É normal que novidades gerem hype em qualquer comunidade, inclusive na de esportes eletrônicos. Ainda assim, é possível dizer que Valorant causou efeitos incomuns no cenário, como, por exemplo, produzir jogadores profissionais e especialistas antes mesmo do lançamento. Quando o jogo chegou de fato, outros fenômenos também puderam ser observados, como o retorno de pro players aposentados, que voltaram a participar de torneios por conta do novo FPS da Riot Games. Podemos citar Pamella "pan" Shibuya, Raphael "cogu" Camargo, Rafael "pava" Pavanelli e Davi "fork" Leonardi, além de tantos outros. O Millenium conversou com o quarteto citado e procurou entender um pouco mais deste sentimento e quais são suas reais motivações e objetivos com Valorant.
O interesse por Valorant e pela competitividade do jogo
Logo de início, duas particularidades em comum uniram pan, cogu e fork. Uma delas foi o fato de a Riot Games estar por trás do jogo e todos confiarem na capacidade da empresa, não só de criar um bom game, mas também de geri-lo a nível competitivo e casual. Cogu ainda criticou a Valve, pois a empresa "não investe em regiões e nem nas equipes", ao contrário da Riot. Já pan adicionou o fato de adorar o shooter da Blizzard também: "Sou apaixonada por Overwatch e senti que o Valorant seria algo como o CS, mais habilidades".
Pava não citou a Riot diretamente, mas disse que a "tática de divulgação focada em desempenho de servidores" lhe chamou muito atenção, pois ele "nunca tinha visto antes" algo parecido.
A outra opinião compartilhada pelo trio foi que a vontade de competir nunca acaba, ainda que as circunstâncias da vida de cada um os levaram a deixar a vida de pro player.
Pava se mostrou mais contido e disse que sua visão de competição é "um buraco mais fundo, pois requer dedicação integral e treinos, taticos e práticos", sendo seu foco atual as transmissões no Facebook.
Pan revelou que sua volta ao competitivo é "muito díficil" e seus objetivos são outros: "Não pretendo treinar ou disputar campeonatos representando organizações e, sim, por diversão e gerando conteúdo para o meu público. Mas, sabe como é, né? Sou muito competitiva e acabei recebendo o convite de jogar alguns campeonatos, como as duas edições do Twitch Rivals e o primeiro torneio da GamersClub, e acabei saindo com a vitória nos três, com a ajuda dos meus teammates".
Cogu deixou em aberto a parte de voltar a jogar profissionalmente e disse: "nunca digo nunca". Ainda assim, sua prioridade está mais no âmbito familiar: "Uma coisa é certa, no momento não consigo voltar para o regime de gaming house", cravou o grande jogador da época do CS 1.6. "Minha filha Laurinha acabou de vir ao mundo e já esta difícil dividir o tempo com stream. Estou indo com calma, curtindo o momento de ser pai, quero ser um pai presente, quero ajudar a minha mulher nesse momento".
Já fork declarou estar mais decidido quanto a Valorant: "Eu estava trabalhando e brincando com os amigos no CS, quando fiquei sabendo que a Riot estava para anunciar um novo projeto. Por jogar tantos anos o CS e conhecer de perto o cenário do LoL aqui no Brasil, eu sabia que a oportunidade podia estar batendo na porta, então assim que o Valorant saiu no NA, ainda no formato beta, comecei a jogar e gostei muito da dinâmica do jogo, que por sinal é muito parecida com o CS, inclusive na elaboração dos mapas, foi então que decidi me dedicar full time ao jogo".
Fork inclusive já tem uma line-up formada que está em busca de uma organização para representar. Ao Versus ele contou como o time se juntou: "Quando comecei a jogar no beta, vieram algumas pessoas me perguntando se eu estava migrando para o Valorant, e uma delas foi o dek, que eu já conhecia do CS:GO. Estruturamos uma base com jogadores do CS e começamos a jogar desde o início para pegar entrosamento".
Valorant ou Counter-Strike?
Os entrevistados passaram por Counter-Strike 1.6, CS:GO e Valorant cada um a sua maneira e a comparação é praticamente inevitável. No entanto, ao contrário das principais relações feitas com Global Offensive, os entrevistados acham o game da Riot mais parecido com o CS 1.6.
Quando o assunto é escolher um preferido entre os três, muitos ficaram mexidos. Fork explicou que escolheu a carreira no Valorant "por ser um jogo que iniciou agora e oferece aos jogadores mais uma chance de se desenvolver de forma competitiva". Pan também admitiu: "Vava com certeza vem me conquistando cada vez mais, dia após dia".
Cogu surpreendeu e afirmou que mesmo construindo a maior parte da sua carreira no 1.6, o que ele mais gosta é o CS:GO. Por fim, Pava foi mais nostálgico e cravou que o 1.6 será "sempre o queridinho do coração".
Valorant vai vingar ou é só hype?
Depois da discussão se Valorant "mataria" ou não o CS:GO, outro debate que ficou em pauta entre os fãs de esports era se Valorant vingaria de fato ou seria só mais um jogo hypado que cairia em esquecimento. Sobre isso, tanto pan quanto cogu e fork concordam que o jogo tem tudo para dar certo.
Pan destacou que a "a Riot vem buscando ouvir os jogadores e criadores de conteúdo, sendo muito honestos e sinceros com o público". Já cogu afirmou que o CS finalmente terá um rival: "Como disse anteriormente, acredito muito na Riot. Eles vão querer fazer muito barulho. Se eles derem tanta importância ao Valorant como dão ao LoL, vai ser pesadíssimo. Vai acabar com o CS!? Não, nenhum jogo vai acabar com o CS. Mas vão ter um concorrente pesado, acredito".
Pava acredita que "o jogo tem toda a capacidade de criar um universo competitivo, pois oferece inúmeros fatores para jogadores se destacarem". O que fica para o ex-pro player é a torcida para que "as pessoas no comando consigam concretizar tudo o que já foi pensado desde o inicio".
Fork claramente confia no futuro do game, visto que ele abdicou de muito para se dedicar ao competitivo desde o lançamento: "Larguei o trabalho, estou full time no Valorant e acredito que o mercado estará sempre lá para mim, mas preciso tentar mais uma vez fazer aquilo que amo".
No momento Valorant está apenas em seu início e o cenário está aquecendo aos poucos. Assim como pan, cogu, pava, fork e tantos outros exemplos, muitos influenciadores já começaram a se movimentar para criação de conteúdo, fortalecimento da comunidade e até para competir profissionalmente. Com o tempo saberemos se tudo será ainda maior ou se o sucesso foi passageiro. Qual a sua opinião? Comente abaixo.