Com o objetivo de democratizar os esportes eletrônicos no Brasil, o projeto AfroGames abrirá em breve um Centro de Treinamento de Esports dentro da favela do Vigário Geral, no Rio de Janeiro. A iniciativa criada pelo Grupo Cultural AfroReggae quer capacitar e profissionalizar jovens de comunidades para que eles sejam os futuros pro players do Brasil.
Esports na comunidade
Idealizado pelo AfroReggae, ONG fundada em 1993 para promover inclusão e a justiça social por meio da arte, da cultura afro-brasileira e da educação, o centro de treinamento do projeto está sendo construído no Centro Cultural Waly Salomão, que fica na favela do Vigário Geral, na zona norte do Rio de Janeiro.
O AfroGames vai oferecer vagas para 100 jovens da comunidade terem aulas de League of Legends, programação de computadores, inglês e trilha sonora focada em games. A HyperX, parceira do projeto, oferecerá os equipamentos e estrutura necessários para o CT.
O projeto também conta com patrocínio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Grupo Globo e Oi.
O começo do futuro
O AfroGames surgiu de uma conversa sobre outros assuntos entre José Júnior, fundador do AfroReggae, e Ricardo Chantilly, empresário do show business, responsável por nomes como Jota Quest e O Rappa.
José queria saber se Chantilly poderia assumir o estúdio de gravação musical do AfroReggae, quando Ricardo disse que na verdade estava investindo em games. A equipe do empresário mostrou um vídeo sobre esports para José, que rapidamente percebeu alguns problemas.
"Pensei 'Maneiro, mas não tem um preto, né? Não tem um pobre!'. Se um jovem sem grana quiser participar ele não pode, porque não vai ter um computador e nem uma boa internet, não vai falar inglês. A partir daí, comecei a colocar dificuldades no projeto que tivessem a ver com a inserção do jovem de periferia", contou José.
Com diversos desafios pela frente, os idealizadores se uniram para lapidar o projeto e criar o Centro de Esports. "Pela primeira vez no mundo, crianças de áreas conflagradas terão a oportunidade de treinar num centro técnico de ponta. Vamos descobrir novos talentos dando oportunidade para crianças que não jogariam, pois não têm acesso, mas que têm um talento nato”, contou Ricardo.
De acordo com o empresário, não foi tão simples levar a ideia para que patrocinadores pudessem prestar atenção nela, já que muitos não entendiam ou não davam a devida atenção ao mercado dos esportes eletrônicos.
"Foi aí que a Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro prestou atenção em nós e adorou o projeto. Eles fizeram uma ponte entre nós e a Oi, que já é um investidor que trabalha muito com games, como a Game XP por exemplo, e eles acreditaram no projeto. [...] Posteriormente, o Grupo Globo também deu seu apoio e nos apresentou à HyperX, que está entrando com toda a parte de periféricos", explicou Ricardo.
Para tornar a experiência ainda melhor, mostrando aos jovens que hoje é possível não só sonhar, mas realizar o desejo de jogar videogames profissionalmente, o projeto pretende convidar pro players para conversar com as crianças e adolescentes, e até mesmo dar aulas de LoL em workshops especiais.
O espaço de esports do Centro Cultural Waly Salomão deve ser entregue em abril e segundo Ricardo, a ideia é expandir o projeto para outras comunidades do Rio de Janeiro e até mesmo para outros estado, aumentando também o número de jogos nos centros, acrescentando, por exemplo, Dota 2 e Counter-Strike: Global Offensive.
"Queremos levar centros de treinamento de altíssimo nível para dentro de várias favelas", finalizou Ricardo.