secreto nas versões caseiras do game. Esse título, no entanto, não saiu para Super Nintendo e Mega Drive, consoles nos quais as versões caseiras de Street Fighter II mais fizeram sucesso, ficando "preso" nos anos 90 a plataformas como 3DO, PC DOS e Amiga, além dos arcades, obviamente.
A sexta versão do jogo recebeu o nome de Hyper Street Fighter II e foi parte da coletânea Street Fighter II Anniversary Collection, lançada em 2004 para PlayStation 2 e Xbox, em comemoração aos 15 anos da franquia. A principal novidade desse jogo era oferecer ao jogador a opção de escolher qualquer uma das versões anteriores dos personagens de Street Fighter II, o que permitia, por exemplo, um combate entre o Ryu de Super Street Fighter II e a Chun-Li de Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting.
A sétima versão foi Super Street Fighter II Turbo HD Remix, lançada em novembro de 2008 para Xbox 360 e PlayStation 3. Como o nome sugere, o jogo é uma versão em alta definição de Super Street Fighter II Turbo, com artes completamente novas para os personagens. O novo estilo artístico dividiu opiniões entre os fãs, mas o jogo foi muito bem recebido pela crítica e acabou servindo de protótipo para a oitava e última versão do jogo, pelo menos até agora.
O lançamento mais recente se chama Ultra Street Fighter II: The Final Challengers, e sai exclusivamente para Nintendo Switch em maio de 2017. O jogo mantém o estilo artístico e a jogabilidade de HD Remix, mas com a inclusão de dois personagens jogáveis: Evil Ryu e Violent Ken, versões malignas de dois dos personagens mais icônicos da franquia. O jogo não foi tão bem recebido pela crítica, mas carrega o status de ser o Street Fighter II com o elenco mais extenso.
8 - A "dança das cadeiras" com os nomes dos chefões
Não é incomum que as versões orientais e ocidentais dos jogos tenham algumas diferenças entre si, e as alterações nos nomes de personagens estão entre as mais comuns. No caso de Street Fighter, porém, essas mudanças ocorreram especificamente com três dos quatro integrantes da Shadaloo: Balrog, Vega e M.Bison. Quem jogou a versão japonesa de Street Fighter II, deve se lembrar que o nome do chefe final do jogo não era M.Bison, mas sim Vega. O boxeador Balrog era quem atendia pelo nome de M. Bison, enquanto o espanhol Vega se chamava Balrog na versão lançada no oriente.
Mas por que isso aconteceu? Simples: o boxeador da Shadaloo se chamava originalmente M. Bison pelo fato de o personagem ser inspirado no pugilista Mike Tyson, um dos esportistas mais badalados do mundo entre o fim da década de 80 e começo da década de 90. O estúdio, no entanto, temia que pudesse sofrer algum tipo de processo quando lançou o jogo Ocidente, e decidiu que M. Bison passaria a se chamar Balrog, gerando assim um efeito cascata. O lutador espanhol com garras que "cedeu" seu nome de Balrog ao boxeador e passou a se chamar Vega, enquanto o chefe final de Street Fighter II herdou o nome do pugilista M. Bison. Apenas Sagat passou ileso por essa confusão.
7 - Presente em várias mídias
Além de um jogo de enorme sucesso, Street Fighter II foi um fenômeno midiático e isso rendeu ao game diversos tipos de adaptações aprofundando a lore de seu universo. Entre as produções de maior sucesso estão Street Fighter II: Victory, que tinha como protagonistas versões ainda jovens de Ryu, Ken e Chun-Li e exibida originalmente de abril a novembro de 1995; e Street Fighter II: O Filme, longa-metragem de 1994 e que mostra versões já um pouco mais maduras de Ryu, Ken, Chun-Li, Guile e companhia.
As duas produções se destacaram por um nível de violência até então nunca visto em Street Fighter. A luta de Vega contra Ken na série animada talvez seja o momento mais "gore" de toda a franquia.
Street Fighter II, porém, também teve adaptações nada elogiáveis, como o live-action Street Fighter: A Batalha Final, protagonizado pelo ator Jean-Claude Van Damme no papel de Guile e que hoje é o tipo de produção que arranca gargalhadas pela péssima adaptação. Já Street Fighter II: The Animated Series foi uma produção que passou longe de apresentar o nível de Street Fighter II: Victory e, mesmo tendo sido exibida na TV, não deixou tantas saudades quanto sua antecessora. Coincidentemente ou não, essa produção também tem Guile como protagonista.
6 - Combos foram criados acidentalmente
Atualmente é praticamente impossível imaginar um jogo de luta sem um sistema de combos, mas essa mecânica teve origem em uma falha de programação da versão original de Street Fighter II: The World Warrior. A sequência de golpes que causava dano elevado sem dar chance de defesa não foi algo implementado propositalmente pelos programadores, tanto que alguns combos simples poderiam tirar de uma só vez mais da metade da barra de vida do oponente.
Contudo, o sistema deu tão certo que nas versões seguintes de Street Fighter II os combos se tornaram uma mecânica programada e mais balanceada do que a vista em World Warrior. O auge desse sistema pode ser visto em Super Street Fighter II Turbo, a edição definitiva do jogo nos anos 90 e a mais abraçada no cenário competitivo do jogo, que permaneceu na line-up principal da EVO até 2008.
5 - NES e Master System ganharam versões "caseiras"
A comunidade de mods é extremamente ativa nos games há algum tempo, mas nos anos 1990 havia um grupo de jogadores que entendia alguma coisa de programação e acabava criando versões não oficiais de jogos da geração de 16 bits para os consoles de 8 bits, como o NES (Nintendinho) e o Master System, da SEGA. Não foi diferente com Street Fighter II.
O trabalho dessas versões piratas de Street Fighter II eram surpreendentemente boas, seja na apresentação visual ou na trilha sonora. Atualmente, essas versões são encontradas facilmente na internet, mas na época fizeram a alegria de muitos que não tinham grana para jogar as versões originais de SF II para consoles. Algumas adaptações em 8 bits lançadas posteriormente incluíam até mesmo personagens que não estavam no elenco original, como Guy e Mike Haggar, da série Final Fight.
4 - "Street Fighter de Rodoviária", a versão mais quebrada do jogo
Street Fighter II tinha alguns problemas de balanceamento em suas primeiras versões, principalmente em relação aos combos que deixavam adversários tontos com pouquíssimos hits. Porém, nada, absolutamente nada se compara às versões ilegalmente modificadas do jogo que chegaram aos fliperaramas, botequins e rodoviárias brasileiras.
Essas versões tinham todo tipo de recurso que permitiam quebrar completamente o jogo, de hadoukens disparados infinitamente a projéteis que ficavam quicando pela tela. Alguns desses jogos permitiam até mesmo que os jogadores mudassem de personagem durante as partidas e que personagens sem fireball, como E.Honda, Zangief, Balrog e Vega, usassem movimentos como o Hadouken de Ryu ou o Sonic Boom de Guile. Independentemente do fato de ser absolutamente odiado por quem levava o aspecto competitivo mais a sério, é inegável que o Street Fighter de boteco fez história no Brasil.
3 - Zangief, o homem de confiança de "Gorbachev"
Quando Street Fighter II foi lançado, a União Soviética vivia seus momentos finais, mas isso não impediu que Zangief, o Ciclone Vermelho, fosse motivo de orgulho para seu país...pelo menos no jogo. Ao zerar o jogo com o personagem no modo arcade, o jogador desbloqueava um final em que o wrestler carrancudo era parabenizado por um personagem claramente inspirado no último chefe de Estado da URSS: Mikhail Gorbachev.
Após Zangief ser devidamente condecorado, o Ciclone Vermelho, "Gorbachev" e os seguranças do presidente iniciavam uma dança típica de seus[ país, em um dos momentos mais hilários da história da franquia. A União Soviética acabou, mas esse final de Zangief em Street Fighter II ficou eternizado na história dos games.
2 - "Vá para casa e seja um homem de família"... mesmo que você seja uma mulher
Guile é um dos personagens mais importantes da história de Street Fighter, e também tem a frase mais icônica da história da série, não por ser inspiradora ou algo do tipo, mas sim por uma situação hilária proporcionada quando o militar vence Chun-Li em Street Fighter II: World Warrior.
Por padrão, Guile dizia para seus oponentes derrotados "Go home and be a family man" (Vá para casa e seja um homem de família). Bom, a frase já seria inusitada suficiente por si só, pois personagens como Ryu não parecem ter casa ou família, mas tudo fica ainda mais engraçado quando Guile dá esse conselho a Chun-Li, única mulher do elenco original de Street Fighter. Para piorar, na história de Street Fighter, Chun-Li teve seu pai morto por Bison e busca vingança contra o líder da Shadaloo. Ou seja, mesmo que Chun-Li fosse um homem, Guile seria, na melhor das hipóteses, extremamente insensível ao falar algo assim.
1 - O pai dos fighting games como esports
Se a EVO, recém-adquirida pela Sony e pela RTS, é hoje o principal evento de jogos de luta do mundo, com um pico de audiência que chega a ultrapassar a marca de 300 mil espectadores simultâneos, muito disso se deve a Street Fighter. Em 1996, quando o evento que viria a se tornar a Evolution Championship Series ainda se chamava Battle by the Bay, era Street Fighter II o jogo que mais atraía o interesse de competidores e público.
De 1996 a 2008, Super Street Fighter II Turbo foi o único jogo que esteve presente em absolutamente todas as edições do Battle by the Bay e da EVO na line-up principal, o que atesta e enorme importância desse título para manter os jogos de luta vivos como um gênero competitivo. Em 2009, SF II passou o bastão para Street Fighter IV, que resgatou muito da essência do game que consagrou a série e recolocou a franquia sob holofotes de mídia e público. Nada disso seria possível se a Capcom não tivesse lançado, lá em 1991, o game de luta mais importante da história.