Para quem acompanha League of Legends - ou qualquer outra mídia que tenha alcance global -, sabe que algumas narrativas não são desenvolvidas da mesma forma para todos os territórios.
Isso acontece para evitar a má recepção ou até a proibição completa de produções que possuem narrativas mais progressistas do que alguns governos de países permitem, seja por lei ou por ideias controversas de moralidade.
A vítima de censura e alteração da história da vez é K'Sante, o mais novo campeão do MOBA da Riot Games. Desde antes de seu lançamento oficial, a desenvolvedora utilizou o rapper Lil Nas X, que fala abertamente sobre sua sexualidade, para ser o rosto da nova etapa de League of Legends.
No entanto, mesmo com o gigante marketing combinando Lil Nas X e a chegada do novo campeão da rota do topo, a desenvolvedora não está muito interessada em entrar em conflito com países que criminalizam relacionamentos compostos por pessoas LGBTQIA+.
Sendo assim, alguns amantes do jogo do outro lado do globo não sabem que K'Sante estava com um amante antes de chegar em Summoner's Rift, mas sim que dividia a aventura com um simples parceiro de lutas.
Riot fala sobre censurar K'Sante
Jeremy Lee, CEO de League of Legends, também conhecido como seu nickname Riot Brightmoon, disse em entrevista para a Sky News: "Quero que todos os jogadores encontrem um campeão com o qual possam se relacionar".
Com a fala, Lee quis reforçar a intenção da desenvolvedora com que o o jogo seja aceito por todos os tipos de pessoas - mas parece ignorar que parte do marketing do produto principal da empresa gira em torno de manifestações LGBTQIA+.
Hanna Woo, RP Global de League of Legends, elaborou as explicações. Embora o jogo sofra alterações para permanecer publicado em todos os países do mundo onde já está disponível e se adapta à legislação local, o videogame é um fenômeno global.
"Nudanças têm sido feitas, mas a identidade dos personagens está lá para você ver", disse Woo.
Essa justificativa, porém, não convenceu grande parte dos jogadores. No entanto, as alternativas não são muito melhores.
A melhor alternativa para League of Legends
Na Rússia – um dos países que censurou a história de K'Sante – predominam as redes sociais próprias do território. No entanto, eles também usam Reddit ou Twitter, de forma que os usuários possuem acesso aos assuntos que acontecem em outros lugares.
É melhor não divulgar o conteúdo ou deixar que os membros da comunidade do país descubram a história por si só? O mundo globalizado pode ter muitas coisas ruins, mas também impede que se coloquem portas na informação.
No Weibo, uma plataforma semelhante ao Twitter usada na China, não levou mais do que alguns minutos para a comunidade descobrir a história de Diana e Leona, mesmo quando o governo tentava censurar o relacionamento romântico das campeãs.
A sexualidade de K'Sante logo se tornou pública na Rússia, um país que tem leis contra o que eles chamam de "propaganda homossexual".
A decisão de permanecer com um League of Legends um pouco alterado para conquistar espaço e retorno financeiro em mais territórios foi bastante criticada pela comunidade, mas parece que a Riot Games prefere se conformar com tais legislações do que perder uma parcela significativa de seus jogadores.