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Rainbow Six: "Foi uma evolução natural e a ESL entendeu isso", diz Diretor de esports da Ubisoft

Rainbow Six: "Foi uma evolução natural e a ESL entendeu isso", diz Diretor de esports da Ubisoft
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Marcio Canosa falou sobre novo circuito competitivo, agenda global, cenário feminino e mais

Rainbow Six: 'Foi uma evolução natural e a ESL entendeu isso', diz Diretor de esports da Ubisoft

O circuito competitivo de Rainbow Six: Siege foi completamente reestruturado para os próximos anos, de modo que a Ubisoft agora passa a controlar as operações sem a participação de terceiros, como era o caso da ESL. Para entender melhor como isso aconteceu e o que podemos esperar para o futuro de R6, conversamos com o diretor de esports da Ubisoft Brasil, Marcio Canosa, que revelou detalhes do novo formato e mais.

Como tudo começou

Esta foi provavelmente a maior mudança que o competitivo de R6 já teve. Para isso, a Ubisoft se planejou por quase um ano, contratou e formou novos times dentro da empresa. Além disso, o aprendizado adquirido nos anos anteriores também foi importante para que esta iniciativa finalmente fosse posta em prática. Foi o que contou Canosa ao Versus:

"As discussões sobre estas mudanças começaram no ano passado, após o Six Invitational. As equipes de todas as regiões da Ubisoft se reuniram e, juntamente a isso, novas pessoas entraram para compor o time na parte de esports - desde diretores regionais até um novo time completo focado nisso, em Montreal. Esta formação de equipes internas focadas nos esports foi feita já com o intuito de começar a implementar um modelo em que a própria Ubisoft gerisse o cenário competitivo. Antes disso a empresa não tinha tanta expertise no assunto, até que tudo que foi crescendo internamente de uma forma natural. Após isso, começaram as discussões de como desenharíamos este novo modelo global competitivo de R6 e várias reuniões decidiram tudo isso que vocês viram."

Com a Ubisoft assumindo a frente de esports, algumas empresas perderam papéis e produtos importantes no meio. Este é o caso da ESL, por exemplo, que tinha as Pro Leagues regionais e mundial.

"Foi uma evolução natural e a própria ESL entendeu isso", contou ele. "Eles foram muito importantes para a Ubisoft nos últimos anos, nos ajudaram muito, pois não tínhamos grande know how nos esports, mas é normal que com o tempo a própria Ubisoft cresceria e assumiria uma administração mais profunda do que é o competitivo do Rainbow Six, até mesmo para assegurar que os interesses da empresa estão sendo levados em conta e para direcionar no melhor caminho possível que atenda a comunidade do jogo. Ainda assim, nós seguimos trabalhando com a ESL, na região Ásia-Pacífico, por exemplo".

No início do mês Marcio usava a selfie que tirou com a Team Liquid para avisar que grandes novidades estavam por vir | Foto: Reprodução - Rainbow Six Siege
No início do mês Marcio usava a selfie que tirou com a Team Liquid para avisar que grandes novidades estavam por vir | Foto: Reprodução

O cenário nacional e a participação global

Como dito anteriormente, uma das principais mudanças no Brasil foi o fim da Pro League. Com ela, o Brasileirão passou a ser a estrela principal do país. Ao mesmo tempo, a Copa Elite Six renasceu das cinzas e já chegou com papel importantíssimo. Tudo isso foi pensado para que haja uma hierarquia mais clara e lógica entre os torneios e o próprio calendário global.

"Em nossa região nós basicamente demos continuidade e melhoramos o que já tínhamos, que é o Campeonato Brasileiro. O que foi preciso pensar é em como estruturar tudo dentro de um calendário Global. A primeira coisa que foi pensada é que os quatro torneios globais seriam mantidos, então nós tínhamos duas finais de Pro League, um Major e um Six Invitational e agora temos três Majors e um Invitational. Isso foi preciso manter para acompanhar as seasons do Rainbow Six e porque nós gostamos muito de mostrar todas as novidades do game nestes grandes eventos mundiais. Depois disso, em nossa região, ficou óbvia a manutenção do Campeonato Brasileiro e torná-lo o caminho para eventos internacionais. A maior questão era como unir mais a América do Sul, então foi aí que voltou a Copa Elite Six, que juntará os melhores desta parte do continente e estes brigarão por algo ainda maior, que são as vagas na competições mundiais."

Já é de conhecimento geral que a Ubisoft apresentou diversas novidades de uma só vez. Com isso, não é difícil prever que muita coisa irá mudar em diversos sentidos, mas a pergunta principal é: o que mudará na prática? Veja abaixo a resposta de Canosa:

Jogador

Para o jogador o que muda é que ele terá uma certeza maior que a Ubisoft está atenta e colocando em prática as regras dos campeonatos. Isso porque a Ubisoft é responsável pelo corpo de regras, mas quando haviam empresas terceiras eram elas que respondiam pelas regras, enquanto agora somos nós que fazemos e aplicamos. Será uma atenção muito maior por parte da publisher, o que dará uma segurança maior a todos que o competitivo será ainda mais justo, transparente e integro.

Torcedor

Para os torcedores o maior benefício será o conteúdo. Como a Ubisoft está envolvida ainda mais diretamente com o competitivo, teremos ainda mais conteúdos nos eventos, com os jogadores e afins, assim como dentro do próprio game. Nós trabalharemos junto dos times e buscaremos formas de oferecer experiências ainda mais enriquecedoras, desde itens das equipes até eventos com a participação dos profissionais. Só para dar um exemplo, aconteceu há pouco tempo na Europa um evento em que eles revivem line-ups antigas e clássicas da região, colocaram o patch daquela época e promoveram esta competição nostálgica e super legal, além de beneficente, pois ajudava o projeto Médico sem Fronteiras. Isso só é possível com maior envolvido da Ubisoft na parte competitiva.

Drafts e Academy

Principalmente para quem quer entrar no cenário, duas grandes novidades foram os drafts e as academys. No caso do draft tudo funcionará de forma semelhante ás ligas americanas e em grandes eventos. O objetivo desta iniciativa é "que estes jogadores possam ser grandes atletas no futuro e que isso se torne sistemático no cenário", como disse Canosa. Ele também explicou melhor como funcionará a dinâmica:

"As inscrições do draft serão abertas em dezembro para qualquer um que queira se profissionalizar e não esteja sob contrato. Ele preencherá este formulário, que será praticamente um currículo com stats, campeonatos que jogou, times que participou, este formulário vai para um banco de dados, o qual será encaminhado aos times da Série A. Cada organização vai selecionar os candidatos que gostariam de contratar em ordem de preferência e a Ubisoft vai realizar um evento de gala no estilo das ligas americanas, onde estarão representantes dos clubes e também os jogadores mais pedidos pelos times. Neste evento será feito um sorteio - com as equipes que foram pior no campeonato tendo preferência na escolha - e os jogadores serão escolhidos ao vivo pelas equipes."

"Queremos dar chance a talentos individuais, pois se você é um bom jogador, mas está em um time ruim, sua entrada no cenário é difícil, pois Rainbow Six é um jogo de equipe. Com o draft, quem teve o azar de não estar num time tão bom será avaliado individualmente e pode ser contratado por um clube de elite do país", completou o diretor de esports da Ubisoft Brasil.

As academys, por outro lado, serão times secundários das organizações, mas que da mesma forma visam formar atletas. As equipes que quiserem, mesmo estando na Série A do Brasileirão, podem ter academys disputando a Série B sem qualquer problema. A única restrição é que, caso esta consiga acesso, o clube não poderá contar com duas line-ups por lá, ou seja, teria que abdicar da vaga de alguma forma.

A grande controvérsia dentro destes assuntos é a idade mínima para competir. Anteriormente era possível jogar a Série B com 16 anos, pois esta é a classificação indicativa do Rainbow Six no Brasil. Entretanto, como o país entrou no programa global da Ubisoft, foi definido que apenas maiores de 18 podem jogar profissionalmente, uma vez que agora é aplicada a classificação imposta na Europa. A regra faz pouco sentido na cabeça de muitos, já que estamos falando da formação de atletas.

Para aumentar a polêmica, foi definido que jogadores de 16 e 17 anos podem jogar a fase aberta da Série B, mas não a fase fechada, mesmo sendo basicamente o mesmo campeonato e apenas fases diferentes. Sobre isso, Canosa adiantou que já há reuniões marcadas para, quem sabe, a regra antiga voltar a valer.

"Já existe internamente esta discussão para tentar a liberação de pessoas de 16 e 17 anos jogarem toda a Série B - tanto a parte aberta quanto fechada -, pois entendemos que é algo linkado e não faz sentido ter esta frustração dos jogadores se classificarem para a parte fechada da Liga Six e ter que abdicar da vaga, mas não temos a confirmação de um desfecho positivo até o momento. Para os times que querem formar academy, também seria muito interessante contar com jogadores de 16, 17 anos na Série B, para que estes pudessem ser formados desde jovens, o que era nosso intuito inicial. A questão toda é esta regra global dos 18 anos que estamos tentando conseguir uma exceção, pelo menos para toda a Série B. Até mesmo porque temos exemplos dentro do próprio competitivo que começaram cedo, como o próprio pino da NiP, que chegou a jogar a Série B quando não havia esta regra global."

Apesar disso, há uma brecha que o diretor de esports pretende explorar para voltar à regra antiga: "O campeonato Brasileiro é algo que acaba sendo Global, pois dá vaga para campeonatos internacionais, então nele não há exceções e é preciso seguir a agenda global estipulada. Já a Série B não oferece nenhuma vaga para fora do país, é algo estritamente local, então é possível adequar a realidade da nossa região".

Marcio Canosa e time de casting do Rainbow Six nacional | Foto: Reprodução - Rainbow Six Siege
Marcio Canosa e time de casting do Rainbow Six nacional | Foto: Reprodução

Ubisoft lidando com a pandemia

Uma das grandes novidades anunciadas foi a do Brasileirão presencial e inclusive com a presença de torcida. Os fãs teriam a chance de assistir a todas as rodadas diretamente da arena, com compra de ingressos. No entanto, a pandemia do coronavírus deve adiar isso por mais algum tempo.

"O que esperamos é que tudo volte ao normal. Mas claro, para isso precisamos que o número de casos e de mortes comece a cair até que chegue em um nível que seja possível retornar com as devidas medidas de segurança. Porém, sabemos que a realidade é outra, pois existe um cenário bastante crítico e, na verdade, batemos cada vez mais recordes e não sabemos quando isso vai acabar. Por isso o que faremos neste primeiro momento é nos adequar às medidas de isolamento social e aproveitar a grande vantagem do esporte eletrônico, que é realizar os torneios de forma online e continuar com o planejamento. O que é mais possível é que o primeiro turno do Brasileiro seja online e que a situação seja revista para o segundo."

Quando falamos de competições internacionais no entanto, o destino é outro.

"A nível mundial nós teremos um Major em agosto. Até o momento ele está de pé, pois ainda há certo tempo até lá para ver como tudo ficará, mas caso o cenário atual não mude ou piore, ele pode sim ser cancelado. Por conta dos riscos de saúde de todos e também das viagens. Não colocaremos em risco os jogadores e a staff que trabalha nos eventos. O que nada impede que aconteça são as ligas regionais, pois estas podem ser feitas online sem problema."

Circuito Feminino

Outra boa notícia foi a manutenção do Circuito Feminino entre as competições oficiais de Rainbow Six: Siege. Este no entanto, não terá grandes novidades, muito por conta da visão da Ubisoft.

"O Circuito Feminino não é uma liga conectada a nenhum outro torneio. Na verdade, nós o criamos como um projeto separado para as jogadoras de R6 para promover as atletas e conscientizar o público que as mulheres também jogam e jogam bem. É mais um trabalho de empoderamento mesmo, não é à toa que elas podem jogar o Circuito Feminino e uma Série A ou B ao mesmo tempo, por exemplo", explicou o empresário.

Perguntamos sobre uma possível internacionalização do Circuito Feminino, o que ainda parece bem longe de acontecer: "Para o Circuito Feminino se internacionalizar depende também das outras regiões de criarem ligas femininas. Este foi um projeto que nós iniciamos aqui no Brasil e sabemos que algumas outras regiões estão estudando a possibilidade de ter seus torneios femininos também. Os americanos, por exemplo, se mostram muito interessados nisso e só estão vendo como irão organizar, estruturar e identificar as jogadoras no cenário deles. Então basicamente é preciso que outras regiões tenham projetos voltados ao público feminino para que a gente possa fazer isso, pois até o momento só o Brasil tem. De qualquer forma posso dizer que este não é nosso intuito, a não ser que seja algo comemorativo e não permanente. Caso contrário estaríamos forçando um segregação no cenário."

A Black Dragons é uma das equipes femininas mais badaladas do cenário feminino de Rainbow Six: Siege | Foto: Black Dragons/Reprodução - Rainbow Six Siege
A Black Dragons é uma das equipes femininas mais badaladas do cenário feminino de Rainbow Six: Siege | Foto: Black Dragons/Reprodução
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Jairo Junior
Jairo Junior

Publicitário por formação, jornalista por vocação e vidrado nos esportes eletrônicos por paixão. Também conhecido como Foxer nos joguinhos online.

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