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"Trazer o Major para cá era um sonho antigo", diz Carlos Buarque, diretor de marketing da Intel

"Trazer o Major para cá era um sonho antigo", diz Carlos Buarque, diretor de marketing da Intel
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Em entrevista ao MGG Brasil, executivo destacou engajamento e paixão da torcida brasileira em transmissões como fatores determinantes para a realização do IEM Rio Major 2022

'Trazer o Major para cá era um sonho antigo', diz Carlos Buarque, diretor de marketing da Intel

*Com colaboração de Beatriz Coutinho

A realização do IEM Rio Major 2022, primeiro mundial de Counter-Strike: Global Offensive da história realizado no Brasil, é um momento histórico para o país. Com três títulos mundiais no FPS da Valve, um deles no CS 1.6 (ESWC 2006) e dois deles na era CS:GO (MLG Columbus 2016 e ESL One Cologne 2016), o cenário brasileiro é reconhecidamente um dos mais fortes e tradicionais do mundo, mas até este ano nunca havia recebido o maior evento do CS:GO mundial, embora este já fosse um desejo antigo da ESL, organizadora do Major do Rio, e da Intel, patrocinadora principal do evento.

Em entrevista exclusiva ao MGG Brasil, o diretor de marketing da Intel no Brasil, Carlos Buarque, enfatizou que a pandemia de Covid-19 adiou em mais de 2 anos a realização de um Major no Brasil. Originalmente, o Rio de Janeiro sediaria a ESL One Rio Major 2020, entre 11 e 24 de maio daquele ano, mas o avanço do coronavírus adiou os planos dos promotores do evento. Nesse período, a foram realizados dois Majors na Europa, o PGL Major Estocolmo, entre outubro e novembro de 2021, e o PGL Major Antuérpia, em maio deste ano.

"A paixão do público brasileiro pelos eSports sempre nos chamou a atenção. A Intel é uma patrocinadora global do Intel Extreme Masters desde 2007, e sempre deixamos claro o quanto era importante para nós aqui no Brasil ter um evento do porte de um Major. Era um sonho antigo trazer o Major para cá. O público daqui sempre foi muito engajado. Teve uma IEM em Sydney que o fuso horário era horrível para os brasileiros, e mesmo assim vimos que éramos o terceiro país com maior audiência", destaca Buarque.

"Trouxemos a ESL One Belo Horizonte na mesma época da Copa do Mundo de 2018, mas o nosso sonho sempre foi o Major, e nas conversas que tivemos com a ESL e o time global da Intel, percebemos que também era uma vontade deles. A demanda por ingressos no IEM Rio foi tão grande que a ESL precisou repensar toda a estrutura do evento e montar um Major com público durante em todos os 12 dias de jogos, com o Challengers e o Legends Stage no Riocentro e o Champions Stage, única etapa que costuma ter público, na Jeunesse Arena. Além disso, teremos a fan fest do Gaules do lado de fora da arena durante os playoffs. É um evento que já entrou para a história não só do CS:GO, mas dos eSports como um todo."

Histórico de eventos e paixão do público brasileiro

Embora o Brasil não seja um destino regular dos principais eventos do mundo no CS:GO, o Brasil recebeu três eventos de grande porte antes da IEM Rio. O primeiro deles foi a ESL Pro League Season 4, realizada no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, em outubro de 2016. Na ocasião, o Brasil vinha de dois títulos de Major consecutivos com a lendária lineup formada por Fallen, Fer, Coldzera, TACO e Fnx, e foi representado no torneio por SK Gaming, liderada por Fallen e companhia, e Immortals, de LUCAS1, HEN1, Boltz, Felps e Zews.

Em setembro de 2018, Minas Gerais foi sede da ESL One Belo Horizonte, torneio internacional em que o Brasil foi representado por duas equipes: SK Gaming, de Fallen, Fer, Coldzera, Boltz e Stewie2K, e Não tem Como, de Fnx, Felps, kNg, Chelo e Bit. Em março de 2019, foi a vez de o Ginásio do Ibirapuera receber a BLAST Pro Series São Paulo, que contou com participação do MIBR, à época formado por Fallen, Fer, Coldzera, TACO e Felps. Ainda assim, a realização de um Major era um sonho de longa data e que só foi realizado em 2022.

Carlos Buarque enfatiza que a paixão e engajamento do público brasileiro nos campeonatos do CS:GO são duas das características que mais impressionam os estrangeiros, de jogadores a organizadores de evento. Durante o Challengers e Legends Stage, o clima de estádio de futebol criado pela torcida do Brasil tem sido amplamente elogiada por pro players de várias equipes e equipe internacional de transmissão.

"O paixão e o calor do brasileiro são grandes diferenciais nossos, e não só no CS:GO. Vemos essa paixão também no CBLOL, por exemplo. A torcida tem essa característica de gritar e apoiar o tempo todo, brincar com sacadas bem-humoradas e criativas, pedir autógrafo para todo mundo. É diferente da torcida lá de fora, que é um pouco mais contida do que a nossa. Essa paixão do brasileiro é sempre a primeira coisa que me vem à cabeça, e nas nossas pesquisas vemos cada vez mais vemos garotos que querem ser ídolos dos Esports, e não no futebol", frisa.

A ideia por trás da fan fest

A enorme demanda por ingressos, que inclusive fez muitos torcedores não conseguirem bilhetes para o Champions Stage, realizado na Jeunesse Arena, foi um dos principais motivos por trás da ideia da criação de uma fan fest do lado de fora do palco dos playoffs do Major. Atração típica de grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo e a Olimpíada, a fan fest do IEM Rio Major acabou se tornando outro diferencial em relação a todos os Mundiais de CS:GO realizados até hoje na Europa e nos Estados Unidos.

"Os ingressos do Major esgotaram muito rápido, até porque muitas pessoas mantiveram os ingressos da ESL One Rio de 2022, que acabou cancelada por causa da pandemia. Mesmo após abrirmos novas vendas, a procura foi muito grande e os ingressos rapidamente acabaram. A enorme comoção do público fez a ESL repensar toda a estrutura do evento. A partir daí surgiram as ideias de fazer as primeiras fases do evento com público no Riocentro e de montar a fan fest do lado de fora da Jeunesse Arena. Os brasileiros fizeram até abaixo-assinado online e se mobilizaram muito para que houvesse mais ingressos, e toda essa movimentação fez a ESL montar um evento muito maior do que o originalmente planejado, porque havia demanda para isso", frisou

IEM Rio Major foi o primeiro Mundial de CS:GO da história com público nos 12 dias de evento - Counter-Strike: Global Offensive
IEM Rio Major foi o primeiro Mundial de CS:GO da história com público nos 12 dias de evento

Desafios para a realização do evento

Para realizar o Major do Rio, Carlos Buarque enfatiza que alguns desafios relacionados à infraestrutura antecederam a elaboração de um novo formato de Major. Ele ressalta que, com o objetivo de oferecer uma melhor experiência para o público, jogadores e staff do evento, foi mantida a opção de realizar o Major na Jeunesse Arena, uma vez que estádios de futebol gerariam uma série de desafios logísticos extras na viabilização do evento.

"Qualquer grande evento no Brasil tem alguns desafios relacionados à infraestrutura comparados a alguns outros países, mas em relação a outros nós estamos muito melhor. Ainda assim, não temos um número tão grande de opções de arenas para realizar um evento como um Major, e a ESL, por padrão, prefere realizar eventos de eSports em arenas fechadas. Nós poderíamos fazer o evento em um estádio de futebol aberto, mas não seria a mesma experiência, e a ESL tem uma preocupação muito grande nessa parte", salienta.

"Dentro das arenas, talvez nenhuma delas seja grande o bastante para comportar todo o público brasileiro, e por isso foram feitas mudanças no layout do palco para recber mais público. Esse é um Major muito diferente para a ESL, justamente por todas as coisas que a empresa precisou acrescentar para atender uma parcela maior dos fãs, com o Challengers e o Legends com público no Riocentro e um palco central na Jeunesse Arena, para aproveitar ao máximo a capacidade do espaço. Queríamos muito um evento com as arenas lotada, e temos conseguido isso"

IEM Rio Major está sendo marcado pelo apoio constante da torcida brasileira aos times locais - Counter-Strike: Global Offensive
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Brasil como um destino permanente para grandes eventos?

Com o grande sucesso do IEM Rio Major, fãs já têm se movimentado nas redes sociais para que o Brasil se torne um destino fixo para grandes eventos do CS:GO mundial, assim como países como a Polônia, que recebe anualmente a IEM Katowice, Alemanha, com a IEM Cologne.

No calendário da ESL Pro Tour 2023, porém, ainda não há nenhum grande evento confirmado no país, embora existam dois campeonatos do tier 1 mundial ainda sem sede definida: a IEM Spring, disputada de 17 a 23 de abril do ano que vem, e a IEM Fall, de 16 a 22 de novembro. Entre os eventos do tier 2 global, o único evento da ESL ainda sem sede definida é a ESL Challenger 52, que ocorrerá de 28 a 30 de abril. Carlos Buarque, porém, ainda não sabe se algum desses eventos será sediado no Brasil, embora tenha esperança de que o país será um destino frequentes de grandes eventos após o sucesso do IEM Rio Major.

"Nós esperamos que sim (que o Brasil receba mais eventos regularmente). Eu ainda não tenha uma confirmação do calendário do ano que vem, mas podem ter certeza de que nós estamos brigando para termos mais campeonatos de grande porte aqui no Brasil. Não sei se pode ser um outro Major, ou algum outro evento top, mas estamos trabalhando para o nosso país ser um destino frequente dos principais torneios do mundo", enfatiza o executivo.

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Sonho realizado

Num balanço pessoal sobre o impacto do IEM Rio Major para os esportes eletrônicos no Brasil, Carlos Buarque enfatiza que sempre quis acompanhar a IEM Katowice, considerado um dos eventos mais nobres e prestigiados do CS:GO Mundial, sendo inclusive sede de Majors em 2014, 2015 e 2019. Por motivos diversos, porém, executivo nunca pôde acompanhar o evento in loco o evento em uma das catedrais do CS:GO mundial. O Major do Rio, porém, representa para ele um momento ainda mais especial, e Buarque torce para que outros momentos históricos do eSport mundial aconteçam no Brasil nos próximos anos.

"Eu sempre quis assistir à IEM Katowice, mas nunca consegui ir, pois sempre acabava indo alguma outra pessoa do meu time representando o time da Intel no Brasil, ou algum influenciador com nosso apoio, mas eu mesmo nunca tive a chance de ir. Agora é diferente, pois eu finalmente tenho essa oportunidade, e ela veio justamente em um Major no Brasil, no maior evento do CS:GO mundial", comenta

"Eu estou acostumado a organizar eventos da Intel, este ano mesmo participamos da BGS depois de 3 anos sem evento por causa da pandemia, e agora fechamos o ano com chave de outro com a Intel Extreme Masters Rio. Acho que a ESL fez um trabalho muito bom de transmitir a emoção do que é realizar um Major no Brasil e fechou parceria com o Gaules, que é uma referência muito forte no CS brasileiro. O que procuramos fazer aqui foi tirar o máximo de proveito desse momento histórico para o Brasil e mostrar o que é o eSport para a comunidade brasileira. Estamos vivenciando um momento histórico, e esperamos viver muitos outros nos próximos anos."

Foto de abertura: Joel Silva

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Gabriel SALES
Gabriel Sales

Jornalista apaixonado por games desde o jardim de infância e fã de quase todo tipo de RPG, especialmente os da série Chrono. Nos esports, shooters e jogos de luta são minhas maiores paixões, mas abraço qualquer jogo com uma cena competitiva pulsante.

Co-written with : Bia

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