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Opinião: Como a Nintendo investe da forma errada nos esports

Opinião: Como a Nintendo investe da forma errada nos esports
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Totalmente alheia ao competitivo principal, a empresa trabalha para adicionar novo sangue ao cenário

Opinião: Como a Nintendo investe da forma errada nos esports

Leffen chora ao ser campeão mundial de Melee na EVO 2018 | Foto: Reprodução

 

Há muito tempo, pro players de Super Smash Bros. se sentem abandonados pela Nintendo. Em 2019, a desenvolvedora fundamentou sua entrada nos esports ao aumentar o número de competições e seletivas em algumas poucas regiões do mundo - sendo que a América do Sul, infelizmente, permanece fora deste escopo.

Contudo, os campeonatos oficiais do jogo de luta seguem na tangente do cenário profissional, com regras questionáveis segundo o viés competitivo e sem a presença de grandes pro players. Por isso, mesmo com a maior presença da Big N dos esports, os reais membros deste meio ainda estão órfãos.

Na prática, a desenvolvedora realiza torneios desde 1990, quando aconteceu a primeira Nintendo World Championships. A competição passou por 29 cidades dos Estados Unidos e testou os jogadores mais ávidos, que precisaram provar suas habilidades em diversos jogos. A 2ª World Championships aconteceu durante a E3 2015 e coroou o norte-americano John Numbers como vencedor.

Quanto a Smash Bros., a Nintendo costuma produzir campeonatos durante a feira em Los Angeles, nos Estados Unidos, como forma de divulgação de novos títulos em seus anos de lançamento. Foi assim em 2014 2018, quando a E3 recebeu Invitationals de Smash Bros para WiiU e Ultimate, respectivamente.

Em 2019, a abordagem é outra: no último sábado (8), aconteceram o World Championship de Ultimate, de Splatoon 2 e um Invitational de Super Mario Maker 2, no The Theatre at Ace Hotel, como forma de "fortalecer" a veia esportiva da Nintendo.

Time Europa e América do Norte se enfrentam nas finais do Super Smash Bros. Ultimate World Championship no último sábado (8) | Foto: Nintendo/ Reprodução - Millenium
Time Europa e América do Norte se enfrentam nas finais do Super Smash Bros. Ultimate World Championship no último sábado (8) | Foto: Nintendo/ Reprodução

Contudo, esta iniciativa oficial claramente não foi voltada para os pro players e fãs de campeonatos como a EVO - e sim para jogadores casuais dos games da empresa.

Assim como nas disputas Open Online, as regras aplicadas no último sábado (8) mostram que a Nintendo buscava mais entretenimento do que uma disputa realmente competitiva, visto que foi permitido o uso de itens gerais, com exceção de Poké Balls, Master Balls e Assist Trophies, em baixa frequência de aparição.

Por exemplo, em vários momentos do World Championship, a Smash Ball reverteu completamente a partida à favor do jogador que a usou. Não a toa, nenhum grande nome do cenário disputou ou foi convidado para o campeonato.

ZeRo recebe o prêmio do Smash Bros. Invitational de 2018 de Masahiro Sakurai | Foto: Reprodução - Millenium
ZeRo recebe o prêmio do Smash Bros. Invitational de 2018 de Masahiro Sakurai | Foto: Reprodução

O intuito da empresa realmente não é seguir os moldes do cenário competitivo - e, por mais chocante que seja, ela mesma nem considera que está investindo atualmente em esports. Em entrevista ao site Kotaku, Bill Trinen, gerente sênior de marketing de produtos da Nintendo da America, disse que a desenvolvedora não se vê "nem mesmo mergulhando o dedão nos esports".

Segundo o executivo, a Nintendo está tentando construir uma ponte entre fãs assíduos de Smash e a comunidade profissional: "Acho que nossa abordagem é menos de competição e mais sobre diversão competitiva. (...) Queremos trazer o jogador casual de Smash para a cena competitiva e à comunidade competitiva existente".

Na reportagem, ele cita como 60% de 10 mil jogadores que participaram dos qualificatórios do Open Online de fevereiro nunca tinham disputado um torneio em suas vidas. "Nós não queremos disputar espaço com a cena competitiva. Estamos usando itens parcialmente para nos diferenciar do que a cena competitiva está fazendo e para tornar mais fácil abordar uma audiência mais casual".

De fato, a Nintendo não apenas não compete, como não sustenta o atual cenário profissional.

Wizzrobe enfrenta Mew2King em torneio | Foto: Evan Habeeb/ USA TODAY Sports/ Reprodução - Millenium
Wizzrobe enfrenta Mew2King em torneio | Foto: Evan Habeeb/ USA TODAY Sports/ Reprodução

Existente desde 2002, quando tiveram inicio os torneios de Melee nos Estados Unidos, a cena competitiva de Smash Bros. sobrevive aos trancos e barrancos. Os maiores campeonatos do game partem de iniciativas privadas, como o Genesis, Smash Summit, entre outros, mas muitos são resultado da união da comunidade. As premiações oferecidas, além disso, são pouco expressivas.

Enquanto isto, um número muito restrito de pro players - como Juan “Hungrybox” DeBiedma, Gonzalo “ZeRo” Barrios, Joseph “Mango” Marquez e William "Leffen" Hjelte - contam com patrocínio e estrutura de treino. Todo o restante não conta com incentivos para se sustentar na profissão. É o caso, por exemplo, de Justin “Wizzrobe” Hallett, jovem de 21 anos que na última quarta-feira fez história no Smash 'N' Splash.

Estas são as atuais condições de quem quer viver de Smash nos Estados Unidos. Quando pensamos na América do Sul, o caso é pior ainda. Por aqui, iniciativas como a Team Dash e Treta Championship realizam torneios que reúnem e premiam jogadores. Porém, poucos deles têm perspectiva de competir internacionalmente.

Pensando em torneios oficiais, contudo, nossa região nem mesmo possui chance de ser inclusa nos circuitos. Em 2015, a Nintendo interrompeu a venda oficial de seus produtos no Brasil, único país sul-americano em que possuía sede de operações. O distanciamento do público regional, deste forma, não facilita a abertura de torneios como o World Championship para o talentoso cenário brasileiro de Smash Bros.

É possível concluir que, sim, a proposta da Nintendo de realizar torneios casuais é muito valida, já que é porta de entrada para novos talentos. Porém, do que adianta tentar adicionar sangue fresco ao cenário se este em si mal se sustenta sozinho?

Mais do que isso, quais são as chances reais do público das competições oficiais se interessar por campeonatos como a EVO, se o nível de jogo apresentado não é nem perto de ser o mesmo?

No sábado (8), a desenvolvedora anunciou que dará quatro vagas para o Evolution aos vencedores do 2º Open Online - mas que preparo estes jogadores terão para a competição, sendo que o formato e proposta competitiva é outra?

Com o lançamento de Super Smash Bros. Ultimate, fãs brasileiros passaram a realizar campeonatos de alto nível competitivo em nível nacional. Assista abaixo ao vídeo de cobertura do Ultimate Crush Counter, campeonato realizado em São Paulo no qual repórteres do Millenium disputaram nas categorias de Street Fighter V e do jogo de luta da Nintendo.

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Helena Nogueira
Helena Nogueira

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