The Witcher 3: Wild Hunt é, merecidamente, um dos games mais premiados de todos os tempos e não por acaso um dos RPGs de ação mais cultuados e influentes já lançados. Seja pela excelente história, visuais impressionantes, especialmente para um jogo lançado originalmente em 2015, ou pela belíssima direção de arte e design de cenários, o RPG de ação alçou a CD Projekt Red ao estrelato, mas ainda carecia de uma versão que soubesse explorar melhor a capacidade dos consoles de nova geração (Xbox Series X|S e PlayStation 5) e incorporasse melhorias também nas versões de PC.
Esse problema finalmente foi resolvido pela CD Projekt, que após passar por uma gravíssima crise de imagem devido ao péssimo estado de Cyberpunk 2077 em seu lançamento, parece estar voltando aos eixos. A atualização de nova geração, gratuita para quem já possui uma cópia do jogo no PC ou em consoles de mesmo fabricante (PlayStation ou Xbox), não chega a ser revolucionária em nenhum aspecto, mas traz uma série de melhorias muitíssimo bem-vindas, que tornam esta a edição definitiva de The Witcher 3.
Nesta análise, feita em um Xbox Series S, o MGG Brasil disseca as mudanças mais impactantes para o usuário, como a aguardada chegada da taxa de 60 FPS para os consoles, as várias melhorias visuais que chegam ao jogo, modo fotográfico e uma nova perspectiva de câmera, que aumenta a imersão em regiões como Velen, Novigrad, Ilhas Skellige e Toussaint (da expansão Blood and Wine)
Taxa de 60 FPS finalmente chega aos consoles
Uma das principais limitações de The Witcher 3 no PlayStation 4 e no Xbox One, e também durante esses dois primeiros anos do jogo no PlayStation 5 e Xbox Series, era a taxa de 30 quadros por segundo. Embora não oferecesse uma experiência necessariamente ruim aos jogadores, qualquer comparação com a versão do RPG de ação para computadores deixava claro que as edições para consoles eram inferiores tecnicamente.
Embora alguns jogadores conseguissem fazer a versão 1.0 e em disco físico do jogo rodar a 60 FPS nos consoles de nova geração, esta não era, por padrão, a opção disponível para o usuário, e por isso a melhoria na taxa de quadros se fazia tão necessária.
Mesmo na versão de Xbox Series S, um console menos potente que o Series X e o PS5, The Witcher 3 roda a 60 FPS com enorme estabilidade. As quedas nas taxas de quadros foram poucas e, mesmo quando ocorriam, bastante sutis, não prejudicando a experiência de modo geral. Para ter acesso a uma melhor taxa de quadros, mesmo nos consoles mais potentes da nova geração, o jogador deve selecionar o modo desempenho, o que fará o jogo ter uma pequena perda de qualidade gráfica na comparação direta com o modo qualidads, que oferece os melhores visuais possíveis para cada console.
Especialmente nos momentos de lutas contra chefes ou hordas de inimigos, corridas de cavalo ou simplesmente de deslocamento pelos cenários em alta velocidade com a égua Carpeado, o modo desempenho se mostrou a melhor opção em termos de fluidez na gameplay, especialmente levando em conta que a perda de qualidade gráfica, embora perceptível, em nenhum aspecto deixa os visuais de The Witcher 3 feios.
Esse, inclusive, é um dos grandes méritos da direção de arte do jogo, que mesmo em sua versão original - também testada alguns dias antes de recebermos a chave de acesso à versão de nova geração para comparar o antes e depois The Witcher 3 - já era um dos pontos fortes do RPG da CD Projekt.
De todas as mudanças que chegam com a atualização de nova geração, a mais impactante nos consoles é, sem dúvidas, o modo desempenho a 60 FPS, que finalmente traz para os consoles um recurso fundamental e ao qual os jogadores de PC sempre tiveram acesso. Além disso, mesmo o modo desempenho traz várias melhorias gráficas notáveis na comparação com a versão anterior de The Witcher 3.
Modo qualidade traz melhores gráficos e efeitos de luz, mas torna gameplay menos fluida
Se o modo desempenho com 60 FPS é a mudança mais impactante para The Witcher 3 em termos de impacto na gameplay, trazendo mais fluidez ao combate e exploração, o modo qualidade oferece os melhores gráficos que o RPG de ação da CD Projekt Red já teve. Com texturas ainda mais detalhadas, esse modo é perfeito para quem deseja explorar ao máximo o também recém-incluído modo fotografia e capturar imagens impressionantes durante a gameplay.
Nas versões para PlayStation 5 e Xbox Series X, o modo fidelidade ainda traz a inclusão do ray tracing, que aprimora os efeitos de luz e sombra do jogo. PCs com placas de vídeo compatíveis com a tecnologia também terão acesso à funcionalidade do traçado de raios, que ficou de fora do Xbox Series S.
Dito isso, o modo qualidade funciona principalmente em momentos mais calmos da campanha, como quando Geralt caminha livremente e sem inimigos por perto. Em momentos de combate contra um boss de missão principal ou contrato de bruxo, hordas de monstros ou um grande grupo de NPCs na tela, a fluidez oferecida pelo modo desempenho se mostrou uma opção muito melhor.
Ainda assim, jogar no modo qualidade não é uma experiência ruim, pois a estabilidade dos 30 FPS garante que jogadores não sofram com problemas como queda na taxa de quadros. Um parêntese que merece destaque é o fato de a CD Projekt ter retrabalhado as texturas de toda a vegetação do jogo, e numa comparação direta com a versão pré-atualização as melhorias são bastante notáveis, tanto no modo qualidade quanto no modo desempenho. As mudanças de clima mais dinâmicas são outro ponto alto da versão de nova geração, ainda que não afete tanto a gameplay.
Câmeras próximas aumentam imersão e oferecem maior desafio em lutas
Outra novidade que chega com a nova versão é a inclusão de uma câmera mais próxima de Geralt no combate, deslocamento por cenários a cavalo e exploração a pé. Nos modos exploração e passeios a cavalo, a câmera mais fechada aumenta a imersão pelos cenários, embora obviamente ofereça um campo de visão mais estreito.
No caso dos combates, porém, as ressalvas às câmeras fechadas são um pouco maiores. Ao mesmo tempo que aumentam a atmosfera de tensão, essas lutas com perspectiva mais próxima podem ser bem mais desafiadoras devido justamente ao campo de visão mais limitado.
Inimigos com boa mobilidade e capazes de voar, como Grifos e Cocatrizes, ou com capacidade de desaparecer e reaparecer em cenários, como Aparições e Nevolosos, se tornam mais difíceis de enfrentar do que nos combates com câmera afastada, justamente pelo fato de o campo de visão de Geralt ser mais restrito.
Contudo, como há jogadores que consideram The Witcher 3 um jogo fácil até mesmo no nível Marcha da Morte - uma percepção da qual discordo -, a opção de câmera mais próxima pode oferecer o desafio extra que eles tanto procuram.
Um ponto positivo é o fato de as três câmeras (exploração, combate e cavalo) poderem ser escolhidas separadamente, o que permite ao jogagor utilizar a câmera mais afastada somente em lutas contra inimigos, por exemplo. Qualquer que seja escolha, porém, o deleite visual de The Witcher 3 prevalece.
Uso mais dinâmico dos Sinais de Bruxo (Igni, Aard, Axii, Yrden e Quen)
Um dos pontos que mais travavam o combate de The Witcher 3 era o uso dos cinco sinais de bruxo: Igni, Aard, Axii, Yrden e Quen. Durante uma lut contra um grande número de inimigos ou um monstro muito poderoso, por exemplo, é comum que o jogador comece uma luta utilizando o escudo Quen e somente depois use sinais vantajosos em combate contra tipos específicos de oponentes.
Afogadores, por exemplo, são vulneráveis ao Igni, enquanto Aparições sofrem bem mais dano quando estão dentro da área de alcance do Yrden, mas caso o jogador precisasse fazer uma troca de sinais por exemplo, precisava "pausar" a luta para selecionar a opção desejada.
Agora, porém, os jogadores têm a chance de alternar rapidamente entre os sinais durante o próprio combate, que ganhou muito em dinamismo com a recente adição. Ainda que o método convencional do menu de pausa ainda seja eficaz e talvez até continue sendo o preferido de uma parcela dos jogadores, a chance de alternar rapidamente entre os sinais é uma novidade muito bem-vinda.
Nova missão, novas armaduras, carregamentos mais rápidos e fim da "canela de vidro" de Geralt
Além das várias melhorias feitas na versão de de The Witcher 3 que afetam diretamente a gameplay, os jogadores ainda terão acesso a uma nova missão de história que, embora evitemos entrar em detalhes para não dar spoilerd, é surpreendentemente longa e traz como recompensa final a armadura e espadas utilizadas por Geralt na série da Netflix.
Como de costume na franquia, a CD Projekt preparou uma missão secundária com uma ótima trama e que muito provavelmente vai agradar em cheio a maioria dos jogadores que já conhecem a série e gastaram dezenas de horas em missões secundárias e se apegaram a personagens com pouco ou nenhum impacto na trama principal.
Mais uma vez, caberá ao jogador tomar decisões difíceis que afetarão diretamente o desfecho da trama. A melhor novidade, neste caso, é o fato de o conteúdo adicional também chegar para os consoles de antiga geração. Além disso, outros dois sets completos de armaduras e espadas (Mil Flores e Tigre Branco do Oeste) chegam ao jogo sem custo e adicional e serão extremamente úteis no começo da campanha. De quebra, essas armaduras e espadas estão entre as mais belas de todo o jogo.
Em temos de desempenho, os tempos de carregamento da nova versão de The Witcher nos consoles agora estão muito menores do que antes.
Outra mudança menor, porém impactante, é o fim da "síndrome de canela de vidro" de Geralt. Antes, o bruxo morria ou sofria enorme dano quando caía até mesmo de pequenas alturas, mas felizmente a CD Projekt resolveu um dos problemas mais incômodos da versões do jogo com a mais recente atualização. Além disso, uma série de mods feitos pela comunidade e que melhoravam o jogo foram finalmente incorporados de forma oficial.
A edição definitiva de um jogo excelente
Em linhas gerais, a versão de nova geração de The Witcher 3 é a edição definitiva de um dos melhores e, merecidamente, mais premiados jogos de todos os tempos. Todas as mudanças implementadas melhoram o RPG de ação ouoferece alternativas e novas abordagens de gameplay, como no caso das câmeras mais próximas.
Além disso, a inclusão de uma nova missão e novas armaduras estendem, em pequena escala, a duração de um jogo já repleto de excelentes conteúdos, mantém o nível de capricho e riqueza de detalhes que fizeram de The Witcher 3: Wild Hunt um grande sucesso e oferece uma experiência aprimorada em todos os aspectos, especialmente nos consoles, que não contavam com várias das funcionalidades já presentes no PC há anos.
Por se tratar de uma atualização gratuita para quem já tem uma cópia do jogo, a versão de nova geração de The Witcher 3 é obrigatória para quem já é fã da franquia e a melhor porta de entrada possível para quem nunca jogou um dos games de maior sucesso de todos os tempos.