Para quem está acostumado a jogar videogames, sabe que conversas relacionadas a temas como 'vício' e 'violência' em jogos são temas recorrentes. E o debate se repete em diversas partes do mundo: no Canadá, um grupo de pais da região de Quebec está processando a Epic Games alegando que Fortnite, principal título da desenvolvedora, se baseia em deixar crianças e adolescentes viciados no game.
O juiz canadense Sylvain Lussier aprovou, na última quarta-feira (7), o pedido que foi inicialmente feito em julho deste ano. No texto do processo, os três pais descreveram que seus filhos estavam apresentando sintomas de 'dependência severa' para com o game online.
Ainda de acordo com o juiz, foi declarado que a ação movida pelos pais, preocupados com o comportamento de seus filhos, não é leviana e apresenta razões justas o suficiente para que o processo seja aprovado.
No texto, os pais também disseram observar que seus filhos estavam deixando de dormir, comer ou até mesmo tomar banho. Ainda que a falta de compromisso com tarefas seja um fator comum para crianças ainda em desenvolvimento, os autores do processo listaram o 'fator viciante' do Fortnite como a causa principal destes problemas.
O juiz, porém, recusou as alegações de que as decisões criativas do game foram pensadas para torná-lo propositalmente viciante. "Isso não exclui a possibilidade de que o jogo seja de fato viciante, e que o criador e o distribuidor saibam deste fato", completou Lussier.
Ainda no texto inicial do processo, um dos pais comentou que seu filho reage de forma agressiva quando é proibido de jogar por um determinado tempo; o parente da criança comentou que tentou, inclusive, colocar um cadeado no computador para restringir o uso.
Em resposta, a Epic Games alegou que não existem evidências o suficiente para confirmar que o jogo causa dependência, e acrescentou o estudo da American Psychiatric Association em relação a insuficiência de dados para provar que os videogames causam algum tipo de desequilíbrio mental.
O juiz, porém, comentou que a conclusão dos psicólogos estadunidenses não é a resposta final para o caso. "O fato de os psiquiatras americanos terem solicitado mais pesquisas ou de esse diagnóstico ainda não ter sido oficialmente reconhecido em Quebec não torna as alegações em questão ‘frívolas’ ou ‘infundadas", finalizou.
O processo está sendo movido em Quebec, Canadá, para com a subsidiária canadense da Epic Games.