Stray, o game mais esperado do ano no Steam, chegou de graça na PS Plus Extra e Deluxe, trazendo as aventuras de um gato em um mundo bastante diferente. A campanha curta, os personagens cativantes e a fofura do gato em cada situação transformam o game em uma obra bastante diferenciada. Talvez não revolucionária ou mesmo inovadora, mas bastante fora do usual do que andamos vendo nos jogos.
Antes de conferir a análise é preciso saber que eu sou uma amante de realidades cyberpunk, consumindo livros como a trilogia de Neuromancer, e animes com o tema (Akira, Ghost in the Shell e outros). Além de, claro, o RPG FPS que todos nós conhecemos. Além disso, sou uma amante de gatos desde que era criança e nunca passei um longo período da minha vida sem ter ao menos um felino para me acompanhar. Por conta disso, sou um pouco suspeita e posso ser um pouco mais exagerada nos elogios, mas nada que atrapalhe a análise. Depois do review geral, entrarei um pouco mais detalhadamente em cada ponto - e fica o aviso, o texto abaixo contém spoilers!
Review geral de Stray
A campanha é curta, mas é justamente isso que faz com que você não enjoe do jogo, pois como não temos um sistema de leveling, poucas coisas para craftar, poucas habilidades em combate (aliás poucos confrontos), isso acaba tornando o jogo muito ermo, no qual saltamos e corremos muito e em algumas horas isso pode acabar dando a sensação de tédio. Apesar disso, o ritmo do game é bom, ele muito bem entre os momentos de ação e de calmaria, dando espaço para os jogadores respirarem.
Os gráficos estão impecáveis... mas apenas no PS5. No PS4 (incluindo o Pro) eles estão lindos, mas o console de última geração apresenta gráficos bastante superiores. Posso emendar aqui e dizer que a trilha sonora também é encantadora... embora gostaria que o miado do gato fosse mais alto e intenso para deixar minha gata louca (como eu fiz no começo do game, quando a família está reunida e responde aos miados).
A história é um ponto forte e o background é bastante rico, sem nunca atrapalhar o fato de que o nosso gatinho só quer voltar para sua família. Conhecer a realidade daqueles robôs, interagir com as diferentes personalidades, notar como demonstram emoções mesmo não sendo orgânicos, torna o jogo bastante interessante.
A campanha do jogo
Você joga na pele de um gato de rua vivendo tranquilamente com sua família, até cair em um salto malsucedido, indo parar nos esgotos e adentrando uma cidade bastante estranha. Logo de cara vemos uma cena com um gato ferido que nos toca muito (algumas pessoas pararam de jogar nessa parte).
Ao chegar na cidade logo percebemos que ela é habitada por robôs que agem como humanos. Já ia me esquecendo dos seres redondinhos que nos atacam sem motivo algum, mas tudo faz sentido depois.
Zurks são bactérias que se desenvolveram e cresceram, acabando com a espécie humana. Os robôs foram os únicos que sobraram, embora exista a teoria de que os humanos conseguiram transferir sua consciência para os robôs e viveram tanto tempo assim que esqueceram que eram humanos. O B-12, robô que nos acompanha, dá alguns indícios disso.
Alguns robôs vivem nas favelas, presos em uma espécie de domo que os privam da luz do Sol, fazendo com que fiquem à mercê dos zurks, vivendo em condições precárias... bastante relacionados à comportamentos humanos. Na busca da superfície também temos que lidar com robôs nada amigáveis, com comportamentos bastante cruéis.
Fica difícil dizer se os robôs são realmente robôs ou se são humanos que deram um jeito de dar um próximo passo na evolução, mas fica evidente que certos comportamentos permaneceram, como o desejo de dominar e o descaso. Vemos isso quando andamos nas favelas, com robôs vivendo situações difíceis e sem a esperança de sair daquele local.
A (suposta) morte de B-12 e seus diálogos podem dar a entender que ele já foi humano algum dia... mas isso é interpretativo, pois existe um um robô na biblioteca das favelas que morreu (ou transferiu sua consciência para outro corpo) que estava lendo um livro "Como desenvolver sua criatividade para ser como um humano real". O que indica que os robôs também passavam por uma crise de identidade e existência querendo ser "reais".
Temos realmente mais ação quando chegamos mais próximos do final do jogo, mas não espere ter muitos equipamentos nem nada do tipo, pois suas habilidades de gato, como miar, arranhar e saltar, vão dar conta do recado.
A arte de Stray
Podemos ver uma cidade cyberpunk logo no começo do jogo, nas favelas, com neons para todo o lado, tecnologias, bares e tudo mais. Conforme o jogo passa, entramos em paisagens diferentes, mas que não deixam de ser incríveis.
A arte ficou bem-feita de modo geral, com boas expressões felinas, cenários completos e interessantes de se explorar, robôs carismáticos que agem como humanos em várias situações. Edifícios altíssimos com vistas grandiosas, obstáculos que gatos de verdade amariam saltar sobre e muito mais.
A jogabilidade com o felino
O bichano dá conta do recado com seus saltos, arranhando fios elétricos, derrubando caixas com itens importantes, miando e... tirando sonecas. B-12 contará com uma lanterna UV que matará zurks a partir de um certo ponto do jogo, mas não espere muita dinâmica, pois a maior parte do jogo é correr, saltar e explorar.
Em dado momento terá que lidar com câmeras e robôs hostis, mas o processo não muda. É correr e se esconder. Saltar, miar e arranhar. Acessar alguns computadores, resolver alguns puzzles e... basicamente é isso. Os cenários mudam, mas a ideia é a mesma.
Stray impressiona?
Stray impressiona, encanta, cativa, mas ao terminá-lo você percebe que não é nada revolucionário no mundo dos games. É provável que depois dele, outros jogos no mesmo molde sejam feitos, com protagonistas diferenciados como cães, gatos ou ratos, nada que já não exista, pois existem bastante jogos com protagonistas animais, geralmente derivados de animações.
Ainda assim, ele consegue ser fofo 90% do tempo, com ótimas piadas, um background incrível, interações que farão seu coração aquecer, momentos de tirar o fôlego e um gostinho de quero mais.